Começamos a caminhar até a casa e Miguel coloca sua mão livre sobre a minha. Não sei por que mas acho que ele não me convidou só por eu ser "diferente" tem algo a mais aí!
Algo dentro de mim tenta me convencer de que ele pode sentir algo além de amizade por mim.
Nós andamos de mãos dadas e em silêncio até entrar na casa, digo na super mansão! Passamos por tanta gente que nem consigo contar. Foram primos, primas, amigos dos primos e primas, tios tias, amigos da família e Miguel me apresentou a todos. Mas eu não consegui gravar o nome de ninguém. Eram muitas pessoas.
Ele aproxima os lábios do meu ouvido lentamente e estremeço.
- minha família é bem grande. - ele diz tão baixo e seu corpo está tão perto do meu que sinto- me arrepiar.
-percebi. - respondo tentando fazer graça e acabo arrancando dele uma risada. Ele se afasta lentamente e sinto falta de seu calor imediatamente.
-Eles irão fazer brincadeiras e falar coisas sobre nós... -ele solta minha mão e coça a nuca nervosamente. - só não ligue...
E aí está. Uma hora ele demonstra gostar de mim, outra hora parece querer apenas amizade, então ele sussurra no meu ouvido e depois me diz para não ligar?
Eu vou enlouquecer até domingo se as coisas continuarem assim.
-Família é pra isso. - respondo e ele sorri pegando minha mão novamente. Não consigo prender o suspiro que me escapa os lábios olhando para sua mão envolver a minha.
A casa por dentro é Linda, mas ao contrário do que eu imaginei, era bem... simples de decoração. Nada de detalhes em ouro e esculturas de mulheres romanas nuas e aquele monte de coisas barrocas e tal. Era tudo muito simples, bonito e aconchegante. Realmente de muito bom gosto.
Não guardei todos os detalhes pois as pessoas não paravam de me cumprimentar, e seria mal educado de minha parte ficar olhando pra tudo menos pela cara das pessoas que me cumprimentavam. O mais estranho era Miguel simplesmente não soltar a minha mão.
E lá estava ele novamente parecendo gostar de mim.
Seguimos até onde uma linda mulher de cabelos loiros e olhos azuis de mais ou menos uns 50 anos estava com uma menina de cabelos pretos e olhos também azuis que devia ter uns 13 anos não sei. Elas estavam juntas conversando com uma senhora que deve ter uns 55 anos ou sei lá, Ela tinha cabelos curtos e ruivos e quando nos viu parou de falar com as outras.
- Meu sobrinho querido. -gritou a ruiva. Provavelmente seja a tia do Miguel... oh claro anta! Ela o chamou de sobrinho!
- Migueeeeeeeeeeeeeeeeel. - a menina vem correndo e gritando até chocar-se com tudo nos braços dele.
-Meu amooor. - diz ele a abraçando forte, e pela primeira vez desde que chegamos soltou minha mão.
A menina o abraça por pelo que parece umas eternidade, dá pra ver que não se vêem a muito tempo e que através desse abraço ambos estão tentando recuperar o tempo perdido.
Sorrio os observando. Ele realmente estava com muita saudade da família.
- Que saudades seu cabeça de cavalo. - diz a menina se afastando dele.
- Eu também estava com saudade de você pequena!-diz Miguel rindo. - ou devo dizer grandinha? Uau!!! Você cresceu bastante. - Ele leva a mão direita a cabeça da menina e bagunça seus fios.
A mesma ri tentando parar o ataque de Miguel e revira os olhos de se afastando ainda mais dele.
-É as pessoas crescem alguns meses. - diz a menina cruzando os braços de forma desafiadora, ela estava ressentida. Miguel também parece notar a dureza das palavras quando a mulher loira lhe abraça.
-Meu filho querido. - Diz ela muito emocionada. Com certeza é a mãe dele.
Descido me afastar um pouco para dá mais espaço para a família matar a saudade nesse momento porque obviamente eles não se viam a muito tempo e precisavam desse momento sem uma estranha estragando privacidade deles.
- Eu também estava mãezinha! - ele falou Mãezinha???? Eu quis gargalhar. Mas me segurei. Miguel não parece o tipo que gosta de usar palavras no diminutivo.
-Meu querido! - diz a ruiva o tirando dos braços de sua mãe. - quanto tempo!
- Infelizmente sim, mas estou aqui hoje e vou ficar o final de semana todo com vocês! -ele responde ao se afastar do abraço da ruiva. - Ah a propósito esta é Natasha... Natasha Montenegro!
As 3 mulheres finalmente me notam e sinto meu rosto esquentar com a súbita atenção que recebi das mulheres que estão com os olhares atentos em mim.
Pude notar mais do rosto delas. A menina era Linda, os cabelos pretos contrastavam lindamente com seus olhos azuis e a senhora mãe de Miguel também parecia muito bem embora seu rosto estivesse com algumas rugas que denunciavam sua idade ela tinha um ar leve e gentil, seus olhos tem um brilho bonito e amigável, já a senhora ruiva não me parecia muito amigável assim, embora possa chutar que ela foi linda em sua juventude com belos fios ruivos e olhos verdes.
- Natasha esta é minha mãe Luzia Monteiro, esta é minha irmã Sofia, e está é minha tia Lurdes. - Miguel as apresenta uma por uma e lhes aperto a mão em comprimento.
- Olá, é um prazer conhecer vocês. - digo cumprimentando a todas elas de forma geral.
-O prazer é nosso. -Diz a mãe dele. - seja bem vinda meu amor e sinta se à vontade!
"Meu amor" a forma doce que dona Luiza me comprimentou me arrancou um grande sorriso.
- Obrigada Dona Luiza.
-Sem dona. Pode me chamar apenas de Luiza minha querida. - Fala simpática. Sorrio novamente. Já gostei tanto dela.
-Sim, seja bem vinda. Legal ter você aqui! Posso te contar as histórias mais horríveis do meu irmão. - diz piscando para mim e não consigo conter o riso.
-Acho que vou gostar disso. - respondo retribuindo a piscadela e ela sorri, já Miguel revira os olhos bufando.
- Vocês são um casal? - pergunta a tal Lurdes e vejo a mesma me olhar de cima a baixo. Me sinto desconfortável sob seu olhar e limpo a garganta.
-Tia! - Miguel a repreende
-Querido é só uma pergunta! - ela responde gesticulando com as mãos e sinto minhas bochechas corarem.
-Não. - respondo. -Não somos um casal.
Ela me olha quase aliviada e seguro a vontade de revirar os olhos para essa mulher. Ela me olha como se eu fosse um tipo de inseto para ela...
Acho que esse final de semana me guarda muitas surpresas.
Não sei se quero.
