Tento burlar a profecia...

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Tento burlar a profecia...

Encarei Angeline, tentando entender tudo aquilo. – Por que? – perguntei, quase inconscientemente.

- Por que?! – ela perguntou quase sadicamente, e Nico se colocou um passo à frente protetoramente. – Oras, porque deuses que não são os Três Grandes nunca foram bem vistos e meu pai sempre quis atenção, pois era também um dos mais odiados. Então resolvemos refazer os passos de Cronos, para ver onde ele errou com Percy e consertarmos esse erro. E sei bem onde foi que ele errou.

Assim que ela terminou de falar, os monstros atacaram. Eu nem me preocupei com a dracaena que corria em minha direção. Matei-a rapidamente com um corte no pescoço, depois de arrancar o Tridente do colar. Corri direto em direção a Angeline. Ela não matara minha mãe, mas se não fosse por ela, Caroline Miller ainda estaria viva, pois não precisaríamos sair em missão. Ela não modificara minha memória, mas se não fosse por ela, minha mãe estaria viva e não era preciso mudar minhas lembranças, pois minha mãe era a única que conseguia impedir com que algo fosse feito ao que eu e Nico tínhamos. Ela não arruinara minha vida, mas se não fosse por ela, eu estaria feliz ao lado da minha mãe e do meu namorado.

- Você não é capaz de me derrotar, peixinho. – ela provocava, enquanto eu desferia vários golpes contra ela, que facilmente os repelia.

Eu estava tomado pela raiva, pelo ódio e pela dor; e sabia que se continuasse assim, seria facilmente derrotado. Os barulhos da luta em volta eram apenas ecos longínquos e isso mostrava o quão impulsionada pela raiva eu estava. Então me concentrei ao máximo em um ponto que Nico me ensinou ser o perfeito equilíbrio entre raiva e controle. Depois de alguns segundos, facilmente consegui deixá-la desarmada e encurralada. Estava pronto para cortar seu pescoço com a espada em uma morte rápida e fácil. Mas um grito temível cortou o ar, chamando não só minha atenção, como a de todos os semideuses e monstros que se enfrentavam.

Ao olhar para trás, vi a pior cena que poderia se passar, deixando-me ainda mais ferida e raivosa. Lannah quem estava gritando. A dracaenae conseguira tomar a espada dela e a acertara bem no coração. E Lannah caiu desfalecida no chão, com a camiseta ensopada de sangue. A dor que eu sentia era grande e eu sabia que sentira a mesma com a morte da minha mãe. Instintivamente, peguei uma arma que estava no meu cinto e atirei na dracaena, matando-a com a bala de bronze celestial. Percy e Bradley correram até o corpo de Lannah.

Eu teria ido, se eu não pretendesse me vingar antes. Poderia cortar rapidamente a garganta de Angeline, ou atirar em uma cabeça. Mas eu queria vê-la sofrer. E foi com esse pensamento que peguei minha adaga banhada em veneno de dragão – mesmo que ela sobrevivesse à facada, seria morta pelo veneno – e enterrei no abdómen dela.

- Isso é pela minha mãe e minha irmã, sua vadia. – vociferei em seu ouvido, enquanto girava a adaga em sua pele, ouvindo-a grunhir de dor, e retirava-a.

Corri até Lannah e me debrucei sobre seu corpo já morto. "A Morte de um irmão ela irá sofrer".

- Que droga, não devia ser assim! – ouvi Bradley dizendo e eu quase podia dizer que havia lágrimas em seus olhos.

E uma luz se acendeu em minha mente.

- E se depender de mim não será. – eu disse decididamente.

Percy e Bradley me olharam confusos, enquanto todos se aproximavam de nós. Mas eu não me importava com isso. Eu me levantei e olhei ao redor, procurando alguém que pudesse me ajudar. E eu achei. Me afastei do círculo que estava sendo formado ao redor do corpo ensanguentado de Lannah e corri até Annabeth.

- Annie, Annie! – gritei até que ela me ouviu e se virou para mim.

- Ronnie, eu sinto... – ela começou, mas eu rapidamente a interrompi. Se o que eu planejasse desse certo, não seria preciso pêsames de ninguém.

- Annie, onde estão os filhos de Hebe que você encontrou?! – perguntei rapidamente, sabendo que a cada segundo era um segundo perdido.

- Na primeira barraca. – ela disse, apontando para uma barraca ao lado da de Thalia.

Deixei-a ali no meio dos vários semideuses e corri até a barraca que ela me apontou. Encontrei uma menina com cabelos negros e curtos, olho direito vermelho e um tapa-olho sobre o esquerdo e um vestido gothic lolita, e um menino de olhos azuis cobalto e uma cicatriz do lado direito do rosto. Estavam conversando em uma voz baixa e arrastada e pareceram surpresos quando me joguei na frente deles no colchão. Surpresos, não assustados.

- Podemos ajudar? – a menina perguntou.

- Na verdade, sim. – eu disse, pensando bem no que eu queria. – Digam-me que é um de vocês que viajam no tempo.

Os dois se entreolharam.

- Eu viajo alguns minutos no futuro e Oliver no passado. – a menina disse calmamente.

- Por favor, eu preciso que me ajude. – eu implorei ao garoto de quinze anos, já sentindo os soluços irrompendo por meu peito.

- Eu não volto muito tempo. – ele me disse em uma voz indiferente.

- Por favor, eu não posso perder minha irmã. Não preciso mais que dez minutos. – implorei novamente e ele assentiu por fim.

Oliver segurou meu pulso, enquanto sussurrava algumas palavras que eu apenas pude reconhecer como grego antigo antes que tudo se escurecesse. E um segundo depois eu ainda estava na barraca com Oliver, mas a irmã dele havia sumido.

- Você tem menos de cinco minutos. – ele disse simplesmente e eu corri para fora da barraca, vendo a batalha de um ângulo diferente.

Eu podia ver onde cada um estava lutando, inclusive a mim mesmo, mas no momento meus olhos procuravam por Lannah. E ela não estava muito longe de mim. Quando vi que a dracaena estava preste a atacá-la, eu corri, já arrancando o cordão de Tridente do meu pescoço. Quando me aproximei do monstro, eu consegui o atacar por trás. Até que um grito familiar, mas muito mais próximo me faz virar. Lannah sendo morta da mesma maneira. Eu matei a dracaena errada. Matei apenas uma das que poderiam feri-la. Lannah caiu sobre o asfalto do beco uma segunda vez, fazendo meu coração finalmente entender que se é impossível burlar uma profecia.

E enquanto eu ouvia um tiro passando a centímetros de mim – que eu sabia bem qual seria seu alvo –, eu sentia que estava desaparecendo.

O Filho de Poseidon e O Filho de HadesOnde histórias criam vida. Descubra agora