CONFISSÃO

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Confissão

Liza

Tossi repetidamente quando voltei ao quarto. Em um instante eu observava uma cortina de fogo se aproximar e no outro sentia o colchão macio da cama.

Nathaniel me cobriu com o próprio corpo me protegendo das chamas e nos trouxe de volta. Ao chegarmos, ele me segurou pelos ombros, me olhou no rosto para se certificar de que eu estava bem, e sem me dar tempo de falar, se foi.

A cada tosse, uma pergunta me assolava. Raquel e Amanda estariam bem? O que Adrian tinha a ver com aquela mulher e porque fugiu? Ethan, quer dizer, Olaf era mesmo um anjo negro? Qual a relação disso, comigo? Teria alguma ligação com meus pais?

Minha cabeça girava com as perguntas, minha garganta parecia seca e fechada. Como se eu tivesse ingerido carvão.

- Beba Liza, vai se sentir melhor.

Adrian apareceu no meu quarto agora que o perigo estava distante. Ele segurava um copo d'água em direção ao meu rosto, e me olhava com ar de cão abandonado.

Levantei em um ímpeto de fúria, peguei a água e despejei em seu rosto. Ele arregalou os olhos assustado, depois massageou a têmpora com uma irritação visível.

- Por que não tenta me ouvir antes de me acusar?

- Porque não diz de uma vez, o que você é, e o que veio fazer aqui e dispensa o teatro de amigo/protetor? Você me abandonou! No momento que eu mais precisei, Adrian!

Soquei o seu peito sem refletir sobre o que fazia, a raiva era tamanha que eu podia sentir o fogo fazendo meu sangue arder, eu precisava me acalmar ou atearia fogo no apartamento inteiro.

Adrian segurou meus pulsos mantendo meus braços esticados para baixo ao lado do corpo e me encostou na parede.

- Liza, se acalme. Você precisa me ouvir. - Suspeitei da rouquidão de sua voz, ser um reflexo do esforço para conter a própria raiva.

- Me solta!

Lutei para me desvencilhar mais foi inútil, era como tentar mover um pedregulho com os dedos. O fogo começou a se manifestar com força e eu permiti. O senti primeiro em meu rosto, o calor ardente brotou em minhas bochechas e desceu pelos ombros até as mãos. A qualquer instante seria expelido e Adrian seria obrigado a me soltar. Ele percebeu o que eu fazia mas ao invés de fazer o que eu esperava, me imprensou ainda mais contra a parede colando e me beijou a força.

Pelo susto que levei, as chamas que queimavam internamente se amornaram e se dissiparam.

Adrian moveu os lábios nos meus lentamente. Quentes. Macios. E seu hálito era absurdamente convidativo, além do seu corpo grande e forte proporcionar uma certa segurança. Mantive a boca dura e estática, mas cedi quando suas mãos deixaram meus punhos para passear por minhas costas e chegar até o pescoço.

Adrian deslizou os dedos em minha nuca e me puxou. Perdi ligeiramente a resistência e entreabri a boca, me permitindo provar o seu beijo por alguns segundos antes de empurrá-lo pelo peito bruscamente para trás.

Como ele não esperava essa reação, consegui me desvencilhar. Andei até o outro lado do quarto e me joguei no sofá quebrado para aumentar nossa distância.

- Adrian, me conte de uma vez o que estava prestes a dizer.

Milhares de sentimentos e dúvidas me confundiam.

Eu estava com raiva, cansada, com medo, preocupada e ainda tinha que lidar com esses ataques dele. Não tinha mais forças para brigar, por isso preferi ir direto ao assunto.

O Templo - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora