Capítulo 1

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O dia estava incrivelmente maravilhoso na Califórnia. Os raios de sol esbanjava seu total calor, os termômetros alcançavam 35° graus Celsius.

As palmeiras que haviam nas avenidas perto da praia nunca me pareceram tão interessantes. Os raios de sol batiam bruscamente contra suas folhas esverdeadas, destacando-as mais. As pessoas aqui na Califórnia não era tão amigáveis, principalmente com adolescentes tipo eu, vocês logo entenderam o que eu digo. Essas mesmas pessoas também eram religiosas e frequentavam a igreja todo domingo, o que eu estou dizendo? Também frequento.

A igreja que cito, é a congregação cristã, haviam dezenas de igrejas por toda Califórnia, de todo o tipo e região. O antigo reverendo da igreja era o Senhor Patrick Lovato, más o mesmo faleceu a dois anos devido um câncer, deixando para trás a esposa Dianna que resolveu assumir o lugar do falecido marido.

Patrick.

Aquele velho era estranho, ótima pessoa, porém estranho. Talvez porque pregasse a palavra e andava sempre na linha, más isso continuava a fazer com que eu o achasse estranho.

O cheiro de sal adentravam minhas narinas, morar no litoral da nisso, sai de meus pensamentos ao notar que o horário da saída do colégio estava próximo. 15 minutos. E eu estava cabulando aula pela 3 vez essa semana, estamos na quarta-feira e provavelmente cabularia a sexta.

Dirigi até o colégio, estacionei meu carro na frente do mesmo e sentei no capo esperando os idiotas dos meus amigos, estava bebendo uma cerveja analisando tudo a minha volta, analisando as margaridas que começavam a florecer no canteiro da Senhora Pearl, os alunos saiam em grandes grupos felizes por estarem indo de volta para casa, dei um gole em minha cerveja jogando minha latinha num canto qualquer, eu ia adentrando o carro quando uma voz suave como o perfume das rosas, porém marcante como espetar o dedo em seus espinhos. Você acha a rosa suave, linda, cheirosa, más ao espetar seus dedos em um dos espinhos você a acha tudo isso, e muito mais, você guarda em seus pensamentos que não pode toca-la no caule sem cautela, era assim que eu via Demétria.

_Temos um cesto de lixo para isso Valderrama... E temos um cesto de reciclagem.

Ela falou de uma forma doce, indo até o cesto e jogando a latinha.

Demétria.

Demi.

Más para mim era Demétria, como ela dizia "não me lembro de termos intimidade alguma para me chamar assim Valderrama, para você apenas Demétria" . Eu ria mentalmente relembrando do dia que a chamei de Demi.

Ao contrário do que devam estar pensando, Demétria nunca faltou com respeito com nenhum ser vivente e não vivente na Terra, ela sempre vinha com aquela voz doce esbanjando sua total educação por ser criada na igreja.

Ela usava um suéter rosa, nunca a vi sem, usava calças jeans ou saias, nada de roupas curtas, aquilo para mim era extremamente bizarro.

Suspirei segurando o riso da lição de moral que ela havia me dado, Demétria não ficou ali parada esperando uma resposta minha, ela nunca fica, ao contrário, da última vez que ela esperou para ouvir uma resposta minha, ela foi o motivo de risos da escola toda, durante três dias. Não foi minha intenção, eu, Wilmer Eduardo Valderrama, sou assim, repeti o terceiro ano por cabular aulas, e esse ano com certeza também repetiria. Sou um dos piores alunos em matéria de comportamento e sou um dos mais desejados pelas garotas do colégio.

Esperei alguns minutos até avistar Joseph e Carter, eu presisava lhes dar uma carona para casa, para despistar minha mãe. Meu pai era médico, ele e minha mãe haviam se separado, eu tinha 14 anos, ele me envia uma pensão gorda, que no caso colabora com a minha preguiça de não ir arrumar um emprego.

_O que a esquisita queria com você?

Carter perguntou fazendo com que eu o olhasse rindo.

_Dar lição de moral, mostrar que o mundo tem que ter pessoas boas.

Todos ali começaram a rir.

_Ela é tão estranha.

Joseph pronunciou, fazendo com que Carter e eu concordassemos.

_Wilmer, parece que alguém aqui está de recuperação.

Carter pronunciou batendo em minhas costas. Eu de recuperação? Como assim? Imediatamente pronunciei.

_Repete?

_A professora Lourdes disse que você falta demais, e se não quiser fazer o 3° ano pela terceira vez, tem que fazer as recuperações.

Merda. Só o que me faltava, ir a escola. Deixei os garotos em suas casas, e segui em direção a minha, eu ainda estava inconformado com tudo aquilo.

Estava sentando em minha varanda observando ao longe o mar, ele ficava algumas quadras pra baixo da minha casa, um pouquinho longe más dava para verlo, estava sentado em minha cadeira, fumando um cigarro quando minha mãe abre a porta do meu quarto, me chamando por meu nome completo.

_Wilmer Eduardo Valderrama.

Levantei de minha cadeira indo até ela.

_A filha do falecido reverendo está ai.

Minha mãe falou numa voz doce, fazendo com que eu girasse os olhos.

_O que ela quer?

_Não sei Willy, desce e veja.

Minha mãe saiu de meu quarto, fazendo com que eu a seguisse. O que ela queria comigo? O que fazia ali?

_O que quer?

Falei seco, vendo a garota sentada no sofá de couro que havia em minha sala.

_Boa tarde Valderrama, desculpe o incômodo...

Ela falava calma, enquanto me entregava dois papéis.

_O que é isto?

Perguntei confuso, olhando para ela.

_Desculpe estar aqui, a professora Lourdes pediu para que eu viesse lhe entregar o papel da peça de teatro da aula de literatura, na qual você está sendo obrigado a participar como castigo, daquela vez... Você sabe...

Girei os olhos me lembrando da tal peça, do tal castigo que recebi por grudar chiclete na roupa de Demétria.

_Obrigada, já pode ir.

Falei a levando até a porta.

_Valderrama, a professora Lourdes e o diretor do colégio me deram a missão de te ajudar com a peça, já que eu também farei parte, e me pediram para te auxiliar nas matérias para que você passe de ano.

Ela pronunciava numa voz calma e tom baixo, merda, eu teria que passar um tempo com ela, merda.

_Obrigado novamente Demétria, já pode se retirar, amanhã veremos melhor sobre isso, tenha uma boa tarde.

Falei empurrando a garota para fora e trancando a porta, minha mãe apareceu no topo da escada com um sorriso nos lábios.

_Ela é uma ótima garota, gosto dela.

Apenas concordei querendo não concordar.

_Sim.

_O que ela queria?

Minha mãe perguntou curiosa.

_Me entregar os papéis da peça de teatro.

Falei vendo a mesma sorrir e se retirar da sala. La vamos eu, enfrentar o dragão Demétria.


Eu Sempre Lembrarei (Dilmer)Onde histórias criam vida. Descubra agora