-Não. - digo ainda rindo do pedido dele.- Não te pedi nada absurdo. - diz dando de ombros e mordendo sua pizza. Que descarado!!
- NÃO?! Você está me convidando para passar meu feriadão com sua família. Você tá doido! - respondo rindo. Não acredito na audácia dele.
-Nat olha, minha família faz isso todo ano. Geralmente é sempre com algum aniversário pra comemorar ou algum primo que passou em Medicina, sempre fazem isso. É legal. Você vai gostar.
Paro o trajeto que fazia de levar a pizza aos lábios e o observo rir de minha expressão espantada.
Ele é doido.
-Miguel tá brincando? - pergunto ainda incrédula. Ninguém normal iria levar alguém que conhece a menos de um mês para conhecer a família. E principalmente, alguém que não tem nenhum tipo de relacionamento!
Ele sorri para mim. Um sorriso lindo que faz meu estômago se contorcer. Ele precisa parar de rir assim pra mim ou eu vou aceitar essa loucura do só pra ver esse sorriso de novo.
Foco Natasha! Foco!
- Olha, eu preciso ir. Não vejo muito minha família e estou com tanta saudade deles. É um final de semana pra isso. A fazenda é linda. E você vai comigo. Tem tanta gente que quero que você conheça...
Sinto borboletas fazendo piruetas em meu estômago!
"Tem tanta gente que quero que VOCÊ conheça "
O que ele quis dizer com isso? Ele quer que eu conheça a família dele? Mas, por que Eu?
Vejo Miguel se levantar e caminhar em minha direção. Meu coração acelera com sua proximidade e ele para em pé ao meu lado. Evito olhar para seus lábios lindos e tentadores e foco meu olhar no seu.
Ops...
Péssima ideia.
Se ele pisca-se agora mesmo eu me derreteria toda para ele.
Droga!- O que eu preciso fazer... - diz ele colocando as mãos em meu rosto. Ai meu Deus ele está muito perto. Fico imóvel. - para você... aceitar?
- N-nã... - sinto minha garganta seca subitamente e puxo a taça de vinho bebendo mais do conteúdo para molhar a língua novamente.
-Te dou carona sempre! Todos os dias. - me interrompe, Rindo sem desviar o olhar do meu.
- Isso vai lhe custar caro! -decido ameaçar entrando na brincadeira. Nem morta vou aceitar passar um feriadão com ele é e a família dele.
- Eu aceito... - ele sorri para mim e reviro os olhos
-NÃO, - digo o interrompendo. - Isso tá muito fácil! Você é maluco e quer me arrastar pra um feriado com sua familia! Preciso conseguir mais alguma coisa com isso além de carona todo dia.
Ele sorri com minha fala e puxa uma cadeira para se sentar ao meu lado.
- Acho justo. Então me diga. O que você quer pra ir comigo?
- Eu não sei... Miguel eu acho que... preciso pensar.
Ele suspira e sinto meu coração apertar.
-Nat. -ele se aproxima estendendo sua mão e coloca uma mecha de cabelo atrás da minha orelha prendo a respiração e fecho os olhos com o gesto. - Eu estou morrendo de saudade da minha família. Muita mesmo. E seria incrível de fosse comigo...
- Por Que? - pergunto quase sem voz. Meu corpo todo se arrepia ao sentir que ele se aproxima de mim.
- Porque não quero ficar longe de você.
Sua resposta me deixa sem rumo. Abro os olhos o encarando buscando em seu olhar uma explicação para essa fala.
-Não é nada demais Nat! Por favor! Já levei tantos amigos para conhecer minha família...
"Amigos"
Como se um balde de água fria tivesse sido jogado em mim, sinto todo meu corpo frio e me afasto do seu toque levando a louça para a pia. Ficamos em silêncio. Eu sou uma amiga para ele. Uma amiga.
Me viro para ele novamente que está me observando.
-E eu meio que falei de você para minha mãe e ela está louca para te conhecer. - reviro os olhos rindo. Claro! Ela está louca pra conhecer a amiga dele...
Saber que ele me vê como amiga não facilita as coisas, mas também não dificulta. Se eu for com ele será como amiga... o problema é que talvez eu não queria ser só amiga dele... e isso pode ser um problema, daqueles grandes.
Entender que eu gosto dele e que ele causa coisas em mim que não consigo controlar me faz querer chorar, e me faz querer chorar mais ainda ele me chamar de amiga. Mas quem sabe passar esses dias perto dele possam fazê- lo me ver de forma diferente.
Talvez eu possa fazê-lo gostar de mim...
- Okay. - respondo respirando fundo. Ainda não acredito que estou fazendo isso. Não acredito que vou fazer essa loucura.
Miguel me olha com os olhos brilhando e caminha até mim e me abraça forte. Sentir esses braços em volta de mim me faz sorrir. Ele é bom demais.
Miguel se afasta e beija meu rosto sorrindo.
- Eu eu te prometo que gostar muito. Eu te prometo!
- Tá bom sei! Mas isso não o isenta de fazer o que prometeu! Vai me dar algo em troca. - sorrio para ele que mantém os braços em volta de minha cintura e revira os olhos. Ah esses olhos lindos... Sinto vontade de beijar cada um deles...
- É e eu sei... já decidiu o que quer?
Ele se afasta de mim e sinto falta do seu corpo pertinho imediatamente.
-Ainda não. Mas vou pensar bem.
- Eu posso esperar. - ele diz me ajudando a arrumar a bagunça que fizemos e seca a louça que lhe entrego depois de lava-las.
Miguel me explica um pouco sobre sua e sobre o que fazem nesse tipo de confraternização. Disse que por morar sozinho e longe da familia não vê a mãe e a irmã a alguns meses, a última vez que as viu foi na celebração da graduação de um primo em Medicina. Sinto-me feliz por ele. Por saber que ele irá rever a família.
Mas não consigo parar de pensar que posso estar fazendo uma grande burrada indo com Miguel para esse final de semana já sabendo que nutro alguns sentimentos por ele. Espero que essa proximidade o faça nutrir por mim sentimentos também.
Espero de verdade.
Espero que o tal passarinho que falou com Caco esteja errado.
Muito errado.
Afinal de contas eu tenho um plano.
Não tem chance disso da merda.