Prólogo

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N/A: eu não tenho tempo, paciência ou energia pra lidar com encheção de saco em uma história que escrevi há quase dez anos. As mudanças serão feitas e, se eu deixar passar alguma, não tenho tempo pra voltar aqui novamente. A capa permanecerá a mesma pelo mesmo motivo. Aos que querem ler a história original, deixei o link para A Filha de Poseidon e O Filho de Hades no meu perfil.// Os capítulos depois do epílogo ainda não sofreram edição. Ronnie ainda é Verônica neles.

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Prólogo

Eu simplesmente odiava trovões.

Era uma coisa tão tosca e banal, mas eu realmente odiava. Ainda mais eu sendo filho de Poseidon. Trovões, com toda a certeza, não são coisas para filhos de Poseidon. Uma super onda, um maremoto, um naufrágio, não tenho medo de nenhum desastre marítimo, mas, por favor que você me faz, não me deixe perto de nenhum barulho de trovão. Cara, só para você ter ideia, eu tive menos medo quando fui parar no Mundo Inferior acidentalmente do que quando ouço um barulho de trovão. E sabe a pior parte?! Nico nem tem medo deles!

Ok, já chega! Cansei disso!

Levantei-me da cama de solteiro do meu quarto depois de segurar outro grito por causa do som alto do trovão que acabara de soar. Eu já sentia as lágrimas querendo escorrer por meus olhos. Era realmente uma espécie de trauma. Nem perdi meu tempo de colocar as pantufas e saí rápido do meu quarto. Posso muito bem dividir o apartamento com Nico depois de tudo o que aconteceu, mas ele sempre insistira em dormimos em quartos separados. Ele sempre me respeitou e isso foi uma das coisas que me deixou ainda mais apaixonado por ele.

Pela segunda vez.

Atravessei todo o corredor do apartamento até que encontrei a porta de cor preta apenas levemente encostada. Parei em frente a ela, lembrando-me bem da briga que tivemos quando fomos escolher as cores para as portas de cada um. Não uma briga feia, foi mais uma disputazinha para ver quem ganhava. E, como eu não sou o que se define por normal, o filho de Poseidon aqui quis disputar com o filho de Hades mais teimoso que tem pela cor da porta preta. Acontece que fui eu quem perdeu para ele no pedra, papel e tesoura e tive que me contentar com apenas o roxo.

Abri um pouquinho a porta, encontrando Nico dormindo fofamente de bruços na cama de casal, com uma bermudona cobrindo sua boxer preta. Sem camisa, com suas costas se levantando a cada respiração. Ele parecia um anjo dormindo. Mas só dormindo mesmo. Eu quase tive dó de acordá-lo e já estava prestes a dar meia-volta e me virar por mim mesmo quando um clarão atravessou a janela sem cortina dele, com as gotas da chuva forte batendo no vidro. E, menos de sete segundos depois, o barulho medonho do trovão atravessou o quase silêncio, me assustando e amedrontando a ponto de soltar um grito fraco, abafado apenas pela minha mão que já estava preparado perto da boca.

Nico se remexeu na cama e eu fiquei rezando para que ele não acordasse, mas outro trovão e, consequentemente, um grito medroso meu não permitiram. Ele abriu os olhos meio alarmado e se espreguiçou. Não me movi, mas rezei para que ele voltasse a dormir como se nada tivesse acontecido. Dava muita dó de ter que acordá-lo. Mas hoje parecia meu dia de azar e Nico logo me encontrou parcialmente à sua porta.

- Ronnie, o que houve? - ele perguntou, preocupado.

Outro trovão.

E meio segundo depois eu já estava em cima de Nico, aninhado em seus braços e com o rosto enterrado na curva de seu pescoço. Soluços sem lágrimas irrompiam por mim.

- Ei, meu amor, o que foi? - Nico perguntou, realmente preocupado enquanto acariciava meus cachos desfeitos.

Se fosse qualquer outro momento, ele teria apanhado por ter me chamado de amor. Ele sabe o quanto eu acho ridículo quando namorados resolvem inventar apelidos carinhosos e faz isso apenas para me irritar, apesar de eu achar fofo. Ao menos nele. Mas não agora. Não quando a chuva ainda batia forte no vidro da janela e havia a iminência de outros trovões.

- Respira fundo, Ronnie, e me diz o que houve. - ele pediu em uma voz carinhosa e atenciosa.

- Trovões, Nico, eu tenho medo de trovões. - eu disse manhoso, esperando que ele não caçoasse de mim como qualquer outra pessoa faria.

Mas ele não faria isso, pois sabe bem o que eu passo. Do mesmo modo que uma filha de Athena teria medo de aranhas, um filho de Hades teria medo do mar e de aviões, um filho de Zeus teria medo de túneis fechado e um filho de Poseidon teria medo de trovões. Não é um dos medos mais comuns, mas ainda assim eu preferiria encarar o Mundo Inferior novamente a ficar toda uma noite ouvindo barulhos de trovões.

- Ah, Ronnie, odeio te ver assim! - ele disse, me puxando mais contra seu peito descoberto. - O que eu posso fazer para melhorar?

Outro trovão e eu me encolhi mais contra ele, que intensificou o carinho em meu cabelo.

- E-eu acho que uma história iria me distrair um pouquinho.

- Tudo bem então, eu conto, mas vamos só nos ajeitar aqui.

Depois de alguns segundos se ajeitando em sua cama, Nico ficou meio deitado e meio esparramado pela cama de casal, enquanto eu estava sentado entre suas pernas, com as costas deitadas sobre seu peitoral. Nico envolveu minha cintura, segurando minhas mãos entre as suas. Eu fiquei com minha cabeça deitada sobre seu ombro e ele com o queixo apoiado no meu.

- Que tipo de história você quer ouvir? - ele perguntou sussurrando ao meu ouvido. Provavelmente preocupado se eu iria me assustar.

- Como assim? - perguntei, confuso.

- Mortal ou história semideusa?

Eu sorri. - Você decide.

Ele me ajeitou mais contra e si e eu sabia que ele estava sorrindo.

E eu sabia bem que história ele escolheria.

O Filho de Poseidon e O Filho de HadesOnde histórias criam vida. Descubra agora