Capítulo 45

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Você pode, hoje!

— Você está fazendo um ótimo trabalho — a voz forte e suave ao mesmo tempo irrompeu meus pensamentos. — Posso entrar?

Assenti, me perguntado se ele tinha consciência de que estava mais dentro do que fora da sala. Levantei-me da cadeira com duas recém-tiradas fotografias nas mãos e pendurei no mural para colocar no lugar certo depois.

— Achei que estaria preso a uma reunião na empresa. — Permaneci de pé, encarando-o.

— Fiz uma revisão minuciosa nos assuntos a serem discutidos e descartei tópicos desnecessários, isso evitou perda de tempo. — Ele olhou cada foto do mural. — Estas estão realmente boas.

— Obrigada.

— Não vi Mandy e Graice. Elas saíram e a deixaram aqui?

— Não tiveram outra escolha se não o fazer. Precisei aproveitar a aula de hoje para esclarecer algumas duvidas.

— E conseguiu?

— Sim.

Um silêncio incômodo instalou-se entre nós. Vinha sendo assim desde que voltamos do hospital há duas semanas. Dixon tem respeitado meu espaço, pensava bem antes de dizer qualquer coisa. Quando se tratava da minha saúde, meu dia e Noah, ele se atrevia um pouco mais a soltar as palavras.

Não podia negar que ele estava se esforçando a reconquistar nosso relacionamento.

— Sinto sua falta, Ally. — Fui pega desprevenida. Diante da súbita declaração eu apenas o encarei. Dixon permaneceu onde estava; de pé ao lado da mesa onde o book de fotos que ele havia me presenteado estava aberto. — Não consigo parar de pensar que o abismo entre nós tem aumentado.

Eu queria dizer que era só impressão dele, que nada tinha mudado, mas eu sabia que isso o feriria de uma maneira que talvez eu não pudesse concertar.

— Malditamente me vejo tentado a forçar uma aproximação para depois pensar duas vezes em reavaliar minhas ações.

— Não tenho intenção de fazê-lo se sentir dessa maneira, Dixon. — E não tinha mesmo. — Mas não consigo me aproximar de você sem não pensar que fui enganada todo esse tempo. Eu nem mesmo sei se você...

Eu parei no mesmo instante.

— O que não sabe? Diga-me. Por favor.

— Se você realmente me amou.

Os olhos castanhos avermelhados relampejaram furiosos. As mãos passearam ferozmente pelo cabelo negro bagunçando suas mechas bem penteadas.

— Becker — ele estava furioso. — Desde que a conheci de verdade não houve um maldito dia em que eu não a amasse mais que a minha própria vida. Não tenho direito de ama-la, não tenho! Mas o que posso fazer quando prometi a mim mesmo que não desistiria da única escolha certa que fiz em toda minha vida? — Ele passou a mão pelos cabelos outra vez. — Deixei você entrar em minha vida da maneira errada, mas quero que permaneça da maneira certa.

— Dixon não podemos mudar o que aconteceu.

— Minha consciência tem sido meu lembrete assim que abro os olhos toda manhã. Mas temos em nossas mãos o poder de construir um presente diferente, novo, sem mentiras, sem segredos.

— Eu... — apontei para a tela do computador onde uma janela ainda permanecia aberta — preciso terminar isso antes de Noah chegar.

— Vai precisar atualizar seu currículo de desculpas por que não vou deixar de tentar.

Verdadeiro Sequestro, uma história de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora