Capítulo 14

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Eu ainda estava absorvendo cada palavra dita por Demétria, a dor que eu sentia dentro de meu peito era enorme. Ela não tinha direito.

Não tinha.

Deus? Porque ele tem que agir dessa forma? Porque?

Eu não sei, como Demétria disse "não devemos questionar as vontades de Deus" e eu iria respeitar seu pensamento.

Eu queria poder gritar, socar todos que a tratavam mal.

Me socar.

Me socar pelo simples motivo de não ter me apaixonado por ela desde o início.

Agora eu entendi, ahhh se eu entendia.

Suas explicações sobre a vida, sua total devoção a Deus. O porque dela carregar uma bíblia em mãos e principalmente "Você não deve se apaixonar por mim".

Como eu entendia aquela frase, eu estava acima da velocidade permitida. E eu estava chorando, chorando muito.

Lembrei da noite do jantar, a queda de pressão dela, os remédios que a mesma tomava. E até a suas idas ao médico quando deixava de ir a escola.

Eu me sentia um tolo, tolo por ter agido com ela daquela maneira, se eu pudesse voltar no tempo com certeza eu faria diferente. Prefiriria ela do que os populares. Pelo menos eu passaria mais tempo com ela.

Um mês ao lado de Demétria, me parecía uma vida, tudo aconteceu tão rápido. Entendi o motivo da lista.

E principalmente algo que ela disse para mim dentro do carro minutos atrás quando eu a levava embora.

"Eu tenho tantos motivos para odiar Deus Wilmer, más não o odeio, e você também não deve odia-lo. Tive uma bela vida, uma vida que sempre sonhei, más infelizmente meu tempo aqui é curto, eu te amo e te perdôo por tudo, eu te amo tanto... Me desculpe por não contar antes, me desculpe por fazer você sofrer".

Eu não odeio Deus.

Eu simplesmente não consigo entender suas aprovações. Ela não devia me pedir desculpas, tanpouco me perdoar. Como ela mesmo disse, Deus permitiu que eu entrasse em sua vida, então talvez esaa seja uma lição que eu devesse aprender, uma dolorosa lição, más eu aprenderia lidar com a dor.

Quando a deixei em casa a vi chorar nos braços da mãe quando contava a mesma que eu sabia da doença, Dianna havia me lançado um olhar piedoso acolhendo a filha num abraço e a levando para dentro.

Meu pai morava numa cidade vizinha, não era muito longe, meia hora de viagem e eu precisava verlo.

Estacionei meu carro em frente a sua enorme casa, já eram 23:30, desci do carro caminhando as pressas até sua porta tocando a campainha. Eu estava impaciente, bati na porta algumas vezes e toquei novamente a campainha.

Quando pensei em desistir o vejo abrir a porta.

_Filho? O que faz aqui?

Ele vestia um pijama e estava descalço.

_Você precisa vir comigo, vamos!!!

Eu falava desesperado, deixando meu pai sem entender nada.

_Vamos para onde Wilmer?

Ele permaneceu parado na porta vendo meu desespero.

_A Demétria pai, minha namorada, ela tem câncer.

Meu pai me deu um olhar de pena e permaneceu parado, me deixando incrédulo.

_Sinto muito, eu preciso ver o laudo dela, saber o que ela tem, não é simplesmente assim.

Ele falava sentindo minha dor, me arrependi de estar ali.

_Ela tem leucemia, entende? Leucemia.

Meu pai se aproximou me olhando fundo nos olhos.

_Wilmer, isso faz parte do laudo, isso é o tipo de câncer que ela tem. Filho a leucemia tem varios estágios, varios tipos... São quatro, e eu precisaria ver o laudo dela ver qual é o caso dela, sinto muito. Gostaria de poder ajudar, más essa não é a minha área, eu sou cardiologista.

Meu pai falava calmo, colocando a mão no meu ombro.

_Ótimo, sabia que você não iria servir, não iria ajudar, você nunca é presente.

Tirei sua mão de meu ombro voltando ao carro, eu estava triste.

Era uma mistura de angústia, raiva, dor, amor. Tudo.

Resolvi não ir para casa aquela noite. Resolvi ir atrás da igreja observar as estrelas, resolvi apenas ficar ali processando tudo.

Eu a amava, e não a deixaria nesse momento. Eu a amava. A amava e iria ajuda-la a realizar seu primeiro item na lista.

Só faltava ela aceitar.

Resolvi postar esse capítulo, depois libero os outros, beijos de neon.

Eu Sempre Lembrarei (Dilmer)Onde histórias criam vida. Descubra agora