O garoto sem objetivos _Especial (parte 2)

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_  Por isso que eu não sou amigo dele _ dizia um garoto olhando não tão discretamente para Yuri _ ele só atrai desgraças, primeiro o Carlos, depois o Rá e agora o Paul.

Yuri se voltou para o garoto e caminhou até ele, mantia um semblante sério, o que assustou o garoto de boca grande, o outro ao seu lado apenas se afastou:

_ O que tem o Paul?

O garoto, que aparentava ter a mesma idade de Yuri, dez anos, não respondeu pois estava assustado.

_ Diga. _ Pediu mais uma vez.

_ E-ele se machucou em uma explosão no bairro leste. Dizem que foi bem sério, e que ficou com metade do corpo com queimaduras graves... _ o medo do garoto passou ao perceber que a expressão do garotinho taxado de mau havia mudado. _ Ele está no Cod.

_ Obrigado. _ Ele disse se afastando do garoto.

Sua casa ficava no bairro leste. Talvez tivesse sido só coincidência. Paul não teria ido até sua casa, Yuri havia avisado  para ele não ir. Talvez tivesse sido realmente só um acidente.

 Quando o garotinho chegou no Cod, o lugar procurado por aqueles que não estavam bem fisicamente, encontrou o avô de Paul na recepção. Estava com o rosto carregado de preocupação, e se o garotinho fosse mais atento, teria percebido que o avô de seu amigo havia chorado.

_ Velho, _ ele se aproximou _ o Paul está bem?

_ Omagaro? _ Disse ao notar a presença do garoto. _ Ele vai ficar.

_ O que aconteceu?

O senhor cerrou os punhos e respirou fundo,  encarou o garoto na sua frente. Não queria ser rude com ele, nem tirar conclusões precipitadas do ocorrido.

_ Um acidente.

_ Posso vê-lo?_ Perguntou, sem perceber que ele não era bem-vindo ali.

_ Está escuro, volte para sua casa. Quando ele melhorar você vem aqui.

_ Tá bom.

O garotinho dera as costas se retirando. O avô de Paul estava com uma folha na mão, onde uma informação estava em destaque: Quarto 61. Yuri dera a volta pela construção circular, o jardim ao redor do Cod tinha várias árvores grandes, uma delas era bem próxima da construção.

Precisava saber se aquilo tinha sido apenas um acidente. Escalara a árvore com facilidade. Havia apenas duas janelas abertas, e uma delas parecia estar vazia, escolhera essa. A galha da árvore não ia até lá, nada que um pulo não resolvesse. Foi o que fez. 

O quarto estava realmente vazio. Saindo do quarto olhou o número na porta, 54. Andou um pouco mais pelo corredor, até encontrar o quarto 61. Abrindo a porta, confirmou que aquele era o quarto certo, pois em uma cama descansava um garoto de cabelos azuis.

Ele estava com o braço e perna direita, e o tórax, coberto por faixas. Yuri se aproximou do amigo, não estava acordado e sua respiração parecia pesada. Ele apoiou uma das mãos na cama:

_ Amanhã é seis, seu aniversário. Gane me disse que aniversários devem ser comemorados pelas pessoas que consideram o aniversariante importante. Pois foi o dia que ele passou a existir e por isso o conhecemos. Desculpa, amanhã eu não vou estar aqui, mas vai ser só dessa vez. Estarei nos próximos da família. Somos uma família, não é mesmo? Eu você a Violeta e o Velho... E a Gane também, né?

Não foi um acidente, o garotinho confirmou isso ao sentir a presença do sub de Hanayr em Paul. Já havia decidido o que iria fazer, pois tinha um motivo. Não precisava de Hanayr ou de ter que ficar naquela casa, tinha uma família de verdade. E seu lugar era ao lado deles. Família, talvez finalmente descobriria seu verdadeiro significado.

Universo Obscuro - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora