Capítulo 3

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Todavía eu e Demétria estavamos próximos, todos os dias após as aulas eu ia até sua casa para estudarmos, e ensaiarmos as falas da peça, eu não estava muito empenhado, eu só estava ali para não repetir o ano e também para cumprir o castigo. Isso não significava que éramos amigos, ao contrário, eu não queria ser amigo dela.

Eu queria sim. Ela era magnífica.

Demétria era reservada, eu não sabia absolutamemte nada sobre ela, nadinha, eu só sabia que ela era filha do reverendo da igreja, que era extremamente educada. Demétria era o tipo de pessoa que ajudava um velhinho atravessar a rua, ou carregar suas sacolas, sem receber nada em troca, porque como ela mesmo dizia "Fazer o bem sem olhar a quem" . Uma coisa que eu percebia, que por mais que as pessoas a julgassem e zoassem ela pela maneira que era, ela zelava a vida, sempre falava da vida e sempre me repreendia por "desafiar a vida" . As vezes quase sempre chegava a ser chato, porém a forma como ela falava fazia com que eu prestasse atenção em cada palavra dita.

Fazia duas semanas que estavamos naquela de ir para casa dela para estudarmos, Joseph e Carter deram uma afastada de mim por causa disso, eles diziam que ela estava manchando minha reputação. No começo dei de ombros, más aquilo estava sendo repertinente.
_Vamos Wilmer, você esta entretido demais com a esquesita.

Joseph falava, enquanto me convidavam para ir a uma festa no lago.

_Não sei...

Falei enquanto dirigia.

_Quem vê acha que está apaixonado por ela...

Carter falou rindo.

_Wilmer e a esquisita, já pensou?

Joseph falou, aquilo estava realmente me irritando.

_Não estou apaixonado por ninguém, e eu vou a essa porra de festa.

Falei nervoso, estava dirigindo calmamente, quando vi Demétria e sua mãe sairem da igreja, passei por elas acelerando o carro e saindo dali. Pude ver pelo retrovisor que ambas conversavam e Demétria me dar um olhar reprovador.

Deixei Joseph e Carter em suas casas, e segui em direção a minha, eu não iria estudar hoje, não estava afim. Demétria ficou me esperando, e uma chamada perdida em meu celular me fez pega-lo e mandar uma mensagem para a mesma.

"Escuta aqui estranha, eu não me sinto a vontade ir todos os dias após as aulas estudar, não irei hoje".

Esperei alguns minutos, até ver que a mesma havia visto a mensagem no whatsapp. Ótimo, além de estranha me ignorou. Fiquei com o celular nas mãos até ver que a mesma estava digitando.

"Tudo bem Wilmer, se sinta livre para fazer o que quiser, Deus nos deu o livre arbítrio, e você tem total direito de usa-lo, espero que não se meta em encrenca, tenha uma ótima tarde, e bom... Pare de desafiar a vida".

Girei os olhos ao ver o que ela havia respondido, porque tanto ela falava sobre a vida? Aquilo era pertinente, bastante pertinente, pensei em não responder, más por fim respondi.

"Deveria parar de cuidar da vida dos outros e cuidar da sua, sabe? Não tenho culpa se você não é normal e não sabe viver a vida como eu sei, e como eu faço, deveria pensar que nem todos são como você Demétria, agora se sua vida é uma merda, não tente fazer com que a minha também seja".

Enviei a mensagem para ela, a mesma visualizou de imediato, porém me ignorou, ela realmente havia me ignorado, me senti estranho, fiquei irritado por ela me ignorar, más da mesma forma que ela ignorou minhas palavras, ignorei meu sentimento.

Passei a tarde mexendo no motor do meu carro, meu pai havia me dado ele quando fiz 16 anos, hoje tenho 19, era uma Ferrari vermelha, em momento algum cogitei em me desculpar com Demétria, quem ela pensa que é?
Realmente se a vida dela é uma merda por ser filha de religiosos, ela não tem que tentar fazer que a vida dos outros seja igual a dela.

Eu Sempre Lembrarei (Dilmer)Onde histórias criam vida. Descubra agora