A filosofia é algo irrelevante. Ao menos é isso o que as pessoas passam para o mundo. Ninguém está interessado em saber como o cara que inventou o relógio pensou para realizar tal feito, mas todos o usam sem questionar. Na verdade ninguém está interessado em saber o porque das coisas.
O que a sociedade quer é consumir matéria, acumular riqueza. Afinal, estamos aqui para isso, certo? Acumular riquezas, mostrar soberania, ditar como o outro deve ser.
Não critico quem pensa dessa forma e acha que filosofia se resume à Platão e Sócrates. Pelo contrário. Os invejo.
Queria eu me importar com a roupa que usarei para impressionar na reunião de família. Queria eu me angustiar porque engordei ou emagreci algumas gramas. Queria eu chorar só porque o cara mais gato do colégio não me dá atenção.
Queria tanto essas coisas. Queria tanto pensar como qualquer outra pessoa feliz em sua normalidade. Queria que os pensamentos parassem de me atormentar, queria que as questões banais e complexas sumissem de meu foco, principalmente naquele momento.
"Somos todos poeira cósmica."
Queria que a citação de Carl Sagan evaporasse assim como o fato, mas era impossível. O meu querer não era possível. Nenhum deles.
O corredor era frio e vazio. As paredes brancas pareciam se fechar a minha volta, diminuindo cada vez mais o espaço, me espremendo em uma cúpula invisível que me asfixiava inconscientemente. O ar não me chegava aos pulmões, sentia a boca seca e o corpo gelado. Os ouvidos zuniam enquanto a garganta se apertava cada vez mais.
O contraste daquele dia ainda é vivo e gritante na minha mente. Lembro de ter acordado com a sessão de cócegas de Taylor.
Incrível como certas relações se estabelecem em meio ao nada. Um exemplo era eu e Tay. Nós não possuíamos rótulos ou receios. Se me perguntassem sobre qualquer momento da minha vida adolescente até os dias atuais, eu afirmaria que Taylor permanecia ao meu lado. Sem cobranças, sem malicias ou julgamentos pré concebidos. Era como se fossemos uma em um plano social ou espiritual totalmente nosso.
Em meio a luta por controle sobre as cócegas, consegui ficar por cima da Swift prendendo os braços magros contra o colchão e sentando sobre a cintura fina. Os cachos loiros se esparramavam pelo travesseiro, alguns fios cobria os olhos claros e o sorriso largo enfeitava a face rosada.
- Por Deus! - Esbravejei tentando conter a risada que saia da garganta. - Estou pensando seriamente em te mandar de volta à Europa.
- Você não seria capaz. Não consegue viver sem mim. - Soltou convencida me fazendo revirar os olhos com a presunção.
- O pior é que tem razão. - Rolei para o lado da loira compartilhando da gargalhada fácil.
Aquele era um dos poucos momentos de paz que adquiríamos quando resolvíamos sumir do mundo. Simplesmente nos trancávamos em uma de nossas casas, nos entupíamos de besteiras e trocávamos o dia pela noite em meio à filmes e conversas desconexas. Não fazíamos absolutamente nada e era esse o segredo da felicidade. Triste era quando as responsabilidades batia em nossa porta, porque era ali que nosso conto de fadas acabava.
Olhei por cima do óculos observando a interação de minha amiga com dona Mandy. Minha mãe carregava um sorriso genuíno nos lábios finos, o rosto redondo estava mais cheio e as pernas já davam sinais do inchaço da gestação. Taylor alisava a barriga proeminente da mulher com carinho sorrindo boba enquanto conversavam sobre qualquer coisa.
O som da buzina ao longe combinou com os passos apressados que soaram da cozinha. Olhei para trás encontrando Carmem, nossa recém empregada, enxugando as mãos em um pano de prato.
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Everything (fanfic semi)
FanfictionPermaneci de pé no meio da sua explosão, senti mais dor do que se fosse a minha carne se rasgando, mas permaneci contigo. Você foi o meu mundo, meu tudo. A pergunta é: Em algum momento eu fui o seu?