Capítulo 06

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A música do video é: Angels da Within Temptation

Marcas da dor

CADA VEZ QUE O CHICOTE ENTRAVA EM contato com a pele de minhas costas exposta, eu gritava e gritava, a dor estava insuportável. Entre uma chicoteada e outra, devia ter um intervalo de dois minutos para que eu sentisse a profunda dor de cada uma delas. Essas foram às ordens de Dixon.

— E agora, porque não abre a boca para gritar comigo? — Dixon provocou em algum canto da sala.

Eu nada consegui responder.

— Não vou deixa-la morrer agora. Você ainda terá que servir a mesa muitas vezes. Podem passar.

— Sim, senhor.

Eu não enxergava nada, a escuridão me consumiu por completo. A dor que eu sentia era difícil de identificar, não estava exatamente em minhas recentes feridas, era em algum lugar mais profundo.

— Aaaaah!

O cheiro de limão jogado em minhas costas exalou em minhas narinas. Eu me contorcia toda amarrada tentando, impossivelmente, evitar a dor. Contorci-me durante longos minutos até sentir minhas mãos sendo seguradas fortemente.

Meus cabelos grudavam em meu rosto suado. Juntei o que me restava de ar para tentar falar alguma coisa, mas a única palavra que saiu de minha boca foi seu nome:

— Dixon...

Minha voz falhou.

— Parem! — ordenou ele. — Como sabe meu nome?

— Dixon!

A voz de Steve soou ao longe de minha mente antes de eu perder a consciência.

**********

A LUZ ATINGIU MEUS OLHOS. GEMI, fechando-os novamente um tanto desorientada.

— Ally?

Permaneci de olhos fechados sem qualquer reconhecimento da voz que me chamava.

— Ally, sou eu Mirian.

Mirian?

Rapidamente, tentei inutilmente me levantar, mas a pontada em minhas costas me fez se contorcer e permanecer deitada. Olhei para o lado direito onde Mirian e Steyce me encaravam surpresas.

— Precisa ficar deitada. — disse Steyce impedindo que eu me sentasse novamente. — Seu corpo está enfaixado e sua perna machucada.

Eu estava debaixo de uma coberta grossa com desenhos de rosas escarlates. Senti o cheiro de uma colônia diferente em meus cabelos. Levantei vagarosamente o cobertor para ver o que apertava levemente meu corpo. Acima da cintura estava engolida por faixas. Meus braços estavam com pequenos curativos. E minha perna com uma faixa.

— Eles me querem morta, por que me trouxe de volta?

— Te quer morta? — Steyce olhou sem entender para Mirian. — Dixon, ele...

— Não! — Elevei minha voz, apavorada, antes que ela concluísse sua explicação...

— Ally, acalme-se! Você não está bem.

— Eu não posso ficar aqui!

— Steyce, pegue um sedativo! — Mirian ordenou, enquanto segurava fortemente meus braços.

— Não, por favor, não.

Steyce correu até uma pequena cômoda ao lado de um grande vaso de plantas. Abriu a gaveta como se sua vida dependesse dela pegar o que foi pedido. Com meu corpo impossibilitado e minha perna machucada eu não conseguia fazer esforço e impedir que elas me sedassem.

— Aqui está.

Steyce entregou a seringa nas mãos de Mirian.

— Não, por favor...

Uma lágrima solitária rolou sobre meu rosto.

— Me desculpe por isso — em um movimento rápido, Mirian aplicou o sedativo. — É um sedativo para te acalmar.

— Por quê? Porque estão ajudando eles?

— Eles Quem?

Steyce olhou para Mirian franzindo o cenho.

— Dixon, isso é obra dele...

A expressão no rosto de Mirian era indecifrável.

— Steyce chame o Steve, por favor.

— Claro, eu já estou indo.

Steyce antes de sair trocou olhares com Mirian e assentiu como se estivessem conversando telepaticamente.

— Eu sinto muito por tudo isso — Mirian disse, após segundos em absoluto silêncio.

— Não, Não — estranhei minha voz sair lentamente.

— O efeito do sedativo é imediato — ela explicou, olhando para a seringa sobre a cômoda.

— Por que mandou chamá-lo?

— Eles precisam saber que você acordou.

— Ele me quer morta — nem raiva me ajudava naquele momento.

— Não Ally, isso é um...

— Eles estão aqui! — Steyce, abriu a porta deixando meus pelos arrepiados com o "eles".

Steve entrou sozinho e, alguns segundos depois, Dixon também entrou. Em passos lentos ele parou no centro do quarto enquanto Steve se aproximou da cômoda ao lado da cama e se escorou sobre ela. Ambos me observavam, mas nenhum falou nada. Eu não sabia se era de mim, ou se era por causa do efeito do remédio em minhas veias. Mas eu não sentia medo. Não sentia nada. O desespero de antes despereceu.

— Steyce disse algumas coisas no caminho para cá. — Steve quebrou o silêncio. — Ela precisou de sedativo, por isso?

— Sim — afirmou Mirian —, ao saber que Dixon a trouxe de volta.

— Trouxe de volta — Steve empertigou-se e olhou para o teto. — O choque é grande — reverberou. — Você é uma garota admiravelmente forte, Ally.

Eu nada respondi.

— Mirian — Dixon olhou atípico para ela —, me acompanhe um instante, por favor.

— Sim, senhor.

Ambos saíram deixando a porta somente encostada enquanto conversavam.

— Ally? — chamou Steve. — Você pode me dizer o que houve?

Steve assentiu pressionando os lábios com o meu silêncio.

Mirian e Dixon adentraram novamente antes que Steve fizesse outra pergunta, para não obter uma resposta. A expressão no rosto de Mirian não era satisfeita. Seja qual tinha sido a conversa de ambos, não a agradou.

— Ally...

Meu coração acelerou. O meu nome saiu de forma dolorosa dos lábios de Dixon.

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Continua....

Olá! Tudo bem?

Desejo a vocês um final de semana maravilhoso. Fiquem com Deus!

Não esqueça a estrelinha 😢

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Escrito e publicado por: Dhiedy Bueno, na plataforma Wattpad.

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Verdadeiro Sequestro, uma história de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora