| Mom... Please, Don't Cry. |

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Sentado na mesa da cozinha, observava a minha mãe a temperar a comida para o jantar. Apesar de ela se encontrar de costas, eu conseguia ouvir o seu murmurar de uma música qualquer, o que permitia-me sentir que ela já estava um pouco mais aliviada por ter a Jaytlin do nosso lado de novo.

Agora apercebo-me do quão pouco tempo passei ao lado dela quando esta se afogava no seu próprio sofrimento com a ausência da minha irmã.

Por momentos, senti-me arrependido pelo o que fiz, mas depois lembrei-me que se não tivesse feito as coisas como fiz, talvez, a policia nunca teria sido capaz de encontrar a minha irmã, o que seria capaz de derrubar a minha mãe para sempre.

A casa encontrava-se muito silenciosa. Achei estranho porque supostamente a Jaytlin adora ouvir os seus bonecos aos altos berros, por isso despertei-me dos meus pensamentos e quebrei o silêncio que invadia a cozinha:

- A Jaytlin? - perguntei.

- Está no quarto a dormir... Ela está exausta. - respondeu a minha mãe.

- Pois... Imagino.

Na verdade, nem queria imaginar. Não queria imaginar o quão confusa, assustada e perdida a minha irmã se sentiu quando foi levada por aquele... animal. Sim, animal. Ele não é digno de ser chamado de humano. Um pai? Só se for de farsa. Até porque um pai não abandona a sua mulher grávida. Um pai não abandona o seu filho quando mais precisa dele. E definitivamente, um pai não rapta a sua filha só porque foi negado estar perto dela:

- Não quero imaginar tal coisa... Que tipo de pessoa seria capaz de raptar uma criança meiga como a Jaytlin?

E como um flashback, a madrugada de hoje passou pela minha mente, relembrando-me assim do facto que a minha mãe não sabia de como nós tinhamos resgatado a Jaytlin. Muito menos, sobre quem raptou a minha irmã.

Eu pedi à policia para não contactarem a minha mãe, pois queria ser eu a tomar conta das coisas a partir daquele momento. Mas agora, fiquei consciente de que não era uma boa ideia porque não sabia de onde tirar as forças necessárias para dizer tal coisa à minha mãe, coisa essa que iria estragar a harmonia em que ela se encontrava neste momento:

- O que que foi, Justin? Estás com cara de caso. - disse ela, olhando para mim com preocupação.

Tentei disfarçar o máximo possível a minha preocupação, mas como vemos foi em vão.

Não é mentira nenhuma que para mim não fazia diferença nenhuma o Jeremy estar por de trás das grades ou não. Quer dizer, até me deixa com um sorriso na cara. Mas eu sabia que este facto iria magoar a minha mãe profundamente. Não seria facil assimilar o facto de que o homem que uma vez ela amou foi capaz de causá-la a maior dor da sua vida. Era algo que poderia vir a desmoronar o coração desta grande guerreira por momentos. Eu sei que sim:

- Eu... - murmurei. - Eu preciso de falar contigo, mãe.

- Aí, estás a preocupar-me! Desembucha.

- Acho melhor sentares-te. - Ela arqueou as sobrancelhas e pousou a faca, vindo de seguida, sentar-se ao meu lado.

- É sobre o rapto da Jaytlin.

- Ah sim... Realmente tu só apareceste com ela cá em casa. Com a emoção, nem sequer dei-me ao trabalho de fazer perguntas.

- Pois. Eu pedi à policia para não te contactar, porque queria ser eu a contar-te isto.

- Isto o quê?

- Quem raptou a Jaytlin... Foi o Jeremy.

Dei um tempo à minha mãe para absorver o que tinha acabado de dizer.

Undefined Love || J.BOnde histórias criam vida. Descubra agora