Capítulo 32

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Ainda em cima da cama, vejo Eduarda abrir a porta e adentrar o quarto.

- Mellany, você tem passaporte? - o jeito que falava era importante.

- Não - respondo - Nunca tinha viajada para o exterior.

Ela respira fundo.

- Demora muito para tirar um? - pergunto me sentando.

- Não me lembro. Talvez sim, talvez não, depende de muita coisa.

- Então, acho que vou ter que desistir da viagem - digo abaixando a cabeça triste.

- Você quer mesmo isso? - pergunta me olhando séria.

- Não, mas...- antes de qualquer coisa sou interrompida.

- Então você não vai desistir. Sei que você quer ir, você precisa disso. Esquecer todos os problemas e viver um pouco. - ela diz segurando meus ombros com força - Também é ótimo conhecer novos horizontes. Conheço essa sensação.

Porém sua tentativa de permanecer séria, falha e acompanho ela em sua risada.

- Não sei se acho graça de você ou de sua risada. - falo quando voltamos ao normal.

- Vou indo agora. - ela diz - Vou falar com minha mãe sobre o passaporte.

Assenti e ela se vai pela porta.

{ ... }

No dia seguinte tia Lúcia me avisa que sairemos para o posto da Polícia Federal. Sim, é somente lá que tira o passaporte.

***

Dentro do local, sento naquelas cadeiras de espera, enquanto as outras duas conversam algo com a recepcionista. Logo após caminham até a mesa de alguém e começam à dialogar.

Depois de um bom tempo fico olhando para a pequena TV, onde passa um programa matinal qualquer.

Vejo Eduarda me chamando fazendo sinal com mão. Me levanto da cadeira dura e vou em direção da mesa onde elas se encontram. Era um espécie de pequeno escritório. Alguns objetos na mesa e um rapaz de uniforme atrás dela.

Quando olho para seu rosto nem acredito. Não é possível. Só pode ser coincidência.

É o rapaz que me deu seu casaco, debaixo da chuva, naquela noite da festa.

Quando ele me vê, um grande sorriso se forma em seus lábios.

- Certo, - fala tia Lúcia - O que falta agora?

- Preencher este formulário. - o rapaz tinha a voz firme e forte. Ele entrega um papel para minha tia e uma caneta.

Tia Lúcia escreve algo na folha. Depois passa para ele.

- Você é a mãe dela? - ele pergunta.

Isso não vai dar certo.

Minha tia parece ficar com medo da pergunta, mas se à conheço bem, não irá mentir.

- Não.

- Responsável? - ele pergunta novamente.

- Sou tia.

Ele se mexe na cadeira e depois diz.

- Preciso da assinatura dos pais dela. - fala calmo. - Ou dos responsáveis legais.

Que ótimo. Não tenho pais. E minha tia ainda não oficializou minha guarda.

Suspiro fundo e ele olha para mim.

Tia Lúcia explica as coisas. Diz que perdi meus pais e estou sob a guarda dela à pouco tempo. uma pontada de tristeza e dor chega ao meu coração quando ela fala sobre eles.

Overturn || Rafael Lange/CellbitOnde histórias criam vida. Descubra agora