"E você pode me chamar de brega, mas é um simples fato eu ainda te protejo..."
Dizer aquelas palavras pela primeira vez foi algo estranho, mas eu precisava confessá-las em voz alta. Talvez ter ligado aquela hora para minha prima e ter jogado a bomba de uma só vez não era a coisa mais racional do mundo, mas racionalidade era a última coisa que havia em mim naquele momento.
Afastei o celular do ouvido olhando para a tela tendo certeza de que a garota ainda estava do outro lado da linha, mas permanecia muda. Apertei a têmpora com força aguardando qualquer resposta que fosse. Dentro de meu peito o alívio e compreensão me dava uma ousadia que ainda estava experimentando, a certeza das coisas me dando confiança para conversar sobre aquele assunto.
Um suspiro do outro lado me fez ofegar, não havia percebido o quão superficial minha respiração estava.
– Mi cariño...– Soltei um choramingo aliviado ao ouvir o apelido carinhoso, sabia que teria seu apoio. - Você tem noção do que está falando?– Sorri débil.
– Sei muito bem do que estou falando. - Senti o coração acelerar. - Acha mesmo que ligaria a essa hora se não soubesse?
Olhei de relance para o relógio digital que me avisava da hora avançada. Escutei uns ruídos estranhos do outro lado, talvez o ranger da cama ao se levantar ou o interruptor para acender a luz.
– Como você está lidando com isso? – A frase me fez fechar os olhos.
– Nesse momento eu estou meio que desesperada. - Escutei um riso rouco muito parecido com o meu.
– Por quê? Não sabe se é correspondida? Tem medo da amizade de vocês mudar?
– Bom, a gente meio que já mudamos. - Fiquei ofegante ao lembrar, a pressão no peito reaparecendo.
– Como? – A pergunta curiosa me fez contorcer o rosto.
– A gente, bem... - Pausei. Como iria falar?
– Corazón?– Me repreendi por tentar enrolar minha prima, ela estava realmente disposta a ouvir e a ajudar.
– A história é longa. - Tentei me livrar da explicação mais uma vez.
– Você já me acordou mesmo, tenho tempo até dar o horário de ir para o colégio.
Havia uma grande diferença entre Priscilla Deleon e Taylor Swift. Taylor era como uma irmã mais velha que sempre me fazia falar o que estava acontecendo e nossa amizade mesmo sendo cercada pela imprensa era rara, sólida e descontraída. Não havia julgamento entre a gente, nos ouvíamos porque não havia ninguém que nos ligasse, era apenas eu e Tay sem pressão.
Com Priscilla a coisa era diferente. Eu sabia que sempre poderia contar com ela, sabia que poderia confiar cegamente, mas coisas tais como família, crescer juntas e não querer deixá-la preocupada me impedia de me abrir completamente, até que o ápice chegasse. Aquele momento era o ápice. Contei sobre meus sentimentos, pensamentos, sobre os dias em que havíamos nos beijado, sobre o telefonema de madrugada...
– Vocês são tão fofas juntas.– Sorri com a voz meiga do outro lado da linha.
Podia avistar o céu se tornando alaranjado através da janela coberta pela fina cortina.
– Eu sei. - Balancei a cabeça me sentindo presunçosa. - Mas o que eu faço, Marie? Não posso estar sentindo isso.
– Por que não? Pelo que percebi ela também sente o mesmo.– Balancei a cabeça em estado de negação.
– Não, ela pode só estar confusa. - Argumentei.
– Pare de ser pessimista! A mulher fez uma música pra você!– Sorri com sua impaciência.
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Everything (fanfic semi)
FanfictionPermaneci de pé no meio da sua explosão, senti mais dor do que se fosse a minha carne se rasgando, mas permaneci contigo. Você foi o meu mundo, meu tudo. A pergunta é: Em algum momento eu fui o seu?