- Por onde você andou? - A voz de Dena soava acusatória quando Cassidy entrou em casa, imunda e encharcada.
- Lá fora, a cavalo - disse ela, logo percebendo a palidez do rosto da mãe. Em vez do sermão que estava esperando, Dena abraçou a filha e começou a soluçar. Alheia ao fato de que arruinava seu vestido de seda, abraçou o corpo encardido da filha.
- Graças a Deus você está a salvo. Houve um incêndio...
- Eu sei.
Dena apertou-a.
- Encontraram dois corpos.
Cassidy fechou os olhos, recusando-se a pensar nos restos carbonizados que os bombeiros haviam levado para fora do moinho. Angie e Brig. Que não seja verdade.
- Ainda não os identificaram: um homem e uma mulher, mas Angie e Derrick estão desaparecidos e, ai, meu Deus, Cassidy, se eles estiverem mortos, não sei o que iremos fazer, o que Rex irá fazer.
- Angie? - repetiu ela, o coração apavorado, embora soubesse da verdade. A forma como havia voltado para casa era algo de que não se lembrava. Soltara as rédeas do cavalo, e ele virara na direção de casa, mas a cavalgada se dera sem ela saber onde estava, o que estava fazendo. De repente, viu-se na estrada... Não se lembrava de ter desmontado... Ai, meu Deus, por favor, por favor, não...
- O carro de Angie estava estacionado a dois quarteirões dali - disse Dena, com o coração partido.
- Não. - Cassidy balançou a cabeça e começou a recuar, tentando espantar a imagem terrível de sua mente, negando o que seus próprios olhos haviam visto. - Não é a Angie. Não é. - Estava tremendo. Batendo os dentes, o medo se apoderando de seu coração com suas garras aterrorizantes. Se ficasse repetindo aquilo várias vezes, se pudesse se convencer de que Angie estava viva, então, talvez, acordasse daquele pesadelo terrível e...
- Espero que você tenha razão. - Dena passou os dedos trêmulos pelos cabelos. - Seu pai, neste exato momento, está com a polícia e... Derrick. - A voz de Dena falhou e ela piscou entre lágrimas. A maquiagem lhe escorria pela face, deixando linhas pretas nas maçãs do rosto.
Cassidy lembrou-se do rosto do irmão, franzido de raiva, o ódio reluzindo em seus olhos, uma arma mortal nas mãos. Pronto para arrancar sangue de alguém.
- Não consigo... - A voz de Cassidy mal era ouvida. - Não consigo acreditar. Derrick e Angie. Eles vão chegar em casa. Têm que chegar. - E Brig. Ele tem que estar vivo. Todos eles têm que estar vivos.
Dena soltou um gemido de lamento.
- Ah, querida, como eu gostaria de acreditar!
- Eles estão bem! - Cassidy quase gritava, negando-se a acreditar no horror que havia testemunhando com os próprios olhos. As palavras de Brig a assombravam. Ele estava procurando por Angie naquela noite; ela queria se encontrar com ele, embora eles tivessem estado juntos no churrasco da família Caldwell.
- Reze apenas para que não seja verdade. - Dena fungou, sua tranquilidade abalada desaparecendo aos poucos. - Já me sinto grata por você estar viva. Tão grata. Agora, entre e... tome um banho. Vou preparar chá e café com leite, ou talvez fosse melhor você ir para a cama... Ai, meu Deus, onde está o Rex? Ele já saiu há mais de uma hora e não devia demorar esse tempo todo na polícia. - Começou a chorar novamente, murmurando alguma coisa sobre tudo ser culpa sua. Cassidy, o medo a congelando por dentro, conduziu a mãe até as escadas. - Preciso de um cigarro. - Dena examinou o corredor à procura da bolsa.
Naquele momento, luzes de faróis invadiram as janelas, e Cassidy viu três carros descendo a estrada - no que se assemelhava a uma procissão fúnebre. E era. Sua garganta pegou fogo, o cheiro de fumaça ainda impregnado em sua boca. Começou a tremer vertiginosamente. Uma viatura policial chegava em primeiro lugar, seguida pelo Lincoln de Rex Buchanan e pelo Mercedes do juiz Caldwell.
Com o estômago revirado, Cassidy abriu a porta e foi andando com as pernas bambas até a varanda frontal. Dena a segurou pelo braço.
- Ai, meu Deus, não. Por favor, não - sussurrou Dena.
Cassidy observou, desesperada, quando o pai saiu aos tropeços do assento do passageiro. Seu rosto estava sujo de fuligem, os cabelos colados por causa da chuva, e seus ombros largos e caídos anunciavam a dor em seu coração.
Dena deixou escapar um grito fraco de protesto.
A bile subiu pela garganta de Cassidy, e ela mal sentiu quando a mãe segurou com força seu pulso ferido.
Com o juiz e o xerife Dodds como companhia, Rex foi caminhando devagar para a porta frontal. Antes que pudesse dizer quaisquer palavras, a caminhonete de Derrick cantou pneus na estrada, parando violentamente no pátio. Derrick saiu apressadamente do carro. Com as narinas se alargando de tanta raiva, os cabelos colados na testa, dirigiu-se a passos largos para a casa.
- Vou quebrar a porra do pescoço dele! - Ainda estava carregando a arma, e sua camisa estava rasgada, mãos e braços enegrecidos de pólvora, os olhos mergulhados em puro ódio. - Juro por Deus que vou matar esse camarada!
- O que houve...? - Dena perguntou ao marido. - A Angie não...
Rex apertou os olhos com tanta força que chegou a cambalear, e Cassidy teve certeza de que ele iria desfalecer.
- Não, papai, não pode ser - disse ela, sem querer ouvir, recusando-se a acreditar na morte que via nos olhos dele, incapaz de aceitar o que ela mesma havia presenciado. - Não...
- Suba, Cassidy.
- Mas Angie...
Lágrimas acumularam-se nos olhos do pai.
- Ela está com a mãe dela agora.
Derrick deixou escapar um berro agoniado de incredulidade. Sofrendo, mirou a arma para a lua encoberta pelas nuvens. Bum! A arma disparou. Uma rajada de balas no pátio.
- Largue isso, meu filho - insistiu o juiz, atravessando rapidamente o gramado, a mão estendida para a arma.
- Me deixe em paz!
- Derrick - censurou o pai, sua voz quase inaudível por causa do vento. - Entre.
- Pro diabo! Ela está morta, pai, morta, e aquele canalha do McKenzie a matou!
- Pare com isso, filho. Faça como o seu pai está pedindo - insistiu o juiz.
A arma disparou mais uma vez, atirando uma rajada de tiros para as nuvens. Derrick caiu de joelhos e começou a chorar copiosamente.
Cassidy não conseguia se mover, não conseguia falar.
Dena passou os braços pelo marido, puxando-o para si, como se estivesse com medo de que ele fosse se desintegrar.
- Está tudo bem - murmurou, sem saber para quem. - De uma forma ou de outra, ficará tudo bem, e nós conseguiremos passar por isso.
Rex Buchanan perdeu o equilíbrio, e a esposa o ajudou a se levantar. O juiz conseguiu convencer Derrick a entrar, e o xerife, homem alto de cabelos ruivos e nariz arredondado, parecia sisudo.
- O senhor não poderia voltar mais tarde? - perguntou o juiz, quando todos se acomodaram na sala de TV.
- Sinto muito, mas esse é um assunto sobre o qual temos que discutir.
- Mas o dr. Williams está chegando, é provável que dê um sedativo ao Rex e...
- Então é melhor irmos direto ao assunto. Olhe, sr. Juiz, sei que o senhor está apenas tentando ser gentil, mas preciso fazer o meu trabalho. Três pessoas morreram, se o senhor considerar o bebê e...
- Bebê? - Dena virou bruscamente a cabeça.
- Exatamente, sra. Buchanan. O legista deu só um relatório preliminar, é claro, mas parece que sua enteada estava grávida de alguns meses.
- Não...
Rex tombou em sua poltrona reclinável favorita e enterrou o rosto nas mãos.
- Angie, Angie. Minha filha.
