Já Chega.

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Abri os olhos e lá estava ele,sentado com um livro na mão,sua aparência era saudável,quase melhor do que antes.

- Pai ? - minha voz saiu falhada,como um sussurro fraco.

- Está tudo bem Noah.

Ele sorriu como antes,nas vezes que nos encontrávamos em seu quarto,quando ele ouvia minhas histórias. Por um segundo havia me esquecido do que tinha acontecido com ele.

- Aonde estamos ? - perguntei me dando conta do ambiente.

Estava deitado,parecia mais um quarto de hospital,haviam aparelhos médicos ao meu lado,mas eles não estavam ligados,o quarto estava em volto em uma penumbra perturbadora. Meu pai se encontrava no pé da cama,me olhava nos olhos,preocupado,mas mesmo assim a ternura era evidente.

- Você está no hospital filho. - ele disse sorrindo.

Olhei ao redor ainda não entendendo a situação.

- Onde está todo mundo ?

- Todo mundo ? - ele disse com os olhos vagos,como se estivesse tentando se lembrar quem era nosso "todo mundo".

- Minha mãe,João,Wallace, Big Mike. Você não se lembra ?

Um brilho passou pelos seus olhos,e com um sorriso distante ele disse:

- Ah sim ... Claro que eu me lembro.

A cada vez que eu respirava,meu peito queimava, nada naquele cenário parecia real.

- O que aconteceu comigo ?

Meu pai permaneceu calado. Tentei me levantar da cama mas não consegui.

- O que está acontecendo ? - perguntei com tom de desespero,meu corpo estava paralisado.

- Fique calmo Noah. Você precisa se acalmar.

Minha respiração se acelerou,fazendo com que meu peito doesse mais,não importava o que eu fizesse,meu corpo permanecia estático.

Sem que eu percebesse meu pai estava do meu lado.

- Noah,por favor,acorda.

Era o meu pai mas a voz era da minha mãe.

E então como se alguém estivesse me empurrando para um abismo eu abri os olhos,totalmente perdido.

A luz feriu minha visão, e me forçou a permanecer com os olhos fechados.

- Noah ?

Abri os olhos novamente. Minha mãe estava com os olhos cansados,e seu rosto molhado.

- Oi - disse meio grogue e meio confuso. Não sabia se estava alucinando ou se era real.

- Ah meu Deus .. Graças a Deus ! - Ela se levantou rapidamente - Eu vou chamar o médico.

Eu ia dizer que não precisava mas minha garganta estava queimando. Fechei os olhos tentando minimizar a dor que estava sentindo em meu peito. Era uma dor literal. Pior do que qualquer sentimento.

O médico entrou com ar sério. Me olhava e anotava,olhava e anotava. E,por fim resolveu falar.

- Então,o que está sentindo ?

- Eu ... Ah.. Meu peito dói.

- Bem..Você está surpreso com isso ?

Cartas de um SuicidaOnde histórias criam vida. Descubra agora