46- Palavras

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Sua cabeça balançava na escuridão, ouviu passos rápidos e despertou tão subitamente que seu corpo sofreu um espasmo. Na sua frente uma parede de velhas rochas e uma cómoda com a gaveta aberta, onde suas mãos estavam apoiadas.

Havia apagado por um momento em pé. Encarou as cicatrizes nas palmas de suas mãos, não havia faixas cobrindo a marca da negação em seu pulso. Procurou na gaveta o que precisa, faixas e luvas. As pegou e saiu do cômodo.

Seguiu seu caminho acompanhado das janelas adornadas do mosteiro, que serviam de molduras paras as belas montanhas e florestas que cercavam o lugar. Voltou a ouvir os passos ligeiros, se virou com o punho fechado, mas o pequeno pestinha saltou de outra janela e se fixou em suas costas.

— Aja! Como é bom te ver!

Yuri puxou os pequenos braços que o agarravam, até o soltar e se afastar.

— Não posso dizer o mesmo, peste.

O garotinho sentado no chão segurando os pés sorria com os olhos bem abertos.

— Assim você magoa.

— Seja bem vindo, Dimitri! Vejo que não mudou nada.

O antigo mago se juntou aos dois, aparecendo como uma sombra envolto pela sua capa e empunhando sua foice. A criança o admirou com olhos brilhando.

— Lord Cairo! — gritou se levantando em um pulo. — Você também continua legal como sempre. Tão bacana!

— Assim me deixa sem jeito.

— É que sou seu ídolo... Quer dizer, você é meu ídolo, mas se quiser posso ser seu ídolo. — Olhou alternadamente entre Cairo e Yuri. — O que estão fazendo?

— Yuri está indo atrás de Mary.

— A garota com a cicatriz? — Não deixou responderem. — Vi ela na ilha distante, que não é tão distante.

— O que ela está fazendo lá?

— Isso eu não sei, mas que têm — dizia enquanto tentava contar nos dedos, mas logo desistiu. — Muitos LAPs importantes, isso lá tinha. Não sei se viu, mas você tem muitos amigos próximo da floresta também.

— Malditos sejam os deuses! Vá logo buscar ela, Yuri. Irei a outro lugar.

Yuri não respondeu, apenas moveu as mãos formando um circulo e o buraco negro surgiu. Dimitri correu até ele, e o deumiano reagiu, puxando uma lâmina e a atravessando na testa do garoto, que parou parecendo assustado. Fungou, remexendo o nariz. Não demorou e um sorriso surgiu em seu rosto. Yuri se curvou para conseguir encarar ele na mesma altura.

— Não me toque. — Puxou a lâmina e a ferida se curou. — Não me acompanhe, você é insuportável.

— É uma qualidade para poucos. — Se gabou, suspirando irritado ao ver Yuri o deixando para trás. Se voltou para Cairo, e novamente sua expressão se iluminou. — Então, o que vamos fazer?

*****

— Estou cansada disso — dizia a dama de ferro. — Se não se entregar, vou acabar matando você!

— Por que eu me entregaria? — Brisa perguntou exaltada.

— Porque não foi você que matou os Venel, não foi você que roubou as pessoas... Se não foi você então porque não se entregar? Eu posso ajudar você.

— Não acredito.

— E em quem vai acreditar, Cairo? Ele está usando você, pelo que é. Roubou o Onre e deixou que levasse a culpa.

Universo Obscuro - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora