2- Falsos reflexos

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Mais uma vez, na escuridão que escondia a beleza da floresta, ela se encontrava só. Imersa nas sombras. O som produzido pelas folhas, que balançavam com o vento, não eram amigáveis. 

Olhou para todos os lados, procurando uma direção iluminada, mas o único brilho que viu estava em dois olhos azuis que a encarava, sem mostrar sua identidade. O coração da garota acelerou, não era a primeira vez que via aqueles olhos. Eles não lhe eram  estranhos.

 O som de pisos fez a garota recuar. A dona daqueles olhos se aproximava, e não parecia afável. 

“Me devolva! ”

As pernas da garota foram agarrados por algo frio, ferindo seus tornozelos e a puxando para o chão. E mesmo gritando por socorro sabia que ninguém viria, pois nem ela mesma ouvia seu pedido. E enquanto agonizava, sendo puxada para debaixo da terra, a dona dos olhos azuis se aproximava, observando a cena. E ela pode ver o que aquela mulher via: a si mesmo sendo puxada.

Despertou subitamente, não conseguia mover um músculo, ou melhor, tinha medo de se mover. Encarou o teto por alguns segundos, enquanto tentava relaxar cada centímetro de seu corpo. Se sentou, na cama, devagar. Havia sonhado com algo perturbador, era a única coisa que sabia. Porque do sonho em si, não lembrava muito. 

Ouviu batidas na porta e Aqua chamar por ela, antes que pudesse responder outra coisa lhe chamara a atenção. Cipós atravessaram sua janela como balas, quebrando o vidro da parte esquerda da janela e apenas entrando pelo outro lado que estava aberta. 
A garota reagiu ao entender que aquilo a queria, e rolou na cama em direção a porta, a essa altura Aqua já havia perguntara se estava tudo bem, ao ouvir o barulho. Antes que Mary chegasse até a porta os cipós agarram seu pé esquerdo, puxando-a, o que a fez cair no chão, produzindo um só seco.

_ Mary? _ Aqua a chamou mais uma vez, forçando a porta. Viu For se aproximar, esbanjando sua espada, Aqua entendeu e se afastou. 

_ Aposto o pagamento dessa porta que Tenar acordou. _ Disse enquanto se posicionava. A servatriz da Aqua só a respondeu com um suspiro. For então guardou a espada, abrindo a porta com um chute, a outra nem tentou questionar.

                          ☆☆☆

Respirava com descontrole, enquanto estava sobre a proteção de destroços de uma casa, atravessada por raizes grossas e secas de uma árvore que também já não habitava vida. Seu corpo repreto de arranhos implorava por algo que aliviasse suas dores, pois havia sido jogado do segundo andar e golpeado por aqueles malditos cipós da servatriz, ela não tinha um pingo de piedade. Louca, fora exatamente o que dissera.

" Você é louca! Sua… Louca!"

Não iria exatamente ganhar um prêmio por melhor frase do ano, não havia pensado direito em suas palavras. Em sua defesa, pensava em quem conseguiria pensar no seu estado. E agora, depois de conseguir despista-la, e cuidava de estancar o sangue de um corte profundo feito em sua perna pelo vidro da janela, conseguia pensar em frases melhores. 

Se assustou ao ouvir barulhos de folhas, não se sentiu mais aliviada ao ver que era um pequeno animal, estava em um lugar imundo e cheia de feridas abertas, não queria nem pensar a péssima combinação que isso era. Essa no entanto passou a ser sua preocupação número dois, pois dessa vez o barulho que ouvira fora o de passos. Já havia sentindo a presença de alguém, era o que um calafrio ao menos a fez pensar. 

Aqueles passos eram leves, os de alguém que estava acostumado a se manter escondido e enboscar probres pessoas, não as de uma servatriz da terra louca e descontrolada. Levantou, se apoioando em uma das raizes, tinha certeza absoluta de quem estava ali a espreita, alguém que ela procurava sem saber bem o motivo, alguém que era incapaz de trazer de volta, como Cairo queria. 

Universo Obscuro - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora