Eu havia entendido. Krinh tinha certeza de que eu morreria com ele, foi preciso um momento de calma e reflexão para entender de que maneira eu morreria ele se referia. Krinh morreu com uma bala na cabeça e eu morreria no meio dos escombros daquele prédio junto dele.
— Fiz uma promessa e vou mantê-la. — Krinh não precisava estar vivo para saber que eu não morreria ali. — Eu não morrerei aqui.
Disparei a correr escada abaixo. O som do prédio desabando se tornava mais alto ao que me aproximava pronto para sair daquele edifício no meio do nada. Mesmo em meio à euforia momentânea, as palavras de Krinh sobre o traidor não saíram da minha mente. Seria menos dolorido se um traidor não fosse chamado de amigo.
Por que alguém próximo a mim almejaria a minha morte?
Quando finalmente cheguei ao primeiro andar, encontrei Demitri e os outros parados olhando assustados na minha direção.
— O que estão fazendo ai parados? Querem virar panquecas?
— Onde está Krinh? — Steve apressou seus passos para correr ao meu lado.
Antes de respondê-lo, olhei para os muitos corpos atirados ao chão. Depois das palavras de Ally quando tivemos nossa primeira conversa, era inevitável não querer que as missões fossem menos — se possível, uma alma com cérebro pensasse em preservar as vidas de seus companheiros — sangrentas.
Na época em que meus pais lideravam — minha mãe era uma médica e arqueira na máfia — a organização, faziam de tudo para evitar o derramamento de sangue. Por mais que seus rivais estivessem passado dos limites, meus pais tentavam ao máximo ter controle sobre si mesmos em não tirar a vida dos outros. Uma chance de sobrevivencia que foi devolvida com a morte.
De início eu não me importei em derramar o sangue daqueles que tiraram as pessoas mais importantes da minha vida. Eles tinham que pagar! Contudo, eu tentaria não ser um carrasco desnecessariamente. Assim como eu, muitos deles tinham família.
— Ele fez a mesma coisa que Solange — respondi por fim, ignorando o olhar surpreso de Dimi e Steve. Isso era suficiente, eles não precisavam saber dos demais detalhes. — Parece que não fui o único a sofrer a macumba daquela víbora. Pena não ter alguém para salva-lo.
— Isso explica por que não o reconhecemos...
— Ali! — Lua apontou em nossa direção. — Meu Deus! Graças a Ele vocês estão bem!
— Não temos mais nada a fazer aqui. Todos foram aniquilados? — perguntei a Wellington, na esperança de que tivesse sobrado algum capanga que pudesse me dar mais informações a respeito do que Krinh havia dito.
— Sim, senhor!
No momento era melhor não pensar a respeito. Eu só queria voltar para Ally e, me desculpar, preparar a sua surpresa.
Suspirei.
Meu olhar estava sobre Steve, enquanto caminhávamos até os jatos, não pude deixar de observar cada um deles, por mais que eu tentasse, não conseguia ver um traidor em nosso meio.
Talvez, ele não estivesse aqui.
— O que te incomoda, Dixon? — Vivian, aproximou-se sorrateiramente quando fiquei andando atrás sozinho. Eu tinha percebido que ela me observava. — Os outros estão empolgados demais para notar que saiu daquele prédio diferente. Ou se notaram decidiram fazer o oposto do que estou fazendo agora, perguntar. Sou médica e sei quando um paciente não está bem.
— Não leve para o lado pessoal, mas não sou seu paciente.
Vivian riu.
— Tudo bem. Você é meu amigo, agora poderia me dizer?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Verdadeiro Sequestro, uma história de Amor
Romance"Passei tempo suficiente para me apaixonar por você" Se apaixonar por heróis é tão estressante para Ally Backer, uma jovem de vinte e três anos, que em toda sua vida, foi apaixonada por vilões. Desde pequena acreditou secretamente em uma organizaçã...