Ainda em cima da cama, vejo Eduarda abrir a porta e adentrar o quarto.- Mellany, você tem passaporte? - o jeito que falava era importante.
- Não - respondo - Nunca tinha viajada para o exterior.
Ela respira fundo.
- Demora muito para tirar um? - pergunto me sentando.
- Não me lembro. Talvez sim, talvez não, depende de muita coisa.
- Então, acho que vou ter que desistir da viagem - digo abaixando a cabeça triste.
- Você quer mesmo isso? - pergunta me olhando séria.
- Não, mas...- antes de qualquer coisa sou interrompida.
- Então você não vai desistir. Sei que você quer ir, você precisa disso. Esquecer todos os problemas e viver um pouco. - ela diz segurando meus ombros com força - Também é ótimo conhecer novos horizontes. Conheço essa sensação.
Porém sua tentativa de permanecer séria, falha e acompanho ela em sua risada.
- Não sei se acho graça de você ou de sua risada. - falo quando voltamos ao normal.
- Vou indo agora. - ela diz - Vou falar com minha mãe sobre o passaporte.
Assenti e ela se vai pela porta.
{ ... }
No dia seguinte tia Lúcia me avisa que sairemos para o posto da Polícia Federal. Sim, é somente lá que tira o passaporte.
***
Dentro do local, sento naquelas cadeiras de espera, enquanto as outras duas conversam algo com a recepcionista. Logo após caminham até a mesa de alguém e começam à dialogar.
Depois de um bom tempo fico olhando para a pequena TV, onde passa um programa matinal qualquer.
Vejo Eduarda me chamando fazendo sinal com mão. Me levanto da cadeira dura e vou em direção da mesa onde elas se encontram. Era um espécie de pequeno escritório. Alguns objetos na mesa e um rapaz de uniforme atrás dela.
Quando olho para seu rosto nem acredito. Não é possível. Só pode ser coincidência.
É o rapaz que me deu seu casaco, debaixo da chuva, naquela noite da festa.
Quando ele me vê, um grande sorriso se forma em seus lábios.
- Certo, - fala tia Lúcia - O que falta agora?
- Preencher este formulário. - o rapaz tinha a voz firme e forte. Ele entrega um papel para minha tia e uma caneta.
Tia Lúcia escreve algo na folha. Depois passa para ele.
- Você é a mãe dela? - ele pergunta.
Isso não vai dar certo.
Minha tia parece ficar com medo da pergunta, mas se à conheço bem, não irá mentir.
- Não.
- Responsável? - ele pergunta novamente.
- Sou tia.
Ele se mexe na cadeira e depois diz.
- Preciso da assinatura dos pais dela. - fala calmo. - Ou dos responsáveis legais.
Que ótimo. Não tenho pais. E minha tia ainda não oficializou minha guarda.
Suspiro fundo e ele olha para mim.
Tia Lúcia explica as coisas. Diz que perdi meus pais e estou sob a guarda dela à pouco tempo. uma pontada de tristeza e dor chega ao meu coração quando ela fala sobre eles.
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Overturn || Rafael Lange/Cellbit
FanficSabe quando o mundo ao seu redor só sabe te humilhar? Que todos te vêem como um monstro? Que você é maltratada todos os dias? Pois é, essa é minha vida. Eu só desejo uma coisa. Dar uma reviravolta! ________________________________________________...