PRESENTES

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Presentes

Liza

Passamos o dia todo olhando lojas de marca, Amanda levou muito a sério a ideia de estourar o cartão de crédito de Ethan. Apesar da minha exaustão, tivemos uma tarde divertida:

- Liza, vou mergulhar um pouco na banheira antes de assistirmos ao filme ok?

- Tudo bem, Amanda, acho que farei o mesmo. - lhe dei um sorriso antes de abrir a porta do quarto.

Pousei as sacolas no sofá ao lado da cama e vi por cima do meu travesseir,o uma caixa retangular preta, envolta em uma fita rendada de cetim marfim com um envelope deixado ao lado.
Abri primeiro o cartão:


"Me desculpe pelos últimas dias Liz.

Nunca nutri sentimentos como estes antes e nunca soube me comportar como minha posição exige.

Aceite o presente.

Olhei esse vestido na vitrine e pensei que a única coisa mais bela que ele, seria você usando-o.

Adrian"

Balançei a cabeça para afastar os sentimentos que me invadiram. Adrian era desconcertante. Uma hora amigo, protetor, sedutor. Em outras arrogante, convencido e autoritário.
Abri o armário e tirei o vestido azul usado no jantar onde Ethan anunciou o noivado. Na noite em que ao me olhar no espelho, ouvi Nathaniel me chamando de Ágape. A mera lembrança esfriou meu estômago.

Tirei da sacola o vestido que havia acabado de comprar e os estendi lado a lado na cama. O do lado esquerdo, azul como se da cor do céu banhado pelo luar e salpicado de estrelas, ali representadas por pequenos brilhantes. O vestido de Nathaniel. Se mergulhar naquele tecido me fizesse cair nos braços do homem que me deu, eu o faria agora e não haveria nenhuma escolha a ser feita.
O segundo, no centro da cama, cinza grafite, tomara que caia todo colado no corpo abrindo ligeiramente na borda, criando o formato da cauda de uma sereia, seu tecido reluzia como prata escura, o que eu havia comprado.
E por último o presente de Adrian. Na cor vinho, frente única com um fecho na nuca e um decote insinuante nas costas. Rendado do pescoço até o quadril onde o tecido mudava para organza e descia em degradê até os pés, onde se tornava rosa claro.
Nathaniel, Adrian e Ethan. Os três homens presentes de maneiras opostas em minha vida, se é que poderia chamar Ethan de homem, talvez o verdadeiro, o pobre humano escondido pela alma sombria que o dominava.
De repente me senti suja ao olhar para as compras.

O que eu estou fazendo?

Esse comportamento não tinha nada haver comigo. Não importava o tamanho do meu desprezo por Ethan, aquele dinheiro era imundo, talvez roubado ou tomado a força. E eu trabalhava em um orfanato onde as crianças sequer possuíam brinquedos.
Soube exatamente o que fazer com o cartão de crédito no dia seguinte quando devolvesse as compras.
Guardei o vestido grafite e as outras compras na sacola e pendurei os outros dois vestidos no armário.
Olhei de novo para o azul marinho e o vinho rendado. Ali estavam suas representações, um delicado e ao mesmo tempo sensual e misterioso como a noite. O outro sexy, atrevido e um pouco arrogante, mas ao mesmo tempo, sutil.

***

Sai do banho e encontrei Amanda sentada em minha cama olhando as roupas nas sacolas de compras.

- Ah! A melhor parte de se fazer compras. Guardar as roupas no armário! - disse feliz ao me ver. – Quer ajuda pra arrumar?

- Na verdade não. Amanhã vou devolver tudo.

O Templo - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora