Meu Amor Contra Seus Olhos Azuis.

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Estava ainda no carro, o motorista havia tentado iniciar uma conversa, mas eu dava resposta curtas e forçava um sorriso, ele logo percebeu que eu não queria falar.

- Sabe Noah, o meu patrão, no caso o seu pai, ele vive falando de você, fala como você é um garoto bonito, e que cresceu muito rápido. O seu pai ama você. 

Eu ouvia aquilo com um pouco mais de interesse, sentia que havia alguma mensagem subliminar por trás daquelas palavras.

- Você sabe por que isso tudo está acontecendo ? 

Ele ficou em silêncio por um instante.

- Seu pai precisa de você. 

- O que? Como assim? Não vejo necessidade nenhuma de eu ter que me mudar para casa dele! Ele pode precisar de mim sem eu ter que morar com ele. 

Confesso que naquele ponto estava mais preocupado do que com raiva.E ainda não entendia o que estava acontecendo. 

O carro parou e eu saí imediatamente quando vi minha mãe nos esperando. Ela sorriu e me deu um abraço apertado. Seus olhos estavam ligeiramente vermelhos, com se tivesse chorado. Meu coração sempre se aperta quando a vejo assim.  Na mesma hora julguei que ele poderia ter feito mal a ela, dito alguma coisa que pudesse te-la ferido. Senti meu estômago se revirando e sem perceber a mudança no meu tom de voz, que antes se encontrava insegura,mas agora era dura e quase autoritária falei:

- O que ele fez dessa vez ? - meu maxilar estava rígido. Mas a verdade era que estava tremendo da cabeça aos pés, não podia aceitar outra decepção vinda dele.

Ela respirou profundamente e me lançou um olhar de advertência como se estivesse dizendo "Vai com calma Noah as coisas não são assim ". 

- Não aconteceu nada demais. Preciso que fique calmo e que seja forte. Seu pai tinha algo sério para conversar comigo. E depois que ouvi o que ele tinha a dizer, decidi que o melhor era você vir passar um tempo aqui. 

Ela dizia isso com uma calma assombrosa. Eu percebi que ela não estava triste ou alarmada pelo fato de eu estar me mudando provisoriamente, via isso em seus olhos. Algo a mais a estava incomodando. E isso só me deixava mais inquieto. 

- Eu não quero morar aqui mãe.- Disse isso olhando para os meus tênis.Sem querer minha voz saiu ressentida. 

- Preciso que seja forte com tudo isso ok ? Eu preciso que aproveite seu pai a cada minuto. Parece difícil de entender agora, mas quando ele conversar com você tudo vai ficar mais claro.

Percebi que ela não disse que tudo ficaria "bem", ela disse que tudo ficaria "mais claro". O que só fez meu coração se afundar ainda mais. Se nem ela poderia me prometer que as coisas ficariam boas naquele momento, acredito que ninguém mais poderia me fazer tal promessa.

- O que eu faço agora? 

Ela sorriu pra mim com o mesmo sorriso de quando eu eu era pequeno, me viu naquele momento como se eu fosse uma criança. Eu me sentia mais ou menos assim. Pequeno e com medo.

- Você só precisa ser você. 

- E se ninguém ali gostar de mim ? E se todos eles acharem que eu sou um estranho qualquer? 

Minha mãe pegou a minha mão, segurou forte e fez mágica dentro de mim com suas palavras.

- Noah, você é o garoto mais corajoso, forte e gentil que eu já vi. Você nunca vai ser um qualquer. E para mim existem dois tipos de pessoas neste mundo, as especiais que gostam de você, e as que não tem relevância alguma.

Não pude evitar que um sorriso brotasse em meus lábios. Disse um "obrigado", perguntei se ela viria me visitar mesmo sabendo que a resposta seria negativa. Ela disse que eu poderia ir a nossa casa, ou ligar. 

Cartas de um SuicidaOnde histórias criam vida. Descubra agora