CARTAS

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Entrei no quarto como o flash, nunca fui tão rápida em toda minha vida, peguei a primeira roupa que vi na minha frente, era um vestido amarelo de alcinha, fiquei descalço mesmo e sai do quarto, fechei a porta o mais devagar que consegui. Afinal o que ele queria, não estou afim de ouvir conversa fiada, nem nada, desci as escadas, a escada é como se fosse curvado, sabe? Como se fosse enrolada? Então! Assim mesmo! Mas que coisa... Não sei mais o que estou pensando... Parei no último degrau e o vi sentado no sofá, assim que seus olhos me avistaram ele se levantou, desci o degrau, e me aproximei do sofá, ele deu um passo á frente, e me encarou.

NATHAN: Nah eu...

Dei um passo a frente, e o cortei.

NAH: Não! Para! Não começa... Você sabe que tudo o que ensaiou na frente de um espelho, ou sei lá o que, serão desnecessários!

Ele abaixou a cabeça suspirando, deu o ultimo passo que faltava pra acabar a distância entre nós, enfiou a mão no bolso, e retirou um envelope, olhou para o envelope por alguns segundos, e voltou e o seu olhar para o meu.

NATHAN: Não se preocupe, não vim aqui com nenhum discurso ensaiado na frente do espelho, o que tenho pra falar, está guardado aqui na minha mente, a um tempo.

Ele estendeu o envelope pra mim, olhei para sua mão, e voltei meu olhar para o dele, sem ao menos triscar no envelope.

NATHAN: Você deveria ter o hábito de olhar a caixa de correio... Cabelo de corda!

Ele colocou o envelope, em cima da mesinha de centro, e olhou para mim.

NATHAN: Estou esperando ser mandado ir embora!

NAH: Estou esperando você gritar, tentar me convencer, pra depois eu te mandar ir embora!

NATHAN: Como eu te disse, não ensaio discursos na frente do espelho.

Ele se dirigiu até a porta, abriu a mesma, e se virou pra mim.

NATHAN: Até amanhã... cabelo de corda!

NAH: NÃO TENHO CABELO DE CORDA! eu acho que já ouvi isso antes... MALUCO!

Saiu e fechou a porta atrás de si, mas, o que foi isso? Ele estava calmo, e saiu sem precisar eu gritar, corri para o lado de fora, avistei ele andando, me virei para a caixa de correios e a abri.

NAH: UAU! O que é isso?!

A caixa estava cheia de cartas, com os envelopes exatamente iguais, a que ela me entregou hoje, apanhei todas elas e entrei para casa. joguei-as no sofá.

NAH: Abro? Ou não abro?

Olhei para a mesinha de centro, peguei o envelope de lá, e o abri.

(carta on):

Sei que a essa hora, você já está com todas as cartas as cartas com você, só queria fazer você ler, mas pensei melhor. As cartas estão enumeradas bem no canto, abra a número 14. -Nathan Barone.

(Carta off)

Olhei para as cartas, comecei a jogar elas de uma por uma no chão, até que encontrei a 14, olhei fixamente para aquele envelope branco, com apenas o meu nome, e um coração, e a numeração, abri o mesmo , e retire de dentro a carta.

(CARTA 14)

" Sei que está me odiando, mas preciso esclarecer as coisas, a garota que você viu, é sim a minha ex, é sim quem eu amei, e também, é a pessoa que me fez sofrer, fingi não não sentir nada por ninguém, e por um tempo realmente não senti. Porém, você apareceu, esse seu ódio por mim, me chamou atenção, sempre fui acostumado as mulheres bonitas caindo aos meus pés, e caraca , você é linda de mais, sua rejeição me encantou, te vi como um desafio, que logo você se entregaria pra mim, mas a partir do momento, em que reparei nos teus olhos, reparei a maneira abaixa a cabeça quando recebe um elogio, como olha para os pés quando está confusa, como não para de mexer no cabelo quando fica nervosa, e o quanto você é insistente quando sabe que tem razão... Sim Natália, eu reparei. Quer saber por que? Poque me apaixonei por você, e desde a conversa no sofá da sua casa, quando demos uma trégua em nossas brigas, a cada vez que você se aproximava, a minha vontade era te beijar, as vezes, eu não resistia, e tentava, mas você fugia. Então deixa eu te explicar uma coisa, demorou, demorou muito, mas eu encontrei amor de novo, e está enganada se acha que vou aceitar te perder, foram cinco anos te procurando, e agora você apareceu, só espera porque eu sei, que a gente ainda tem uma história. Eu sei que não me reconheceu, mas a terceira vez que reparei pra valer seu rosto, me lembrei daquela garotinha que usava trancinhas, e meias cumpridas, que passou as férias do fim de ano em Guarulhos... Quem sabe agora você consegue lembrar. "

- Nathan Barone.

(CARTA 14 OFF)

Meus pensamentos se embaralharão, corri pro meu quarto, entrei direto em direção a gaveta do meu armário, retirei de lá uma caixinha verde, aonde continha minhas fotos quando criança, minha mãe me deu quando vim pra cá. Comecei a vasculhar a caixinha, mexi, mexi, mexi, e encontrei o que eu queria, e nesse momento, meus queixo caiu. Era a foto de quando eu tinha sete anos, eu de vestidinho verde, trancinhas nos cabelos, e umas meias cumpridas, nos pés uma botinha preta. E do meu lado, um garotinho, do cabelo quase loiro jogado, um short jeans, com uma camiseta branca... O Nathan... eu lembro, que nesse tempo ele era minha "paixão de criança" comecei a sorri com os olhos cheios de lágrimas, quando alguém tocou a campainha. Corri para o cômodo de baixo, deve ser o Nathan, só podia ser ele, abri a porta sorrindo.

NAH: Nathan eu só quer...

XXX: Olá ... Natália.

Antes que eu pudesse responder, um cheiro forte, muito forte mesmo, invadiu minhas narinas, e tudo começou a ficar embaçado, senti a foto caindo da minha mão, e não consegui ver, nem escutar nada.

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Acordei no chão frio, de um lugar escuro, não sabia aonde estava, e nem como tinha ido parado ali, só me lembro de alguém vestido todo de preto com capuz, me dando olá, e um pano branco que me fez desmaiar, espera... Era uma voz familiar. Coloquei a mão no bolso do short que eu estava usando por debaixo do vestido, e senti o meu celular, peguei ele e liguei a lanterna, iluminando o lugar, era feio, repleto de armas nas paredes, e tinha uma porta, caminhei a até a porta, estava assustada, tentei abri a porta de vagar, mas estava trancada, voltei para o chão, e mandei para mensagem para o número que já estava na agenda... O Nathan, voltei a analisar o lugar, comecei a ouvir vozes, escondi o celular no sutiã, e me deitei no chão na mesma posição.


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