Cassidy recostou-se com o corpo pesado na moldura da porta. Seus joelhos pareciam gelatina, e ela sentiu o ímpeto de vomitar ao pensar em Angie morta, sem jamais voltar a rir, sem flertar escancaradamente, sem jamais tecer comentários sobre o seu gosto duvidoso para roupas, sem jamais voltar a pedir que trançasse seus cabelos... Lágrimas escorreram silenciosamente por suas faces. Angie estava grávida; não era de se admirar que às vezes parecesse tão deprimida. A náusea tomou conta do estômago de Cassidy. Ninguém precisava dizer quem era o pai do bebê. Só podia ser Brig, assim como só podia ser ele quem estava com ela na hora do incêndio.
Não!, gritou sua mente, e ela mordeu o lábio para conter o grito.
- Não temos certeza de quem era o homem que estava com ela, mas temos algumas pistas. Bobby Alonzo e Jed Baker estão desaparecidos, assim como Brig McKenzie.
O coração de Cassidy saltou.
- McKenzie? - repetiu Dena.
- Sim, a bicicleta dele estava parada ali, perto do carro de Angie.
- Não! - gritou Cassidy, e todos os olhos na sala se viraram para ela.
- Por que não? - perguntou o xerife.
- Porque... porque... ele estava aqui mais cedo e não poderia ter tido tempo de chegar ao moinho e...
- Que porra ele estava fazendo aqui? - gritou Derrick. Ele cruzou a sala com fúria e se elevou sobre Cassidy. - Hein?
- Ele... ele estava procurando a Angie.
- Aquele insolente filho da puta!
- Pare com isso! - ordenou o xerife. - Então ele não poderia ter chegado a tempo no moinho.
- Acredito que não - disse ela, ousando respirar, nutrindo a esperança de que estivesse certa, de que ele não estivesse morto, de que ele e Angie não estivessem presentes naquele inferno tenebroso.
- Isso tudo é um monte de merda... um monte de merda fedorenta e nojenta! - vociferou Derrick, avançando para o bar e secando os olhos com o dorso da mão. Sujeira e fuligem o cobriam da cabeça aos pés. - Eu deveria tê-lo matado quando tive oportunidade.
- Derrick! - A voz alta de Rex chamou a atenção de todos. - Não quero ouvir mais nenhum absurdo!
- Há chances de que já esteja morto - disse o xerife Dodds. - A mãe dele estava lá, entoando um cântico, chorando e dizendo que havia previsto aquele incêndio com algum tipo de visão. Sabe como são as coisas com ela... Na maioria das vezes, acho que ela deveria ser internada. Enfim, pedi que a levassem para ver o dr. Ramsby. Ele abriu a clínica e é quase certo que lhe dê um tranquilizante ou algo parecido. O outro filho, Chase, está com ela. As famílias Alonzo e Baker estão preocupadíssimas.
Derrick vociferou contra o xerife.
- Escuta aqui, seu idiota! Você não está entendendo. Ele matou Angie! Só pode ter sido ele. Vi o Jed mais cedo, e ele estava sedento por sangue. McKenzie bateu nele sem piedade com um bastão de beisebol. Ele é o homem que procura, xerife, e, se o deixar escapar por entre seus dedos, todos na cidade ficarão sabendo.
- O filho de Sunny não machucaria Angie... - A voz de Rex estava debilitada e carecia de convicção.
- Ele não irá escapar - disse o xerife, embora não tenha ficado satisfeito, assim que as palavras de Derrick tomaram forma em sua mente. - Já mandei uma viatura à casa de McKenzie e tenho homens a postos em todas as estradas que levam para fora da cidade.
- Suspeita dele?
- Não sei o que pensar, e isso é tudo. Até o incidente ser esclarecido, todos são suspeitos. Inclusive você. - Seus olhos se fixaram em Derrick.
- Ótimo. Porque a verdade irá aparecer e, quando isso acontecer, espero que McKenzie seja pendurado pelas bolas.
Dena sentiu-se constrangida com a linguagem de baixo calão do enteado.
Cassidy não podia aguentar mais. A casa parecia se fechar ao seu redor. Afastou-se do corredor, onde ninguém estava prestando atenção nela, e saiu cambaleante pela porta dos fundos. Na base da escada, não conseguiu se controlar. Inclinou-se, vomitou várias vezes consecutivas, a dor latejando nas têmporas, a negação gritando em sua mente.
Secou a boca com o braço e correu para a cocheira, onde sempre buscava refúgio. Montou no lombo de Remmington e cavalgou, cavalgou, cavalgou até não poder ir mais longe, até que a dor em seu coração, de alguma forma, se esgotasse.
Dentro da cocheira, deixou-se cair, as lágrimas ofuscando sua visão, as pernas fracas demais para sustentarem o peso do corpo. Seu braço começou a doer, mas ela não deu importância, pois a dor em seu coração era muito maior do que a no pulso. Puxando a rédea com força, alcançou o portão.
- Cassidy?
- Brig? - Imaginara ouvir a voz dele, fizera-a surgir como um encanto de seu inconsciente incrédulo. Estaria ficando maluca? - Brig?
- Shh. Estou aqui. - De repente, Brig estava ao lado dela, seus braços fortes a puxando para si; seu rosto, recendendo a cinzas e fumaça, pressionou-se contra o dela.
- Você está vivo - disse ela, as palavras quase inaudíveis. Lágrimas escorreram de seus olhos. Ele estava a salvo. A salvo! - Mas como...? - Não tinha importância. Agarrou-se a ele, os dedos afundando em sua pele, os lábios se movendo com urgência sobre seu rosto encharcado pela chuva. - Achei que... Ai, meu Deus, achei que... - Então estava soluçando. Soluços vindos do fundo da alma tomaram conta dela.
Tomando-a nos braços, ele enterrou o rosto em seu pescoço. Seus músculos fortes a cercaram e, por um segundo, ela achou que tudo ficaria bem. Em seguida, o peso, o peso terrível da verdade, recaiu novamente sobre ela.
- Você... você precisa ir embora. Angie está morta.
Ele se retesou.
- Eu sei.
- E mais alguém morreu com ela.
- Baker.
- Como...? - Cassidy engoliu em seco e afastou-se dele. A fuligem manchava seu rosto, a fumaça lhe impregnava o corpo. - Como sabe?
- Eu estava lá, vi o carro deles. Mas cheguei tarde demais para salvá-los.
Ela emitiu um som contido de protesto.
- Foi o mesmo que estar no inferno - disse ele, a voz distante.
- Vão tentar dizer que foi você quem provocou o incêndio. - Tocou o arranhão acima de seu olho e tentou ignorar as dúvidas que giravam em sua mente.
- Não fui eu.
O medo disparou um alarme em seu cérebro. Tão logo descobrissem que Jed era o rapaz que estava com Angie, tão logo o xerife checasse a veracidade da história de Derrick, que Jed e Brig já haviam brigado... sua mente logo chegou a uma conclusão inevitável.
- Alguém te viu lá?
Ele a encarou no escuro, e suas mãos se curvaram nas dobras de sua blusa. Seu corpo reagiu, e ela sabia que acreditaria em qualquer coisa que ele lhe dissesse.
- Não vi ninguém.
- Você tem que partir. - Esforçou-se para dizer aquelas palavras, e sentiu-se como se morresse por dentro, pois sabia que, se ele fosse embora, nunca mais retornaria. Jamais o veria de novo, o amor que sentia por ele morreria aos poucos.
- Não vou sair correndo de algo...
- Você tem que ir! - gritou ela, desesperada por salvá-lo. - Mas não pegue a sua bicicleta... eles já a pegaram. - Sua mente já estava a quilômetros de distância, no único plano plausível. - Leve Remmington, eu direi que estava cavalgando, que ele me derrubou de novo e fugiu. Quando descobrirem que ele desapareceu, você já terá ido embora...
Um músculo se retesou em seu queixo.
- Não minta por mim.
Cassidy sentiu um nó na garganta. Isso era mesmo um adeus.
- Eu... eu terei que mentir. Caso contrário, você será preso...
- Você não tem como saber. - Mas a derrota em seus olhos lhe dizia que ela já havia adivinhado a verdade. A não ser... a não ser que... - Eu não provoquei o incêndio, Cassidy. Não importa o que toda a droga da cidade pense, mas preciso saber que você acredita em mim.
- Eu... acredito - jurou, olhando para ele com olhos ingênuos e crédulos. - Você já não sabe disso? Sempre vou acreditar em você.
Um gemido subiu pela garganta de Brig, e ele a puxou com força para ainda mais perto.
- Eu não te mereço. - Seus lábios clamaram pelos dela num beijo tão desesperado quanto brutal. - Não posso fazer isso - admitiu ele, a voz rouca. - O xerife está aqui. Irei falar com ele. Contar a verdade...
- Não, Brig. Você não está entendendo. Eles já pregaram você na cruz. Eu estava lá; eu os ouvi. Derrick contou sobre sua briga com o Jed, e eles sabem que você estava lá. O xerife precisa pôr a culpa em alguém... - Lágrimas escorreram por seu rosto, lágrimas dela ou dele, não saberia dizer, em seguida, sentiu os dedos longos e sujos de Brig se entrelaçarem em seus cabelos. - Por favor, faça isso. Salve-se. De que adiantaria ficar na prisão pelo resto da vida?
- Você não acredita em justiça?
- Em Prosperity? Com a filha de Rex Buchanan e o filho da família Baker assassinados? O que você acha?
- Nunca acreditei no sistema.
- Então vá. - Cassidy se desvencilhou dele. Seu coração batia de dor, e não conseguia levantar a sela acima do lombo de Remmington. Mas Brig a ajudou e, em questão de segundos, ela lhe entregou as rédeas molhadas. Os dedos dele se entrelaçaram aos dela por uma fração de segundo, e ela lutou uma batalha já vencida contra as lágrimas.
- Me leve com você - sussurrou e o sentiu enrijecer. - Vá para o sul de Prosperity, depois para o leste, por entre as montanhas. Eu... eu farei parecer que caí por ali.
- Esqueça isso.
- Brig, por favor... faça isso. Por mim.
Seu queixo ficou tenso, mas ele a ajudou a montar no cavalo, montando em seguida. Em silêncio, sob a chuva pesada, eles cavalgaram pelos campos, onde o ar ainda estava pesado com o cheiro denso de fumaça e o amanhecer apareceria em uma hora. A cada passada comprida do cavalo, Cassidy sabia que estava perto de nunca mais voltar a ver Brig. Sentiu os braços dele em torno de sua cintura e desejou que ele jamais a soltasse. Por fim, alcançaram o lado mais distante do campo.
- Pare aqui - disse ela. Brig puxou as rédeas para fazer Remmington parar. - É aqui... Aqui - disse ela, contorcendo-se na sela e deslizando sua corrente por cima da cabeça, antes de colocá-la no pescoço de Brig. - Para dar sorte.
Ele hesitou. Em seguida, tomou-a nos braços uma última vez. Abaixou a cabeça até o pescoço dela, seu corpo rijo tremia todo.
- Isso está errado.
- É tudo o que podemos fazer. - Ela o beijou, ignorando a pontada de dor no coração. Deslizou para o chão para vê-lo montado no cavalo que tentara domar. Em seguida, abaixou-se, pegou uma pedra e a atirou na anca de Remmington.
O cavalo relinchou e saiu em disparada, rumo às montanhas cobertas pela névoa.
- Eu amo você - sussurrou ela, percebendo que jamais o veria de novo, nunca mais ouviria sua risada, nunca mais olharia em seus olhos, mas suas palavras foram vencidas pela queda constante da chuva e pelo eco da batida dos cascos do cavalo, que foram desaparecendo aos poucos.
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O último grito
RomanceProsperity, Oregon, 1977. Um incêndio criminoso no moinho da abastada família Buchanan faz Cassidy, filha caçula de Rex Buchanan, dono da propriedade e de metade da cidade, ver sua adolescência e seu amor serem levados pelo fogo. A autoria do incênd...