Capítulo 24

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Mas eu não fui.

O modo como ela estava agindo me deixou assustado e nervoso, e não poderia seguí-la, nem por toda a curiosidade do mundo.
Não retornei à mesa do almoço, mas ouvi quando ela o fez e disse que eu me sentira indisposto e fora pro quarto. Marco e Lino perguntaram por quê, mas ela apenas disse "Eu não sei."

" - Gabriela, você não pode contar a ninguém, sim? É importante, muito importante.

Meu pai estava aflito como eu nunca vira. anos depois, quando estava caído no jardim.

- Eu sei, anjo. Não precisa se preocupar.

Disse minha mãe, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

- Preciso sim. Fui tolo quando te envolvi nisso, era meu dever proteger vocês ao máximo.

Silêncio. Eles se encararam de mãos dadas.

- Por quê não podemos sair daqui? - minha mãe disse,com a voz mais doce que ouvi, quebrando o silêncio.
-  Sabe que temos dinheiro suficiente para isso.
- Não podemos. Eu não posso. Nunca me deixariam sair, eu sou um deles. Sei mais do que a maioria, não podem correr o risco de vazar como funciona esse país.

Um carrinho bateu no meu tornozelo, fazendo um ruído seco.

- Ouviu isso? - disse a mãe - Deve ser um dos meninos.

Ela caminhou até à porta, mas quando chegou eu tinha saído correndo e sumido no corredor noturno.

Acordo de sobressalto. Não lembro de ter caído no sono, mas meu sonho não foi comum e vago, foi uma lembrança que a muito eu havia esquecido. As cores do crepúsculo entram pela minha janela, e deitado na cama como estou, vejo algo no relógio novo.
Salto da cama e vou até ele, mas a imagem sumiu. Agora são 36/2 e 20 minutos. Transformando, seis e vinte da tarde.
Transformando... dobro os joelhos, encarando o relógio, e a imagem reapareceu, mas quando me levantei sumiu. Transformar para achar o resultado.  Ah meu Deus!

Tiro o relógio da parede e o inclino a uns 45 graus com relação aos meus olhos, e lá está ela. Uma lua crescente fina e recheada de espirais, escondida no meio do relógio, mas que agora se faz clara para mim.

Corro os olhos pela sala, como se de repente tudo tivesse se iluminado. A foto com meus pais e seus amigos, aquele edifício com uma...lua atrás! Meu colar!
Minha cabeça começa a girar muito, me sinto sem ar. Corro desembestado escada abaixo e pego o telefone, subindo novamente pro meu quarto. Disco o número e aguardo sem fôlego enquando a chamada é direcionada.
- Alô?
- Alice? É o Lucas. Precisamos conversar. Que horas eu passo aí?

Antes que o tempo acabeOnde histórias criam vida. Descubra agora