Luz
Liza
Meus olhos doeram com uma luz branca acesa bruscamente naquele corredor onde eu enxergava somente a frente. Havia perdido a conta do tempo. Por dias as vozes foram minha companhia. Cheguei a desejar dormir por anos, iludida na esperança de que ao acordar, o pesadelo chegaria ao fim.
Ouvi passos se arrastando e tremi ao imaginar Ethan.
A luz vibrante intensificou minha enxaqueca ainda latejante. Meus olhos se acostumaram e eu a vi, Irmã Daiana estava parada a minha frente.
- Venha minha filha, vamos tirar você daqui.
A olhei de baixo e observei a batina que cobria o seu corpo pequeno com suas formas arredondadas. Apesar da bondade estampada em seu rosto, desejei voltar para o conforto do escuro, do vazio.
Aceitei a mão que ela me oferecia e me assustei com sua força. Como alguém de idade avantajada me levantaria tão facilmente do chão?
- Beba Liza. Irá se sentir melhor – bebi o mesmo chá com gosto de flores enquanto andávamos pelo corredor, se não fossem suas mãos me apoiando eu teria caído. Tinha as pernas fracas, e a cabeça rodopiava.
- Como você me encontrou, Irmã?
- Se acalme, Liza. Vai ficar tudo bem.
Enquanto caminhávamos, notei outras várias celas ali, para meu alívio estavam desocupadas. Chegando ao final do corredor, subimos um lance de escadas, ela parecia conhecer cada canto daquele espaço e se movia como se enxergasse, apesar do branco leitoso da cegueira cobrindo os seus olhos. Irmã Daiana acendeu a luz do cômodo vazio exceto por uma cama e uma cadeira de madeira ao seu lado:
- Sente-se querida. Como se sente? – falou sentando-se na cadeira de madeira e me indicou a cama.
- Vou ficar bem irmã, só preciso de um banho e descanso. Podemos ir embora daqui? Esse lugar me dá arrepios – falei com a voz rouca pois não a usava há dias.
- Claro Liza, apenas me diga. Como veio parar aqui, caso lhe perguntem?
- Ainda não entendo bem, peguei uma carona com Ethan e ele me prendeu aqui.
- Entendo – falou ela – Então você se lembra de tudo?
Tomei mais um gole do chá e inspirei fundo. Não entendi aquele comportamento estranho, só queria ir embora antes que, antes que, tentei concluir o pensamento e não pude.
- Desculpe Irmã, do que estávamos falando?
Antes de me responder, ela sorriu e se levantou.
- Nada que não possa ficar para depois, Liza.
Saimos do cômodo estranho. A porta dava em uma rua vazia onde Ethan me esperava com um enorme sorriso. Vi seu carro parado na esquina.
- Como foi a viagem, Liza? Estava com saudade – falou sorridente.
Viagem?
Incapaz de falar, caí adormecida em seus braços, não antes de notar que irmã Daiana havia desaparecido.
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ENfim, Liza está livre... O que será que o Ethan está aprontando?
Beijossss e até amanhã amores!
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O Templo - Livro 2
Fantasy"Se Liza lembrasse do ocorrido no cemitério, talvez encontrasse a explicação para as sombras. Ou talvez entendesse de onde vinham os sussurros em seus pensamentos. No entanto, tudo o que ela se recorda é de um nome: Ethan. Até um estranho se apres...