| When The Sun Goes Down |

366 29 0
                                    

- Não me respondeste à mensagem.

Disse, assim que vi o Justin de costas, sentado no mesmo planalto que tínhamos estado juntos à uns dias atrás. Sem sinais de sobressalto, ele continuou de costas a encarar o mar e a inspirar o ar, que vinha com o cheiro característico do sal:

- Como sabias que eu ia estar aqui ? - perguntou ele, sem tirar os olhos do horizonte.

Sentei-me ao seu lado, olhando para a sua face:

- Foi apenas um palpite. Desapareceste, sem avisar... - bufei.

- Não suportava ficar naquele ambiente nem mais um segundo.

- Eu sei...

- Como está a minha mãe?

- Claro, que ainda está de rastos, mas deixei-a a descansar em casa.

- Espero que ela tenha desligado o telemóvel. Os meus familiares vão estar sempre a chateá-la com as notícias.

- Mas isso é normal, não? É nestes momentos que vocês precisam do apoio dos vossos familiares.

- Errado. A minha única família é a minha mãe e a minha irmã. O resto nunca se importou o suficiente para telefonar, pelo menos uma vez por mês, para saber se estamos vivos ou não. - suspirei, sem saber o que haveria de responder. - Por isso, não, isso não é normal. Isso chama-se falsidade. Nós iremos ultrapassar isto sozinhos, como temos feito até agora. Não precisamos de terceiros.

- E os teus avós? - murmurei.

- Não tenho. Os da parte materna já faleceram...

- E os da parte paterna? - perguntei.

- Os da parte paterna são tão ignorantes quanto o meu pai.

Não foi preciso o Justin dizer mais nada para eu entender aonde ele queria chegar. Tal como ele tinha dito, a partir do momento que o seu pai abandonou a casa, passou a ser apenas ele, a sua mãe e a sua irmãzinha em casa. Ele passou a ser o homem de casa, sem mesmo estar preparado, tendo assim de aprender sozinho a cuidar, não só de si, como da sua mãe e da sua irmã:

- Justin? - disse, quebrando o silêncio.

- Sim? - respondeu ele, sem retirar o seu olhar do mar.

- Olha para mim. - pedi. Ele bufou e, em poucos segundos, fez-me a vontade.

Olhando diretamente para os seus olhos vi que o brilho dos mesmos tinha desaparecido. Estes estavam ligeiramente inchados, provavelmente do choro. Apesar de saber a resposta, perguntei:

- Como é que tu estás?

O Justin engoliu em seco e virou a cara, hesitando um pouco com a sua resposta:

- Bem... - mentiu ele com uma voz baixa.

- Hey... - peguei no seu queixo levemente, direcionando o seu rosto para mim, obrigando o cruzamento dos nossos olhares. - Tu não precisas de fingir ao pé de mim.

- Não sei ao que te refe --

- Deixa a máscara cair. Não precisas de ser forte a toda a hora.

Undefined Love || J.BOnde histórias criam vida. Descubra agora