Capítulo 14

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Não demora muito e chegamos em nosso prédio, Miguel me ajuda a descer e faz o mesmo logo em seguida.
Fico grata por ele ter guiado a moto com tanto cuidado, não acelerou demais e fez todo o trajeto em segurança.

Olho para ele assim que ele tira seu capacete, ele parece chateado e não me olha nos olhos.

- Estou viva! - digo forçando entusiasmo. O clima está pesado e desejo sorrir um pouco para esquecer o que aconteceu. Mas não consigo.
-Eu estou viva!

Repito mais para mim mesma, tentando forçar meu cérebro a acreditar que tudo está bem agora. A imagem daqueles caras assustadores que destruíram minha noite volta com tudo em minha cabeça e solto um  suspito triste. As lágrimas que segurei por tanto tempo finalmente  começaram a tomar conta de toda a  minha visão e caem livremente sobre minhas bochechas.

Só então percebo que Miguel estava me encarando e quando nota meu choro vem até mim.

- Você está bem? - diz ele.

Eu não conseguia responder, as lágrimas não paravam de cair em meu choro silêncioso e ele se aproxima de mim.

- Vou tirar isso de você. - ele toca no capacete que ainda está em minha cabeça e sorrio. Fiz que sim com a cabeça e ele começou a destravar o mesmo, me livrando devagar. Assim que ele tirou tudo o abracei.

Não pensei.

Apenas o abracei.

Queria o agradecer por ter me ajudado através desse abraço. Ele me retribui meu gesto e me abraça forte como se pudesse afastar os pensamentos ruins da minha cabeça, sinto uma sensação horrível de mal-estar.

Meus lábios secam e meu estômago se contorce. O gosto ruim na boca só pode significar uma coisa...

Empurro Miguel com toda força que tenho, o que não adianta muito pois ele dá poucos passos para trás. Sem muito o que fazer abaixo a cabeça e libero toda a bile que subiu por minha garganta. Percebo um pouco tarde que as pernas de Miguel recebem a maior parte da minha sujeira e fecho os olhos.

Não posso acreditar.

Acabo de vomitar em meu vizinho...

Quando penso qu Miguel ir correr praguejando ele vem em minha direção e segura meus cabelos para impedir que fiquem cheios de vômito como suas calças e sapatos.

Quando finalmente termino passo a mão em meus lábios e sinto todo o rubor se espalhar da minha face até a ponta do meu dedo do pé.

-me desculpe. - digo ainda de cabeça baixa. Ouço seu sorriso o que só serve para me deixar ainda mais envergonhada.

- é só um pouco de vômito. Nada demais. - sinto sua mão em minhas costas e o arrepio, agora famíliar que acontece sempre que estou com ele, me faz erguer o corpo e levantar os olhos.

Ele toca minha bochecha e faço uma careta. Como ele pode está tocando em meu rosto após a trágica cena que presenciou?

- vamos subir. - ele pega minha mão me guiando para dentro do prédio.

Subimos todos os lances de escada em silêncio e Miguel não solta minha mão  até estarmos parados em frente à porta de meu apartamento. Pego a chave em minha bolsa e abro entrando seguida por Miguel. Ele vai até minha geladeira e abre pegando uma garrafa de água. Fecho a porta o observando. Ele pega um copo de vidro e o enche com o líquido transparente.

Ele caminha até mim e puxa uma cadeira indicando com a cabeça para que eu me sente. Faço isso. Ele me entrega o copo de água e agradeço bebendo todo o conteúdo do copo.

- Você está sujo.

Ele se senta na cadeira em  minha frente sorrindo. Um lindo sorriso.

- Uma doida vomitou em mim a pouco  tempo...- reviro os olhos sorrindo enquanto ele me observa.

- Que tragédia... - digo fazendo uma voz sofisticada. Ele sorrir e volto a beber minha água.

- Nem tanto... ela tem um sorriso incrívelmente lindo, até que valeu a pena. - ele dá de ombros ainda olhando para mim com um sorriso nos lábios. Já eu fico sem reação diante de seu elogio e suas belas íris azuis.

Sinto meu rosto quente e desvio meu olhar dos seus hipnotizantes olhos azuis. Ele mexe comigo de uma forma diferente, é forte, é intenso, é quente.

- Quer que eu ligue para alguém? Não posso deixar você passar a noite sozinha. - ele diz me trazendo de volta a realidade. Penso sobre. Talvez seja melhor realmente não passar essa noite sozinha. Concordo com ele que pega meu celular de minhas mãos.

- eu acho que consigo fazer isso sozinha.

Ele sorri. - Quero fazer isso por você.

Ele vira a interface para mim e vou até o contato de Megan discando para chama-la. Ele se levanta com meu celular na orelha e caminha de um lado para o outro. Me levanto indo ao banheiro para lavar meu rosto e tirar o gosto ruim da boca. Respiro fundo observando minha imagem no espelho. Meus olhos e nariz estão vermelhos devido ao choro, meus cabelos estão uma bagunça rebelde como sempre, passo o dedo por toda sua extensão na tentativa de melhorar um pouco as coisas. Jogo mais água gelada em meu rosto e me concentro em secar minhas mãos e face em uma toalha pequena e volto para a sala onde Miguel estava sentado me esperando.

Quando voltei estava mais calma e lembrei de ser educada.

- Você... aceita alguma coisa? Hãm, tenho suco, e biscoitos, posso fazer um café.

- Não obrigada, fica sentada aqui, sua amiga disse que chega em 10 minutos. - ele me olha com um lindo sorriso nos lábios e me sento na cadeira a sua frente.

- Tá bom.

- Você esta melhor? - ele pergunta olhando diretamente em meus olhos. Arrepio.

- Sim. Estou sim...

- fico muito feliz.. mas você ainda não me disse seu nome. - ele cruza os braços relaxando sobre a cadeira e um sorriso surge em seus lábios.

Nesses lindos lábios.

Observo Miguel nesse momento. Ele é realmente lindo. Não só pelo rosto bem afeiçoado e os olhos azuis que me deixam doida, mas por sua atitude. Ele não tinha obrigação nenhuma de cuidar de mim. Ele me protegeu, me trouxe em casa e se recusa a sair do meu lado até que eu esteja segura.

Sorrio para ele.

- Obrigada. - digo.

- Seu nome é obrigada?- ele pergunta me fazendo rir.

- Não... eu disse Obrigada por ter aparecido lá... digo... na hora certa, obrigada por... - sinto as lágrimas em meus olhos novamente, mas forço um sorriso. Miguel toca minha mão levemente e sorrir para mim.

- Não precisa me agradecer!

Nesse instante uma Megan desesperada entra empurrando a porta com força me fazendo saltar com o susto. Ela corre ao meu encontro  ignorando Miguel completamente.

Olho para Miguel por sobre o ombro de Megs e sinto uma sensação estranha e ele parece sentir também, mas apenas acena com a cabeça e se levanta para sair parando logo em seguida. Ele vem até mim me estendendo o celular e quando pego me lança um sorriso saindo.

Olho para a tela e vejo uma foto de Miguel na tela e abaixo seu nome e número salvos.

Sorrio.












Meu DesRomance •Livro 1• (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora