O dia da oficina – PARTE 3
13 de junho, 1999. Los Angeles, Califórnia
Marie
Quando Marie deixou a delegacia, surgiam os primeiros raios de sol no horizonte. E nenhum sinal de Paul até o horário.
A cada passo dado nas ruas desertas, sentia a necessidade de espiar por sobre os ombros.
Carregava a impressão de ter alguém seguindo-a. E sabia exatamente o que poderia ser. Teria a ver com a visita recebida no hospital no dia do nascimento de Liza. A mensageira da profecia maldita.
E sendo isso, o que a seguia estaria inevitavelmente, ligada a marca impossível de remover da alma de Liza.
Calafrios arrepiavam seus braços.
Podia pressentir o fim. Pairava na espreita de cada esquina, e se aproximava devagar.
Cada vez mais perto.
Já havia levado Paul, agora era a sua vez.
O desespero pesava seus passos. Nenhum táxi. Ninguém passando. Apenas a promessa sussurrada pelo vento, do terror inevitável.
Marie correu ao ver um carro amarelo dobrar na esquina.
E se a sombra tivesse ido ao hotel, onde suas filhas dormiam sozinhas? Não podia suportar a ideia. Ainda não acreditava no desaparecimento misterioso de seu marido.
Mas havia algo a ser feito. Não podia morrer enquanto não o fizesse.
Precisava contar a verdade à Liza.
Entrou no táxi e correu ao chegar no hotel.
Esgueirou-se pelo quarto, o tempo se esgotava. Podia ouvir os passos ressoarem no piso encerado do corredor.
Remexeu o mais rápido que pôde nas malas. A luz apagada atrapalhava seus movimentos.
Sabia que a palpitação e a respiração ofegante, nada tinham a ver com os dois lances de escada subidos as pressas.
Pois viu as sombras na delegacia e sabia que a seguiriam. Precisava desaparecer dali, antes que vissem Liza e Raquel.
Enfim localizou as páginas de seu diário e as arrancou. Guardou o caderno novamente na mala e escreveu um bilhete às pressas sob uma das folhas.
Introduziu as folhas arrancadas, dentro do livro cofre dado à Liza de aniversário, tinha a esperança de não precisar usá-lo, mas foi sua única escolha. Devolveu o diário à mala e deixou o quarto.
- Amo vocês – sussurrou com lágrimas nos olhos antes de fechar a porta.
Ao chegar a calçada do hotel, lá estavam.
As sombras se entrelaçavam como nuvens de fumaça, e do meio delas, surgiu a mulher mais bela que já viu.
Quando a mulher saiu das sombras, Marie, já não podia mais se mover.
O robe azul esvoaçava a sua volta, junto de seus longos cabelos negros. O vento frio, foi o responsável por levar sua voz.
Sua espinha gelou ao ver que a mulher flutuava.
Ao menos Liza, leria o diário. Se o fizesse, talvez descobrisse como escapar. Talvez houvesse uma chance.
Por favor, Deus. Que Liz consiga ler tudo.
Constatou que infelizmente, morreria com a dúvida.
Marie fechou os olhos por um instante. Quando os abriu, sufocou um grito.
Um par de olhos brancos como cera lhe encaravam.
A mulher não disse nada. Aproximou seus lábios vermelhos dos seus, e Marie sentiu seus pulmões arderem com o cheiro de sal, de terra, e de orquídea.
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Beijosssssss
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O Templo - Livro 2
Fantasy"Se Liza lembrasse do ocorrido no cemitério, talvez encontrasse a explicação para as sombras. Ou talvez entendesse de onde vinham os sussurros em seus pensamentos. No entanto, tudo o que ela se recorda é de um nome: Ethan. Até um estranho se apres...