Quase destuímos a central do exército americano

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Quase destruímos a central do exército americano

Oh, shit!

Era só isso que eu conseguia pensar naquele momento, enquanto Nico corria à minha frente. Eu tremia da cabeça aos pés e simplesmente não enxergava quase nada à minha frente. Não conseguia tirar da minha cabeça que eu trouxe todos nós à uma merda de armadilha que possivelmente foi criada por um dos deuses. É claro que eu culparia eles! Quem mais iria atrair-me para uma armadilha dessas; e o pior: eu tinha sérias dúvidas de que poderia muito bem ser meu pai.

- Vocês também ouviram?! – perguntou Nico e só aí eu saí eu acordei dos devaneios. Olhei ao redor e percebi que já tínhamos nos encontrado com o resto dos semideuses que haviam ido ao salão dos troféus.

- Escutamos, mas não consegui entender nada. – disse Lannah. Troquei um breve olhar com Nico, mas ele rapidamente desviou, como se estivesse me evitando.

- Ronnie. – chamou James e assim que olhei para ele, ele me jogou duas cintas cheias de armas e uma sacola de pano com muitas munições.

Coloquei rapidamente uma das cintas em volta da cintura, pendurando a sacola de pano na lateral, juntamente com o cantil de água. Logo depois amarrei a outra cinta envolta da coxa direita.

- Vocês têm ideia do que seria? – perguntou Edward.

Olhei rapidamente para Nico, mas ele olhava fixamente para a parede atrás do grupo, o que me fez imaginar que talvez ele estivesse evitando olhar-me diretamente. E pela tensão em seu corpo enquanto eu o observava pude perceber que sim. Senti alguma coisa se apertar em meu peito ao pensar nisso. Virei-me novamente para os outros, tentando ignorar o sentimento de isolamento que eu sentia no peito.

- É o nosso monstro. – falei, atraindo a atenção de todos. Ou quase todos, pensei amargamente ao ver que Nico ainda tentava me ignorar. – Um basilisco.

- Mas como ele está se movendo pelas paredes? – perguntou Hailley.

Levantei meu olhar e encontrei o de Annabeth e de repente arfamos. A resposta estava clara para nós. – Esse prédio é antigo... – comecei.

- E o que isso tem a ver?! - perguntou Percy.

- Antigamente eles faziam o encanamento extremamente mais alargado que atualmente. – disse Annie, e eu podia ver as engrenagens em sua mente trabalhando fervorosamente para tirar-nos daqui.

- Está usando o encanamento! – disse Evanlyn, assustada, e assim que se pronunciou, pude ouvir a aproximação do monstro novamente.

Semideuses fresquinhos no meu ninho... Deixe-me rasgá-los.

Arrepiei da cabeça aos pés, enquanto via que os outros se entreolhavam, tentando entendê-lo. Eu podia pensar em várias hipóteses para apenas eu e Nico ter entendido, mas não havia tempo.

- CORRAM! – gritei. – ESTÁ ATRÁS DE NÓS!

E então começou a algazarra. Tentamos correr em direção à saída, mas assim que viramos o próximo corredor, houve uma grande explosão. Eu, como estava mais à frente, já estava esperando para que o impacto dos pedaços da parede me acertasse e deixassem-me inconsciente, mas o que se seguiu me surpreendeu muito mais do que a explosão em si. De repente me vi nos braços de Nico, que me segurava contra o seu corpo e usava o seu próprio como escudo para que os pedaços de pedra e gesso não me acertassem. Claro, fiquei extremamente confuso, mas não tínhamos tempo para isso. Pois no meio do pó que se espalhou à nossa frente, eu pude ver uma extensa e grande pele de cobra. Se não corrêssemos, com certeza seria o nosso fim.

Nico puxou meu pulso e corremos na direção contrária, procurando uma saída junto com os outros. Eu podia sentir a aproximação do basilisco às nossas costas e a cada segundo eu achava que não conseguiria me manter mais em pé. Corremos em direção à saída e dessa vez conseguimos passar, pois o basilisco estava atrás de nós, quase nos alcançando. Mais um pouco e se não morrêssemos em olhar em seus olhos, com certeza morreríamos engolidos. Precisávamos nos separar.

- SEPAREM-SE NAS SALAS! – gritou Annabeth, dando voz aos meus pensamentos.

Senti-me sendo jogada para o lado, em uma sala pequena e vazia, de barriga no chão, no momento exato. Raciocinei um pouco e percebi que era Nico que estava ao meu lado, protegendo novamente meu corpo com o seu, colocando o braço em minha cabeça para que os destroços não me machucassem. E isso me deixou ainda mais confuso. Nico se levantou e me ajudou a levantar. Por um segundo pensei que ele estivesse me analisando para ver se eu estava inteiro, com um olhar preocupado, mas essa impressão se foi tão rápido quanto veio. Ele puxou-me de volta em direção ao corredor, que estava completamente destruído. Ainda mantinha uma posição protetora, mas mesmo assim eu não podia criar esperanças de nada. Afinal, ele estava me ignorando completamente desde que acordamos. Aconteceu alguma coisa. E eu iria descobrir.

- Estão todos bem? – perguntou Guilherme, que já estava em sua própria aparência.

- Eu acho que sim. – respondeu Evanlyn, enquanto espanava a fuligem branca de suas roupas.

- Precisamos ir. Ele pode voltar. – pronunciei-me, com a extremamente rouca.

Começamos a correr novamente, mas de repente a voz do basilisco se fez presente outra vez.

Não tão rápido... Não deixarei me tirarem os amantes proibidos!

Olhei para Nico e ele estava com a mandíbula rija, como se estivesse segurando-se para não fazer nada errado. Muito provavelmente isso era obra dos deuses, que nos odiavam eternamente. Precisava tomar uma decisão. Uma que não matasse meus amigos, mesmo que eu pudesse morrer.

- Vão. – eu disse, decidida. Eles me olharam confusos. – Vão embora e terminem a missão. Eu sei o que ele quer e não posso deixar que vocês se machuquem por culpa minha. Vou tentar distraí-lo e...

- O. Que. Ele. Quer?! – perguntou Percy, parecendo extremamente irritado.

Respirei fundo e olhei de soslaio para Nico. Não podia colocar ele nessa.

- Ele quer a mim. – respondi e todos, inclusive Nico, assustaram-se. Provavelmente ele não esperava que eu não comentasse dele, mesmo que ele soubesse que estava incluído. – Vou distraí-lo e tentar matá-lo. Sei como fazer.

- Vamos com você! – disse James, decidido.

- NÃO! – gritei. – Não vou deixar que vocês se sacrifiquem por mim.

- E eu não vou deixar meu irmão morrer! – disse Percy, decididamente.

- Eu vou ficar bem, Percy! – insisti. – Vocês vão e terminam a missão, eu vou dar meu jeito. Sempre foi assim a minha vida inteira, não é agora que vai ser diferente. Dou um jeito de encontrar vocês.

Tentei dar o meu melhor sorriso confiante, mas acho que saiu forçado demais.

- Não podemos fazer nada para ajudar?! – perguntou Hailley.

Eu assenti. – Você e Edward podem manter o céu bem ensolarado, de modo que eu possa enxergar a sombra do basilisco.

- Tem certeza que somente isso?! – perguntou Evanlyn.

- Tenho.

Eles abraçaram-me, um a um e no fim eu percebi que Nico não estava mais ali. Ele provavelmente tinha ido buscar a van, ou algo assim. Mas mesmo assim senti um aperto no coração por saber que não poderia nem me despedir dele.

- Vê se volta. – disse Lannah, na sua vez.

Queria poder prometer que sim, que eu voltaria, mas eu não podia. Tinha um nó na garganta que garantia que eu não voltaria viva. Mas ao menos eu estava fazendo o possível para não deixar que morressem. Depois de me despedir deles, eu corri, sentindo a presença do basilisco me seguindo desde o Pentágono quase destruído, passando pelo encanamento de esgoto, aos meus pés. Eu corri. Corri em direção ao Espelho D'água que ligava o Monumento de Washington e o Lincoln Memorial, que não era muito longe dali.

Eu tinha um plano. Não um bom plano, mas era o melhor que eu tinha naquele momento. Além disso, eu já prometera a mim mesma que não morreria enquanto não destruísse esse basilisco.

O Filho de Poseidon e O Filho de HadesOnde histórias criam vida. Descubra agora