A música desse capítulo é: The sun is rising, Britt Nicole.
Por um momento apenas, me deixe chorar
Continuei onde estava, olhando para a porta. As coisas não tinham que ser daquela maneira, não precisava. Nunca gostei de segredos, sendo eles bons ou ruins. Mas, o que me fora presenteado em meu aniversário não era um bom. Me machucou mais saber que meus pais foram motivo de chacota daqueles...miseráveis!
Por Deus! Aquilo era demais para suportar.
Caminhei até o vaso fragmentado no chão, me sentindo na mesma situação: quebrada. Recolhi alguns cacos para jogar no lixo. O frio da manhã entrava pela janela bagunçando ainda mais meus cabelos. A agonia de sentir o remorso por não ter feito cada minuto valer a pena me invadia intensamente.
— Vou preparar nosso café da manhã. — Mandy se pronunciou, naquele silêncio triste, melancólico.
— Deixe que eu limpe isso. — Greice se ofereceu, levantando-me do chão. — Sente-se e descanse mais um pouco.
— Eu sou horrível, não sou? — Greice me olhou tentando entender o que eu estava falando. — Fui uma péssima filha. Deixei meu filho, e...
— Não, você não é! — ela se aproximou pegando minhas mãos. — Você está se culpando demais Ally. Depois de perdermos alguém, há sempre uma dor forte que invade nosso coração, embora palavras não apaguem o sofrimento sentido. Noah está bem e esse ferimento em sua mão é a prova que você se sacrificaria ainda mais pelo seu filho.
— É só que meus pais eram os únicos do mesmo sangue que eu, e já não tenho mais ninguém. Eu fui tão egoísta deixando eles para ir a Londres. Agora não fiquei com nada... nada.
— Ally, pare! Se culpar não vai fazê-la superar. Não diga que está sozinha... seus pais não gostariam de vê-la se torturando dessa maneira. Além deles, você ainda tem uma família que te ama, você tem a nós. Para Sempre!
— Eu queria que eles conhecessem Noah, o meu primeiro filho, queria apresentar o Dixon. Eu tinha tantas coisas a realizar com eles...
— Não pense demais...
— Parar de pensar é uma tentativa inútil. Esse é meu castigo?
— Não, não é! Agora...
— Eu vou ao Sótão — a interrompi. Meu corpo tremia como se estivesse com frio.
— Tudo bem, não demore lá em cima... — Greice soltou minha mão relutante.
Eu queria ouvir pelo menos algumas músicas clássicas instrumentais que meu pai gostava. Ele costumava guardar os discos no sótão e quando queria descansar subia para ouvi-los. Quando eu estava muito cansada, me deitava em seu colo e ficava apreciando as profundas melodias. Eu tinha uma favorita, embora parecesse triste, eu amava. Quando ouvi princess the Moon de Bandari pela primeira vez, chorei sem parar sendo acariciada pelas mãos gentis do meu pai. Agora, só me restava à melodia e a sensação imaginaria de mãos acariciando minha cabeça.
— Eu disse pai que era triste — falei para o nada, quando a primeira nota ecoou dentro daquele pequeno cômodo. — Queria sentir suas mãos me acariciando... uma última vez? Não podiam me esperar?
As notas agudas pareciam facas que abriam minhas mais profundas lembranças de momentos felizes. Uma tortura angustiante. Segurando meus soluços para que Mandy e Greice não ouvissem eu tapava minha boca com uma blusa de frio velha do meu pai.
"Um espirito guerreiro é aquele que mantém de pé em meio às fraquezas" ele disse uma vez.
— Pai, não... — soltei o ar engasgado. — sei o que fazer...
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Verdadeiro Sequestro, uma história de Amor
Romance"Passei tempo suficiente para me apaixonar por você" Se apaixonar por heróis é tão estressante para Ally Backer, uma jovem de vinte e três anos, que em toda sua vida, foi apaixonada por vilões. Desde pequena acreditou secretamente em uma organizaçã...