capitulo 29

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O passado doloroso de Dixon

Acordei na madrugada ao som da chuva veemente que batia contra a janela. Dixon e eu ainda estávamos na mesma posição. Remexi-me tentando alcançar o relógio na cômoda para constatar exatamente a hora sem ter de acorda-lo.

— Tudo bem? Onde vai? — a voz de Dixon me dando um leve susto.

Tentativa falha de não acorda-lo.

— Desculpe acorda-lo. Volte a dormir.

— Meu sono estava leve, não se preocupe. Não consegue dormir?

Dixon saiu dos meus braços e sentou-se escorando as costas na cabeceira da cama, puxando-me para perto de seu corpo.

— Acordei com o barulho da chuva.

— Hoje faremos companhia as corujas — pude sentir um pequeno sorriso se abrir em seus lábios, quando ele beijou minha cabeça.

— E teremos lindas olheiras — abracei o seu corpo, me sentindo tão bem e protegida. — Você adormeceu rapidamente.

— Sua voz é melodiosa e calma.

Ele entrelaçou seus dedos nos meus.

— Dix...

— Estou aqui.

Sorri da sua forma de responder.

— Pode me contar o que houve com seus pais? — seu corpo tencionou. —Somos um casal agora, quero te ajudar.

Ele suspirou pesadamente.

— Tudo bem, mas devo avisar que não é nada agradável.

— Se não se sentir bem em continuar contando, você pode parar. Eu vou entender — assegurei.

— Eu sei que vai — novamente o senti beijar minha cabeça. — Quando eu tinha quinze anos, me considerava um garotinho comum como todos os outros. Eu não deixava que o fato de meus pais fosse mafioso afetasse meu crescimento, assim como eles também não — senti que ele sorriu ao falar a palavra "pais". — No dia aniversário do Steve, preparamos uma surpresa para ele. Uma festa. A irmã de Steve, Demitri e eu ficamos encarregados de distraí-lo até o horário da festa. Até ai tudo bem. Mas tudo começou a ficar estranho demais pra mim. Na festa meus pais olhavam para todos os lados como se estivessem procurando alguém, e depois nos olhava e sorria. Lá no fundo sabia que não era um sorriso verdadeiro. Eles escondiam algo.

Dixon apertou levemente minha mão.

— Estávamos todos conversando quando a música baixa parou de tocar e um homem começou a cantar "parabéns para você, que só tem a perder, o melhor presente, eu darei a você" — ele meio cantarolou, fungando. Senti lágrimas silenciosas sobre meus cabelos. — Então foi quando vi pelas expressões de meus pais que era a pessoa que eles estavam procurando. O homem gritou onde estava o aniversariante, mas meus pais se recusaram a dizer. Isso fez o homem se alterar e mandar atirar e um dos próprios homens deles, como um alerta de que não estava brincando e se fosse preciso machucaria qualquer um naquele salão. Meus pais pediram que eles os levassem no lugar de Steve. O que não deu certo, e os homens começaram a atirar. No meio de pessoas caídas, atiraram na direção de Steve e a irmã dele se pôs na frente a expressão no rosto de Steve quando abaixou-se para ajudar a irmã, me doeu tanto que eu por alguns minutos fiquei sem reação...

A essa altura eu já deixava minhas lágrimas banharem meu rosto. Eu era sensível demais, no entanto, chorar pelas coisas e pessoas certas valia a pena. Eu chorava por que consegui, mesmo que pouco, sentir a dor do meu namorado.

Verdadeiro Sequestro, uma história de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora