Sua cabeça balançava na escuridão, ouviu passos rápidos e despertou tão subitamente que seu corpo sofreu um espasmo. Na sua frente uma parede de velhas rochas e uma cómoda com a gaveta aberta, onde suas mãos estavam apoiadas.
Havia apagado por um momento em pé. Encarou as cicatrizes nas palmas de suas mãos, não havia faixas cobrindo a marca da negação em seu pulso. Procurou na gaveta o que precisa, faixas e luvas. As pegou e saiu do cômodo.
Seguiu seu caminho acompanhado das janelas adornadas do mosteiro, que serviam de molduras paras as belas montanhas e florestas que cercavam o lugar. Voltou a ouvir os passos ligeiros, se virou com o punho fechado, mas o pequeno pestinha saltou de outra janela e se fixou em suas costas.
— Aja! Como é bom te ver!
Yuri puxou os pequenos braços que o agarravam, até o soltar e se afastar.
— Não posso dizer o mesmo, peste.
O garotinho sentado no chão segurando os pés sorria com os olhos bem abertos.
— Assim você magoa.
— Seja bem vindo, Dimitri! Vejo que não mudou nada.
O antigo mago se juntou aos dois, aparecendo como uma sombra envolto pela sua capa e empunhando sua foice. A criança o admirou com olhos brilhando.
— Lord Cairo! — gritou se levantando em um pulo. — Você também continua legal como sempre. Tão bacana!
— Assim me deixa sem jeito.
— É que sou seu ídolo... Quer dizer, você é meu ídolo, mas se quiser posso ser seu ídolo. — Olhou alternadamente entre Cairo e Yuri. — O que estão fazendo?
— Yuri está indo atrás de Mary.
— A garota com a cicatriz? — Não deixou responderem. — Vi ela na ilha distante, que não é tão distante.
— O que ela está fazendo lá?
— Isso eu não sei, mas que têm — dizia enquanto tentava contar nos dedos, mas logo desistiu. — Muitos LAPs importantes, isso lá tinha. Não sei se viu, mas você tem muitos amigos próximo da floresta também.
— Malditos sejam os deuses! Vá logo buscar ela, Yuri. Irei a outro lugar.
Yuri não respondeu, apenas moveu as mãos formando um circulo e o buraco negro surgiu. Dimitri correu até ele, e o deumiano reagiu, puxando uma lâmina e a atravessando na testa do garoto, que parou parecendo assustado. Fungou, remexendo o nariz. Não demorou e um sorriso surgiu em seu rosto. Yuri se curvou para conseguir encarar ele na mesma altura.
— Não me toque. — Puxou a lâmina e a ferida se curou. — Não me acompanhe, você é insuportável.
— É uma qualidade para poucos. — Se gabou, suspirando irritado ao ver Yuri o deixando para trás. Se voltou para Cairo, e novamente sua expressão se iluminou. — Então, o que vamos fazer?
*****
— Estou cansada disso — dizia a dama de ferro. — Se não se entregar, vou acabar matando você!
— Por que eu me entregaria? — Brisa perguntou exaltada.
— Porque não foi você que matou os Venel, não foi você que roubou as pessoas... Se não foi você então porque não se entregar? Eu posso ajudar você.
— Não acredito.
— E em quem vai acreditar, Cairo? Ele está usando você, pelo que é. Roubou o Onre e deixou que levasse a culpa.
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Universo Obscuro - Livro 2
FantasiLivro 2 Bris é uma das poucas pessoas no universo que pode circular entre os dois mundos, através de um portal aberto por uma Aidm. Um demônio chamado Cairo Omagaro acredita que ela seja a reencarnação de Mary, uma mulher que morreu há muito temp...