Inesperado
Nathaniel
Eu tinha certeza que algo me seguia. Vi várias vezes uma sombra se movendo pelas areias. Não percebi que andava há horas. Estava absorto com a história dos filhos de Johan.
Quando olhei para trás e não vi mais o Templo, parei e olhei ao redor. Parecia ter entrado em alguma espécie de deserto paralelo, o ar a minha volta e o lugar onde me encontrava havia se transformado repentinamente.
Havia uma enorme montanha de neve à frente, em poucos passos a alcancei.
Grandes colunas de vapor subiam através de fissuras na crosta, dezenas de géisers aos meus pés. Estendi a mão para sentir a fumaça. Minha pele teria derretido se não fosse por meu dom de me refazer, a temperatura lembrava água fervendo.
Senti que havia mais alguém ali, vi uma silhueta na coluna de vapor ao meu lado, quando me virei, havia desaparecido.
A sombra dava voltas em mim, sempre que eu me aproximava, ela sumia para reaparecer entre as colunas de vapor mais distantes.
- Pensei que você seria mais rápido, Nate – ouvi uma voz feminina.
- Quem é você? O que você quer?
- Você é muito apressado, Nate. Entendo porque Johan anda tão irritadiço.
Ela reapareceu nas minhas costas e apoiou o queixo em meu ombro. Me afastei e flutuei até que pudesse encará-la de frente.
- Se conhece Johan, porque está aqui? E não no Templo?
- Ah, Nate, Nate. Tão ingênuo.
Não era de me irritar muito facilmente, mas a raiva que senti me motivou o suficiente para esganá-la. A segurei pelos ombros e a derrubei no chão.
- Nossa, Nate. Como sabe que gosto de ser dominada?
- Qual é o seu problema? – gritei e me levantei quando percebi o que havia acabado de fazer, e só então a notei de verdade.
Ela era linda, extremamente sexy, mas de um jeito vulgar. Ruiva com os cabelos lisos e curtos, tipo chanel, usava botas pretas de cano longo e um vestido tomara que caia de couro vermelho. Assustei-me ao reparar seus olhos, cor púrpura, exatamente como os de Johan. Mas o pior foi notar a cicatriz em seu pulso. Era o mesmo símbolo talhado abaixo da esfera no Templo. Três letras V curvadas, unidas em sua base, formando um triscle.
Sua energia não emanava vibrações positivas nem negativas, ela era muito dos dois, misteriosa. O poder que possuía, com certeza era mais forte que o meu.
Resolvi ignorá-la e retomei meu caminho de volta. Não tinha tempo e nem cabeça para isso.
- Desculpe, Nate – disse a ruiva me seguindo e andando ao meu lado – é que tenho andado tão sozinha. Na minha felicidade em lhe ver, agi infantilmente, perdão. Vou entender se quiser ir embora – dizendo isso, sentou-se próxima a uma das fissuras no chão e abraçou os joelhos na frente do corpo como uma criancinha abandonada.
Dei mais alguns passos e insatisfeito comigo mesmo, por essa necessidade de ajudar, voltei até ela e me sentei no chão ao seu lado. Fcamos ambos no centro das colunas de vapor.
- Obrigada por voltar. A propósito, me chamo Gaia – ela me ofereceu sua mão de lado.
- Prazer, meu nome você já sabe. Já sabe até do apelido, que à propósito, eu não tenho – respondi apertando sua mão. Ao tocá-la, estava com raiva novamente. Não sei o que ela era, mas sua energia definitivamente não estava me fazendo bem.
- Então Nate, há quanto tempo está no Templo? –
A olhei de relance esperando que notasse que eu não gostava do apelido e nem da intimidade forçada, ela não pareceu se importar. A cada vez que ela dizia "Nate", eu era atingido por uma fisgada, por lembrar da voz de Liza me chamando pelo apelido. Talvez ela soubesse e o fizesse de propósito.
- Não sei em quanto tempo, o tempo passa aqui.
- Interessante, você é um novato então. Ainda não aprendeu a contar o tempo.
- Gaia, há algo que gostaria de me dizer? Ou vamos ficar aqui divagando sobre os dias passados?
- Paciência Nate, nós temos tempo – respondeu ela zombeteira, com um sorriso no canto dos lábios.
- Isso é tudo, o que eu não tenho. Boa noite Gaia, foi um prazer lhe conhecer – me levantei e dei as costas à ela.
- Pensei que quisesse saber de seu grande amor, àquela por quem respira, sua Liza – disse sarcasticamente.
- Espero que isso não seja mais uma brincadeira, Gaia.
Meu amor por Liza me deixava vulnerável, eu sabia disso, era tão fácil me convencer a ficar, quanto oferecendo doce a uma criança. Mas se houvesse de fato algo que Gaia soubesse, eu precisava pelo menos ouvir.
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Hmmmm e essa Gaia, hein??? Suspeito....
Beijosss e até amanhã!
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O Templo - Livro 2
Fantasy"Se Liza lembrasse do ocorrido no cemitério, talvez encontrasse a explicação para as sombras. Ou talvez entendesse de onde vinham os sussurros em seus pensamentos. No entanto, tudo o que ela se recorda é de um nome: Ethan. Até um estranho se apres...