Capítulo 01

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Jantar especial em família

Porque vilões são sexy's e suas vidas mais interessantes?

Quando me fiz essa pergunta, eu já tinha aceitado que era uma mulher com gostos estranhos. Não precisei que alguém me fizesse perceber o óbvio. Eu gostava de vilões! Não, acho que gostar era bem fraco para o que eu sentia por eles.

Eu era fascinada.

Eu sabia a reposta da minha pergunta, ou me convenci da que eu queria ouvir: a vida deles não é monótona como a de super-heróis que, embora os vilões sejam distintos, seus trabalhos continuam o mesmo: salvar a cidade, resgatar a mocinha — sempre tem uma mocinha —, e colocar os fora da lei atrás das grades.

No caso dos vilões, eles impressionam com a genialidade dos planos e o conhecimento, mesmo sendo eles usados para o mau — o que é uma pena, isso eu tinha que admitir. Porém, muitos deles não eram uma causa perdida. Só precisavam achar a pessoa certa para os libertarem.

Allyzinha?

Virei-me para ver meu pai.

— Falando de boca cheia, pai?

— Está quente — ele deu de ombros. Uma desculpa quase convincente se eu não o conhecesse — O nhoque está ótimo, filha — completou, rindo.

— Com certeza deve estar, já que foi tão apressadinho em pegar um, não é?

— Pelo menos ele não quis me deixar — seu sorriso murchou.

— Pai, eu sinto muito. É uma oportunidade única.

— E eu jamais a privaria de seguir seus sonhos, querida dois — Meu pai sorriu fraco. — Só estou tendo minha crise de pai.

Eu tinha recebido a carta de admissão na Royal College of Art, em Londres. Meu pai e minha mãe ficaram felizes por eu ter sido aceita, embora o fato de eu ter escolhido uma Universidade longe ter os deixados tristes. E porque eu partiria na próxima semana.

Era o meu sonho. Não podia deixar passar assim.

— Vem, vamos jantar, sua mãe está nos esperando.

Minha mãe estava na cozinha preparando um jantar especial. Segundo ela, não teria coragem para preparar uma despedida sem choros pela única filha estar seguindo um rumo sem precisar da ajuda deles. Claro que era drama compreensível de mãe preocupada.

— Eu vou ligar sempre, mãe. — E realmente iria. — Não vamos ficar com esse clima.

— Se não ligar Ally Backer, eu não irei mais falar com você — ameaçou meu pai. — Palavra de escoteiro.

— Bem sei que o senhor nunca foi escoteiro, então acho que vai falar comigo de todo jeito. Mas irei ligar pai, farei o possível.

— Esse "fazer o possível" não me serve de garantia, meu amor. Gostaria muito que você voltasse com as aulas de artes marciais — ele disse, passando o braço pelos meus ombros puxando-me em direção à cozinha. — Dessa forma eu ficaria mais tranquilo, tento uma filha não tão enferrujada.

— Pois é, mas não tem como voltar a treinar agora — dei um sorriso amarelo. — Mas com o pouco que sei, consigo me manter segura.

— Vocês ai, sentem-se! — Minha mãe exclamou, colocando uma jarra de suco sobre a mesa. — Ally, é melhor mesmo que se mantenha segura. Não respondo por mim se souber que um infeliz encostou o dedo para feri-la. — O tom gélido de minha mãe surpreendeu tanto a mim quanto ao papai.

Eu era uma copia da minha mãe, com idades diferentes. Cabelos castanhos lisos de longo cumprimento. Olhos castanhos escuros, um corpo bonito, mesmo não sendo tão desenvolvido para minha idade, algo que eu me perguntava por que a nova geração de garotas parecia mais mulher que eu. Mas isso pouco importava desde que eu não fosse barrada no cinema.

— Uau, mãe! — exclamei maravilhada, a mesa estava magnifica. — Na próxima vez, me dê umas dicas a mais de culinária.

— Eu te ensinei tudo o que sei.

— Mais que o suficiente para eu sobreviver sozinha?

Ela riu, assentindo. Minha mãe sentou-se ao lado do meu pai e quando todos pegaram um copo eles insistiram em brindar a minha felicidade. Por pouco não desabei ali, guardava minhas lágrimas para meu travesseiro.

— A sua felicidade, querida — disse meu pai.

— A nossa felicidade pai.

Ele deu de ombros e minha mãe arqueou as sobrancelhas para ele.

O jantar foi feito entre risos e conversas. Eu jamais esqueceria momentos como esse em toda minha vida. Eram únicos. Eu não me via sem meus pais, meus únicos parentes de sangue. Eles eram tudo pra mim.

Depois de toda bagunça meus pais subiram para o quarto e eu fiquei para arrumar a cozinha, após muito insistir. Tinha que redobrar a ajuda nesses dias restantes, com qualquer coisa. Deixei a cozinha tão brilhosa que tive orgulho de mim mesma. Eu estava pronta pra viver sozinha nessa sociedade estranha e maluca.

Mandei um SMS para Mandy, minha melhor amiga, marcando de irmos ao cinema no meu penúltimo dia na Itália. No caminho até meu quarto, ouvi os murmúrios vindos do quarto de meus pais, me aproximei para ouvir o que eles conversavam.

Curiosidade era um defeito que eu estava tentando lagar, antes que me metesse em problemas.

— Eu quero contar a ela Luca. Ela precisa saber — disse minha mãe.

— Querida, no tempo certo ela vai saber. Não vamos apressar as coisas.

— Sei disso, mas...

— Raschele, meu amor, vamos apenas esperar. Tudo bem? — Ouvi um "tudo bem" não tão convencido da minha mãe e ambos se calaram.

A conversa deles me despertou uma grande curiosidade, porém se era algo que meu pai não estava de acordo com ela por enquanto, era melhor esperar ambos decidirem juntos o momento certo de me contar.

Cansada segui até meu quarto para terminar de arrumar algumas coisas que levaria para a Universidade.

A partir do dia seguinte minha vida ia mudar.

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Olá! Vocês estão bem?

Desejo a vocês uma semana maravilhosa. Fiquem com Deus!

Não esqueça a estrelinha 😢
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Escrito e publicado por: Dhiedy Bueno, na plataforma Wattpad.

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Verdadeiro Sequestro, uma história de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora