O Templo
Nathaniel
Eu afundava cada vez mais no mar de corpos. Passei alguns instantes aprisionado na escuridão, sem ar. Era a morte vindo ao meu encontro. Só podia ser. Deixei que me levasse. Estava pronto para partir.
- Venha! – ouvi a voz repetir. – Desperte, Nathaniel.
O rosto de Liza se iluminou para mim, e pensei que estivesse morto ao vê-la em meus pensamentos.
Mas o grito continuava me chamando, lá no fundo da consciência.
Então, respirei. Tossi repetidas vezes.
A água escorria por minha pele. As costas repousavam sobre uma superfície rígida.
Inalei o ar fresco e suspirei.
Ouvi o chamado outra vez:
- Desperte.
Tive medo de abrir os olhos e descobrir que havia sido um sonho. Porque se não fosse outro delírio, eu acabava de ver Liza. E ela pareceu me ver também.
Viva!
Liza, minha vida, meu amor, ainda vivia.
No momento em que trocamos aquele breve olhar, senti a vida retornar ao meu corpo, o coração voltar a pulsar.
Lentamente ergui as pálpebras e admirei o céu mais estrelado que já vi. Olhei em volta e não havia nada além da imensidão de areias brancas, reluzindo com o brilho da lua.
- Venha!
A voz grave vibrou as minhas costas e fitei boquiaberto a enorme construção atrás de mim.
O lugar emanava uma energia poderosa, pude senti-la vibrar por meu corpo.
Sua estrutura arquitetônica me lembrava a de um templo da grécia antiga, dezenas de colunas trabalhadas em pedras de calcário branco.
Acima dos degraus que levavam à entrada, havia uma inscrição talhada numa grande pedra em forma de um pergaminho, que era erguido a frente, pelas mãos de uma estátua de anjo:
"Templos
Templo da vida
Nascimento da morte
Templo da dor
Templo dos anjos
Templo das almas
Templo do amor
O templo onde se teve o inicio, o marco da história e o começo do fim
Templo de corpos
Templo de sangue
Templo de contos
Templo de cantos
Templo do tempo
Templo do bem ou do mal
O templo, é de quem fica
E com ele, ele fica
O templo
O templo do poder
O templo do mundo
O vosso templo"
Subi as escadas mas não consegui passar do último degrau.
Quem quer que tivesse me puxado para o mar, me libertou da maldição de Ethan. E esse alguém só poderia estar ali, senão, por que eu estaria?
- Você está no Templo, Nathaniel – ouvi a voz grave vir do centro dos pilares. – Mas o Templo não está em você. Deixe o que lhe aflige para trás, seja o senhor de si e conseguirá entrar.
Notei que para cada uma das quatro colunas principais do Templo, havia um anjo de pedra de costas em seu topo.
Por que estão de costas? Distrai-me por um momento.
Livrar-me do que me afligia era uma tarefa bastante complicada, considerando a situação. Tudo o que eu queria era sair dali, e ir ao encontro de Liza.
- Eles estão de costas para o mundo e seus homens, Nathaniel. A decepção, fez com que os abandonassem e escolhessem o exílio. Deixe a garota, por ora. Ela está bem.
- Você sabe de Liza!?
- Acalme-se, ou jamais conseguirá entrar.
Soltei o ar fustrado. Precisaria no mímino de algumas horas até conseguir clarear os pensamentos. Só conseguia pensar em Liza, e na ânsia de vê-la.
Flashes do desfecho da maldita noite de Ano Novo me invadiram. Morte. O círculo de fogo. O Delegado Machado. Liza sem me reconhecer.
Havia muito o que desvendar, e eu temia o tempo perdido enquanto estive preso no Coemiterium.
Sentei-me no degrau para esperar até que o Templo estivesse em mim. Massageei a têmpora e desejei que ela pudesse ouvir minha determinação:
- Em breve estaremos juntos, Liza. Prometo não demorar.
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Ainnn meu coraçaummmm! O Nate encontrou o Templo! E agora, gente? O que será que vai acontecer? =O
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O Templo - Livro 2
Fantasy"Se Liza lembrasse do ocorrido no cemitério, talvez encontrasse a explicação para as sombras. Ou talvez entendesse de onde vinham os sussurros em seus pensamentos. No entanto, tudo o que ela se recorda é de um nome: Ethan. Até um estranho se apres...