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Sexta-Feira

Foi impossível não notar o quão nervoso o Justin estava hoje de manhã.  Bastou ele entrar na cozinha para se acentar um novo peso no ar. Não só pela situação que se passava entre nós os dois, mas também pelos nervos que ele devia estar a sentir pelo dia de hoje. 

Ao entrar, permaneceu-se calado, o que era bastante incomum. 

Com o passar do tempo, desbocou algumas palavras, comeu com uma calma incomodativa e estava sempre com um olhar pousado no vazio. Por perguntas da Pattie, ele explicou que hoje o diretor da Universidade vinha apreciar não só o jogo, mas também o treino. Também acrescentou que a visita do mesmo dividia-se em dois dias: Hoje seria aquela em que os jogadores iriam deixar a primeira impressão, o que era crucial. No último dia do primeiro periodo, ou seja, o último dia de intercâmbio e a noite de Homecoming, o diretor iria voltar para fazer a sua decisão final acerca da bolsa de estudo.

Depois de explicar, bufou e voltou ao seu tão desejado silêncio.

Eu também não me pronunciava porque não suportava o pensamento daquilo que passara no dia anterior e o ele mantinha-se calado, porque estava demasiado nervoso para falar o que fosse. 

O ambiente da Glen View High encontrava-se preenchido com a agitação tipica de uma sexta-feira na manhã de hoje. Mas nesta sexta-feira particular podia-se sentir um pouco mais de agitação caótica a vaguear pelos corredores. Talvez pela ansiedade que se estava a sentir pelo tal jogo que iria decorrer hoje à noite.

Independentemente do jogo apenas ter grande importância para os jogadores de futebol, podia-se ver a forma como os restantes alunos se importavam e, principalmente, se orgulhavam da sua equipa de futebol The Viewers. Era como se a mesma quantidade de adrenalina que corria pelas veias dos jogadores fosse a mesma quantidade que corria pelas veias dos outros alunos regulares ou até mesmo professores.  Eles estavam nisto juntos.

Mas mesmo sendo uma manhã agitada, esta passou rapidamente.

Os meus intervalos eram agora vazios, já que não tinha nem a companhia da Emily nem do Justin. Tão vazios como as minhas tardes livres, que consistiam em estar trancada no meu quarto a recuperar o tempo perdido de estudo. 

Mas vocês sabem o ditado: Mais vale sozinha do que mal acompanhada.  

Com os olhos postos numa maré de livros, fui interrompida por uma pela receção de uma mensagem: '' É bom que tenhas pensado no meu convite. '' - Brian.

A verdade é que não estava com disposição de sair de casa, por isso bloqueei o telemóvel e virei-o ao contrário de modo a concentrar-me de novo no meu estudo.  

 Não tinha intenções de ir ao jogo, nem de responder à mensagem do Brian.

(...)

Fui interrompida, quando ouvi alguém a bater à porta do meu quarto:

- Posso entrar, querida? - disse a Pattie antes de entrar.

- Claro. - exclamei, virando-me de costas para a secretaria, focando assim o meu olhar para a porta onde a Pattie entrou sorridente. 

Ela prosseguiu os seus passos para próximo da minha cama, sentando-se nela de seguida. Com a palma da mão, fez movimentos convidativos para sentar-me ao pé dela:

- Senta aqui comigo. 

Levantei-me e obedeci ao seu pedido.

- Passa-se alguma coisa? - perguntei, preocupada.

- Não. - riu. - Nada sério! - exclareceu ela. - Sei que foram poucas as vezes que me acheguei a ti. Apenas gostava de saber se está tudo bem contigo.

- Ah.. Sim, sim, porque que não haveria de estar? - perguntei, educadamente.

- Bem, eu sei que as coisas tem sido um pouco turbulentas desde que chegaste cá e, de alguma forma, consigo ver que estes últimos dias não tem sido tão bons.

- Como sabe?

- Sou mãe. Consigo notar logo quando algo não está bem. Não só contigo, mas também com o Justin...

- Que que tem ele?

- Não sei. Desde que chegaste, os seus comportamentos começaram a mudar gradualmente. Há uns dias, os seus olhos brilhavam de uma forma diferente. Principalmente, quando ele te via... Mas desde ontem que reparei que esse brilho desapareceu.

- Pois... - murmurei.

- Eu não sei o que se passa entre vocês, mas acredita que ele é um miudo amoroso, apesar de ser difícil de lidar. Nesse aspecto, saiu ao pai. - disse ela, rindo levemente com a sua comparação. 

- Ele é complicado, com certeza. - bufei.

- Eu sei que sim. - riu. - Mas seja lá o que se esteja a passar com vocês, tenho a certeza que se vai resolver. - sorri. - Já agora, vais assistir ao jogo?

E essa era a pergunta que assombrava a minha mente. Não era só a persuação do Brian, mas agora também a persuação da Pattie que me perseguia e mantinha esta pergunta na minha cabeça involuntariamente. 

Era óbvio que a menor das minhas vontades era ir assistir a um jogo, onde se encontrava a pessoa que eu mais odiava neste momento. Só o facto de saber que iria encontar-me sozinha e sem entusiasmo no meio de uma multidão histérica, entusiasmada e alegre, parecia algo insuficientemente cativante para sair de casa:

- Não estava a pensar em ir.

- É que eu vou ter que ir agora para o escritório tratar de umas coisas e infelizmente, não vou puder ir ao jogo. Este é um dos jogos que pode definir se ele pode ou não ter aquela bolsa de estudo... Que sempre foi o seu sonho desde pequenino. - murmurou ela, de cabis baixo.

- Ele é excelente em campo. Tenho a certeza que vai se sair bem. - disse forçadamente.

- É... mas mesmo assim. Não ter nenhuma face familiar no meio daquela multidão toda deve ser pouco entusiasmante. Certeza que não queres ir? - franzi a testa e apertei as minhas mãos uma contra a outra. - Por favor, Safyra. Eu dou-te boleia até à escola. Apenas tens de assistir ao jogo, depois se quiseres, mandas-me mensagem e eu vou buscar-te.

Suspirei. Podia ver nos olhos da Pattie o quanto ela queria que alguém apoiasse o seu filho. 

Como ela disse, o Justin sonhava entrar naquela Universidade desde pequeno e doía-lhe como mãe, não puder assistir a algo tão importante devido ao seu trabalho. 

Ironicamente, eu era a unica pessoa que podia ir lá e satisfazer a vontade da Pattie: apoiar o seu filho, cuja eu odiava nesse preciso momento. 

Mas como puderia eu recusar bruscamente à proposta daquela mãe, que tudo o que queria era conseguir manter os seus filhos felizes enquanto se sacrificava para puder sustentá-los? Com este pensamento, acenei com a cabeça e aceitei o seu pedido, realçando a minha exceção:

- Mas só vou mesmo assistir ao jogo.

- Obrigada! - disse ela, estendendo os braços para abraçar-me. - Tudo o que quiseres. - riu.

(...)

Já quase a meio do jogo, cheguei às bancadas cheias e agitadas de alunos da Glen View High. Comprei um refrigerante ao rapaz das vendas para entreter-me com algo durante o jogo e de seguida, procurei onde deveria sentar.

Os meus olhos, logo, fizeram um pequeno percurso pela multidão de modo a encontrar algum lugar livre e sem muita gente. Durante o mesmo, acabei por cruzar o meu olhar com o da Emily.

Surpreendentemente, esta sorriu para mim e convidou-me, com um gesto, para sentar ao pé dela. Recusei friamente o seu convite ao desviar o meu olhar do seu, continuando assim à procura de outro lugar livre. O mesmo foi, por fim, encontrado no meio da penultima bancada a contar de baixo. 

Assim que tive a oportunidade de assentar, pousei os meus olhos no campo, nomeadamente, nos jogadores. Não demorou muito até encontrar o Justin. 

'' Aff, o que que eu estou aqui a fazer? '' - Murmurei para mim.

Notas Finais: 

Tens mais um capitulo disponivel :*

Undefined Love || J.BOnde histórias criam vida. Descubra agora