Continuo subindo as escadas afim de chegar ao meu apartamento o mais rápido possível pois a ansiedade está muito forte!
Passo por um corredor estreito, de repente um jarro que provavelmente tinha como alvo uma cabeça qualquer sai voando de dentro de um apartamento com a porta aberta e só para ao chocar-se com a parede a alguns centímetros em frente ao meu rosto.
- Ótimos vizinhos! - diz meu pai quando o olho de relance.
Ele está carregando algumas caixas para mim e tenho certeza que pela cara dele após essa cena ele quer me levar para casa pelos cabelos, mas eu não lhe dou essa oportunidade e continuo a andar. Rápido, bem Rápido.
O lugar não tem elevador e as escadas são tão íngremes que parecem o Evereste, mas chegamos ao sexto andar onde fica meu lindo apartamento, abro a porta com um pouco de dificuldade e coloco as caixas em cima da mesa, eram as últimas, eu estava trabalhando nessa mudança a dias, mas só hoje meu pai pode vir me ajudar a terminar, não o culpo ele trabalha dia e noite como faz tudo, acaba tão cansado que não quis o incomodar com a mudança, mas fico grata por ter tirado esse dia para me ajudar.
Desde nova me lembro do meu pai batalhando muito por nossa família, ele acabou trancando a faculdade pouco tempo depois de conhecer mamãe e fazendo alguns cursos técnicos para se especializar em tudo sobre construção, elétrica, pintura... enquanto mamãe terminou seu curso como enfermeira. Eles sempre batalharam para dar a nossa família uma vida melhor.
Caco e eu também começamos desde cedo a nos virar. Consegui um estágio aos 16 anos quando ainda estava no ensino médio, também conhecido como os piores anos da minha vida, e passei dois anos lá como aprendiz, ajudei am casa, fiz uma poupança e juntei todo o dinheiro que consegui, assim que sai de lá consegui um emprego como secretaria em uma empresa de publicidade e desde entao estou estudando mais sobre essa area. fui juntando um dinheiro aqui outro ali até poder pagar meu apartamento, meus pais me ajudaram lógico, contribuiram para que esse momento se tornasse realidade.
Hoje estou aqui, finalmente no meu cantinho, a dois dias de começar a trabalhar na empresa mais incrível do mundo.
A melhor parte é que meu salário vai aumentar muito!
Enquanto meu pai termina de colocar as caixas no chão para se juntar com as outras milhares de caixas que fazem parecer que meu apartamento é bem menor do que realmente é, eu corro até a janela da sala para abrir a cortina que eu mesma coloquei e a abro para deixar o sol entrar.
Não tive muita sorte, a vista do meu apartamento era para um prédio parecido com o meu, mas pouco menor, o que me dá a chance de ter uma boa luz solar no final da tarde o que deixa o ambiente com um frescor único. Abro a janela e coloco uma boa parte do corpo para fora me inclinando para ver uma praça muito bonita com um campo onde as pessoas passeavam com seus animais de estimação logo na esquina, a vista para a praça não era tão fácil e talvez até arriscada, mas faço uma nota mental de fazer uma caminhada naquela Praça qualquer dia.
Sorrio voltando meu corpo para dentro do apartamento e caminho até meu pai que já está de volta com as últimas caixas que faltavam.
O grito dos vizinhos do andar de baixo é alto e assustador, meu pai me olha de relance e suspiro. Sei que ele não está curtindo muito isso. Sou sua garotinha.
- Você não precisa disso filha. - diz meu pai me tirando de meus pensamentos.
Estou me virando para ele com a intenção de começar uma discursão para defender meus sonhos como fiz dias antes quando vejo a tristeza em seu olhar e sei que ele não quer criticar o que eu vou fazer, mas sim que está... preocupado.