20-Bons pesadelos

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Com a maldade percorrendo o segundo mundo cujo a culpada, segundo as histórias antigas, era Apoly, os deuses com medo de perder o ser da luz que estava sendo corrompido  pelas almas malignas que vinham até ele, resolveram extrair a parte corrompida de Lumi e a purificar, e exilar a deusa impura.

Mas já era tarde demais! Almas perdidas  continuavam  vindo e corrompendo o ser da luz. Foi então que os deuses perceberam que o mundo é que deveria ser purificado. Eles mandaram a parte que foi tirada de Lumi e purificada para o Segundo Mundo, na forma  de um homem, o primeiro mago, que deveria livrar o mundo da perdição. 

Em terra, só havia um grupo de monges capazes de se comunicar com os deuses, os monges Omagaros. Eles o avisaram, sobre o mago que iria para exterminar o mal. Os deuses confiaram o garoto ao monges, que deveriam cuidar da criança e mantê-la longe da maldade do mundo.
Foi o que os monges fizeram... Mas esqueceram que o mago agora era uma criança, um humano, que pensava e sentia, com todos seus defeitos e qualidades.

"Vocês estão criando um monstro!"

Naquela noite a criança ouvira as escondidas e chorou.

"Me desculpa, Cairo..."

"Então é isso que acham de mim?! Que sou um monstro!"

A criança perguntou inconformada, para a garotinha de pele escura e um olhar singelo a sua frente. Estavam mais uma vez a margem do rio, que era só deles.

"Não coloques palavras em minha boca. Sabes que não é isso o que penso! Somos amigos…”

Ela tentava o consolar, pegou a mão do garotinho e a levou até seu coração e em seguida ao dele.

“ Você pode escutar? Meu coração está batendo, e o seu também. Somos iguais! Se você é um monstro, eu também sou."

“Isso não prova nada”

A garotinha sorriu e se virou, ameaçando partir.

"Mary, você vai voltar?"

"Eu sempre vou voltar, prometo! E sabes que para mim promessas são mais que uma dívida... "
O sorriso da garotinha a sua frente enchia seu coração de esperança e alegria... Mas a esperança e o sorriso se transformaram em cinzas. Agora, uma distância entre os dois existia. E a bela garotinha a sua frente foi coberta por sangue e um semblante de horror e tristeza. O garotinho correu até ela. Ao se aproximar não via mais uma garotinha e sim um mulher, ele também não era mais um garoto.

"Mary?"

"Cairo, por quê?"

A mulher de longos cabelos negros chorava enquanto se agarrava ao manto do mago de cabelos ruivos, o sujando com o sangue que marcava seu corpo e seu vestido roxo. Seus olhos verdes como esmeralda encaravam o mago com pesar. 
Quando ela se transformou em cinzas, as quais o vento carregou, só o sangue que tingia seu manto, outrora branco, o lembrara que um dia ela existiu.

Uma forte batida seca despertou o mago. Ele olhou ao redor, estava no mosteiro, em seu quarto, era Cairo Omagaro, demônio que matou todos os monges por ambição. Deixou um riso escapar, sua lembrança em forma de pesadelo o lembrara de que essa não era toda a verdade. Se sentou na cama e apertou as mãos, ainda conseguia sentir o desespero, o cheiro de fogo e sangue e de sua carne sendo queimada. Isso não o incomodava, pois por trás disso tudo ainda conseguia sentir o abraço dela. Se encolheu, abraçando a si mesmo, enquanto escondia seu rosto entre os braços, as unhas cravando sua pele não o incomodava mas que o desconforto que sentia onde não era palpável. 

Mais uma batida foi ouvida  o lembrado do que havia o acordado. Ele levantou e caminhou até a porta, a abrindo dera de cara com o garoto tigre:

_ Por que você me acordou? Estava tendo um ótimo pesadelo.

Universo Obscuro - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora