Capítulo 26

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Eu não podia imaginar o tamanho da dor de perder um pai. Eu não conseguia se quer imaginar. Miguel me contou da história de sua tia Marta e de como para ela foi extremamente difícil após a morte do marido, mas nunca imaginei que talvez ele pode ter vivido a mesma coisa ou algo parecido, ele não falou muito sobre o assunto e achei prudente não perguntar.

Sofia me guia animadamente para sentar aos pés que uma árvore que tem uma copa gigante o que cria uma sombra agradável.

- Eu sinto muito. - Digo assim que senamos. Ela me olhou e sorriu. Não um sorriso triste, mas um feliz, cheio de saudade e lembranças.

- Sabe, eu não choro mais. - diz ela com emoção. - Eu tinha 5 anos na época! Miguel viveu mais anos com ele, tinha 15 anos na época. - Ela começa a me contar e decido me calar e ouvir, talvez essa seja a única oportunidade que eu tenha para o conhecer e saber mais sobre quem foi o Pai de Miguel e Sofia. - Papai morreu onze anos após o tio Dennis. Foi um baque. Lembro de minha mãe chorar muito e ficar sem reação, parecia ter perdido o chão naquele momento. Um acidente de carro levou ele e nos deixou sem Pai. Não me lembro muito daquele dia sabe? Eu era só uma criança, sempre soube que  tinha acontecido algo, mamãe nunca havia chorado daquela forma.

Ela para e olha para o céu sorrindo. Seu rosto jovem e delicado causam um contraste gigante com a história que ela está me contando. Quem diria que tão jovem pudesse ter vivido algo assim.

- Me lembro de passar o dia com meu irmão e o primo Dan que estavam fazendo de tudo pra me animar. Percebi as lágrimas também nos olhos de Miguel e vi o primo Dan o consolar muito. Ele era tão jovem e ainda assim tinha uma bagagem gigante. Só agora percebo que naquela sala naquela noite haviam três crianças órfãs de pai uma tentando ajudar a outra... - Ela me olha e pela primeira vez seu sorriso não é feliz. - Viemos morar com tia Marta e Dan naquela noite e não saímos mais...

-Eu realmente sinto muito.

- Não sinta, sério! Eu não gosto de lembrar de sua morte, e sim dos nossos momentos que vivemos juntos em vida. Das papinhas horríveis de cenoura, das brincadeiras, dos... dos conselhos! De tudo de bom que posso lembrar eu lembro... Isso é errado?

- Não! -digo lhe colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. - Claro que não princesa, pois você tem a melhor parte dele ainda viva aí dentro de você! -

Ela sorri para mim.

-Acho que gosto muito de você! É bem melhor do que a tal Vitória - diz fazendo cara de nojo. Eu sei que não é da minha conta mas, acabo perguntando...

- Que... Vitória?

- Uma ex namorada do Miguel! - ela viu minha cara de surpresa e riu. - Quer saber vou te contar!

Sofia se endireitou em minha frente assumindo uma postura mais rígida e seria que contrastava com sua tão pouca idade, naquele momento ela parecia uma mulher, não uma adolescente de 14 anos.

- Miguel tinha uns 20 anos e apareceu com uma "namorada" a vicobra como eu chamo! Eles ficaram juntos por uns 2 anos quase 3 quando terminaram o relacionamento. Todos adoravam ela mas descobriram que ela só estava com ele por interesse! Ele ficou péssimo realmente sentia amor por ela Sabe? Depois disso nunca mais trouxe ninguém aqui pra conhecer a família! E então foi embora pra cidade! Só voltou agora, dois anos depois com você - ele tinha um brilho no olhar enquanto eu ainda tentava processar as informações.

- Ele não... ele não me... contou nada disso. - digo e ela sorri suavemente.

- As coisas mais tristes da vida a gente não sai contando... - olho para ela que novamente parecia uma mulher a uma adolescente e respiro fundo.

Queria sair a procura de Miguel e arrancar tudo dele o que é loucura! Afinal eu não sou nada dele, Não tenho esse direito... mas, não consigo esconder o desconforto da informação. Por que ele não me contou que amou alguém? Ou pelo menos que já tinha tido uma namorada.

Mesmo não tendo um relacionamento somos amigos.

-Mas... ele gosta de você. - diz me tirando de meus devaneios.

-Você está imaginando coisas!

- Não estou não, meu irmão não sorri daquela maneira desde a morte de nosso pai. E ele só sorri assim pra você agora!

Aquilo me despedaçou, eu notava aquele sorriso perfeito com certeza mas não imaginava que era pra mim! eu sentia algo por ele mas, será que é recíproco?

O beijo pode ter sido apenas por curiosidade ou até desejo, não necessariamente um sentimento estaria envolvido.

Passei o resto da manhã toda conversando com Sofia! Ela era uma menina muito agradável, moleca mas responsável, madura mas brincalhona! Já amo essa baixinha! Ele me explicou como funcionava tudo desse final de semana com mais detalhes como uma boa mulher e agradeço a Deus por isso, me sinto menos perdida no momento.

Eram três dias de " acampafamily" onde aconteciam churrascos, maratonas de filmes, brincadeiras de equipe contra equipe, piscina, e muito mais. Já estávamos no segundo dia e a movimentação dos mais jovens era notável. Estavam muito animados correndo, jogando, nadando. O cheiro do churrasco era delicioso e fez minha barriga roncar alto.

Eu amei isso! Essa raridade de família unida e tudo mais. Isso realmente divertido e legal de ver. Nós nos levantamos e voltamos para a casa, encontro Miguel se divertindo com os primos à beira da piscina, mas quando ele me ver vem em minha direção rapidamente.

Sem perceber acabo prendendo a respiração. Ele está bem aqui, olhando para mim com o sorriso mais lindo que já vi, e é dedicado a mim.

- Oi.

- Oi. - Retribuo o sorriso.

- Ham... vem aqui comigo... rápidinho... - ele me guia até longe da bagunça ambulante chamada Bruno e os demais primos.

Quando já estamos a uma boa distância ele nos para sob uma varanda comprida da área de churrasco.

-Desculpe por hoje cedo eu não tinha o direito de fazer aquilo, se você estiver brava vou entender, eu passei dos limites, desculpe Natasha, desculpe e minha tia foi meio grossa me desculpe por isso também...

- Ei! Calma - o interrompo rindo, seu nervosismo o deixou tenso e seu sorriso era nervoso. - Não precisa se desculpar! - tento esconder novamente a decepção por ele está se desculpando afinal de contas ele me beijou essa manhã.

Miguel sorri timidamente e pergunta olhando para algo atrás de mim.

- Não devo me desculpar por nada? -  Espera aí. O que? Ele está se referindo ao beijo?

- Por nada - Respondo sorrindo. Por que eu realmente o quis beijar. Quero isso desde que o conheci.

- Serio? - ele da um passo em minha direção ficando tão perto que posso sentir sua respiração em meu rosto. Eu estava ansiosa, desejava o contato dos lábios dele nos meus novamente, eu precisava. -Que bom por qu...

- Miguel?? - uma voz feminina já conhecida por mim soa alto e fecho os olhos para não revira-los para ela. Lurdes vem até interrompendo de novo nosso momento. Nosso tão precioso momento.- Venha aqui meu sobrinho! Preciso de sua ajuda

Essa mulher só pode está de marcação! Sério!







Meu DesRomance •Livro 1• (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora