Os sonhos

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O dia já estava terminando e eu não sabia ainda de quem era filha, parece que eu iria dormir na casa de Hermes. Minha mochila estava com Annabeth, então eu fui até o chalé de Atena e bati na porta uma ou duas vezes. Antes de alguém abrir, alguém me chamou. Era Dylan.

- Filha de Atenas!? -pergunta com um sorriso no rosto.

- Não! Eu vim pegar minhas coisas, uma amiga guardou. E você!? Vai pra onde?

- Para o chalé de Hermes, como não fui reclamado vou passar a noite lá! Só que eu não sei qual é.

- Olha... Estou indo pra lá também, ele é ao lado do de Hefesto, se quiser me esperar, eu nos levo até lá, pra dormimos juntos! - DEUSES DO OLIMPO O QUE FOI QUE EU DISSE AGORA- Não! eu vou te levar até lá, não nos levar e nem pra dormimos juntos. Esquece - me virei, minhas bochechas coraram, e logo Annie abriu a porta, UFA, era ela... Ela me desejou sorte, e brincou para não deixar minha mochila aberta, me despedi.

 O  caminho todo não disse uma palavra, não acredito que dito aquilo pra ele.

- Não precisa desse jeito, eu não ligo pro que você disse, na verdade me fez rir, estava precisando depois de tudo oque ocorreu hoje. Você é divertida, gosto de você. -depois de Dylan dizer isso, sorri de lado- 

- Não sei porque disse aquilo... Bom... Chegamos. Não é legal? -disse olhando pra ele?-

- Legal? Como assim!? - perguntou enquanto entravamos no chalé, ele estava cheio, MAS COMO ESTAVA CHEIO! Era uma bagunça, pessoas por todo lado, havia gente deitada no chão, outros que estavam na fila do banheiro, tinha gente por toda parte. Era apertado.

- Estamos no chalé de Hermes! O Deus dos ladrões.

- Você é estranha, já fez a lista de suas coisas? Espero que confira toda hora, vai que alguma some. - ele disse sussurrando no meu ouvido,comecei a rir. Uma garota de olhos castanhos e cabelos curtos veio falar com nós, ela nos deu sacos de dormir e  duas blusas laranjas, era a do acampamento. Esperei a fila do banheiro ficar menor e fui tomar meu banho. Vesti meu pijama, era uma calça de moletom cinca, com um cropped pequeno que ficava por baixo de uma blusa de frio do super-homem. Deitei ao lado de onde Dylan estava e fui dormir. A noite estava sendo boa até os pesadelos chegarem. Sonhei que estava na frente de um grande lobo, com um vestido enorme ele era branco, os olhos do lobo brilhavam, e seus caninos eram enormes, estava de dia, mas era como se eu estivesse na escuridão, trovoava e os relâmpagos me cercavam, o lobo se aproximava cada vez mais, e eu tentava não me mexer. Até que ele veio em minha direção com os dentes prontos a pegarem meu pescoço, eu fechei meus olhos, e de repente eu apareço em uma caverna escura, não dava pra ver nada. Mas ai, uma luz aparece, estava longe, e eu fui em sua direção. Ela vinha de um arco-flecha, ele era de de ouro, lindo, o mais perfeito que tinha visto, não tinha flechas, elas apareciam quando você puxava a linha, eu o peguei, e no mesmo instante me vi atiranto em minha mãe, a flecha atravessou o seu corpo. Não entendia nada, minha mãe não estava ali segundos atrás. Comecei a correr desesperadamente com o arco-flecha na mão, só que ele se transformou em um violino. E continuei correndo até cair de um penhasco, logo aterrissei na água, meus olhos se fecharam, eu tinha morrido. 

 Eu acordei, me levantei bruscamente, eu suava muito, então resolvi tirar a blusa e ficar somente com o cropped, me acalmei, respirei fundo e tentei dormir. Rolei pra todos os lados, não consegui dormir. Então levantei e andei até a praia, o barulho das ondas sempre me acalmaram, sentei na areia e coloquei meus pés na água dobrando minha calça. A lua estava imensa, e ilumina muito. Dava pra ver claramente tudo. Uns minutos se passaram e eu não queria voltar, então resolvi ficar ali mais algum tempo.

-Tatuagem legal. Gosta de desenhos gregos?- era o Dylan, ele disse enquanto se sentava ao meu lado.
- Ah, eu não a fiz, ela apareceu no dia do meu aniversário de 15 anos. Ela surgiu de repente. O que você está fazendo aqui?
- Eu acordei, sonhei com um pesadelo, e não te vi, então resolvi te procurar, mas voltando ao assunto, você está falando sério? Eu também tenho uma. Surgiu quando eu fiz meu aniversário de 15 anos também - ele começou a tirar a blusa, ela era de mangas compridas não dava pra mostrar.
-O que você está fazendo? - comecei a olhar em volta, pra ter certeza de que ninguém estava vendo, assim que avistei a tatuagem, meus olhos brilharam. Eram duas lanças entrelaçadas com um A escrito em grego. Suas lanças tinham detalhes na madeira que nenhuma agulha, nem uma das mais finas poderiam fazer, eram pretas, sem nenhuma cor. Comecei a passar a mão elas pareciam pular para fora, suas linhas eram grossas, davam para ser sentidas. Uma das coisas mais impressionantes que já vi. Tirei a mão rapidamente, o que é que eu estava fazendo!? Eu estava enlouquecendo, não era possível. - D... DESCULPA.
- Não tem problema. Como você conseguiu a sua?
- Eu não quis nenhuma festa de aniversário, minha mãe estava trabalhando e eu não tinha nada pra fazer, então resolvi escrever. Escrevi um poema e uma carta pro meu pai. E passei o dia todo lendo, eu prometi a mim mesma que se um dia eu o visse, não importa as situações, eu iria entrega-la. Aí, quando eu fui tomar banho a percebi. Ninguém sabe dela, somente você e Nico, não conte a ninguém por favor.
- Jeito legal de conquistar uma tatuagem.
- E a sua? Como você a conseguiu?
- Eu era um confusão. Saia e voltava tarde, nunca avisava para onde estava indo, sempre me metia em brigas. E o Nico, me ajudava sempre a me safar. Só que neste dia não. Ele tinha que sair com a mãe, pelo menos foi o que ele me disse, e eu fui pra uma festa, não bebi muito, estava sóbrio no dia da besteira. Havia um cara brigando com uma mulher, ele iria dar um soco nela, e por impulso eu entrei na frente, e ele me acertou, eu o empurrei. E falou pra não se envolver, mas eu continuei a protege-la, e ele cuspiu na minha cara. Senti meu sangue ferver e eu o empurrei contra o balcão. Fizemos um alvoroço lá dentro. Até o dono do bar nos expulsar pra fora. As ameaças continuaram, o homem começou a falar da minha mãe, coisas horríveis, que ela era uma vadia, e outras coisas que eu prefiro nem falar. Dei um soco, e começamos a brigar de verdade, acertei ele com um chute, e ele caiu no chão, bati a cabeça dele seis vezes no chão. Ele desmaiou, ele não morreu, não fiz para matar, queria impedir que as pessoas parassem de me insultar, que elas tivessem respeito por mim, e então fui embora, todo sujo, resolvi tomar um banho, e quando tirei a blusa a tatuagem tinha aparecido.

 -Jeito legal de conseguir uma tatuagem! - falei o imitando. - Mas se isso te deixa mais tranquilo hoje quase matei um filho de Ares.

- O que!? Como você conseguiu fazer isso?

-Foi assim... -eu comecei a contar o acontecimento de hoje pra ele, e ele começou a e zuar, tocamos no assunto da quadra de vôlei, do anfiteatro, e o que  achavamos de tudo aquilo. Nem vimos o tempo passar, e um gelo se formou. Até que ele resolveu quebra-lo.

- Você acha que estas tatuagens tem algo a ver com o que nós somos!? O Quíron me contou uma história que um cara chamado Cilo que... - não o deixei terminar, comecei a completar.

- Roubou o arco-flecha de Cronos. Você acha que devemos falar pra eles sobre a tatuagem? - ele assentiu- então vamos!? Já está amanhecendo e temos que estar lá dentro.

- MAS... Antes posso ouvir o seu poema?

- Tá bom... -comecei a decifra-lo

"Pensei que fosse fácil fazer-te um poema, papai

Mas vejo que tua falta faz um poema se transformar em um grande labirinto

Fica difícil caminhar em um campo de flores

Sem ter os teus sorrisos para me alegrar

E em meio de todas as dores

Sem ter os teus braços para me acalmar 

Ó pai, sinto que esta sua saída vem alimentando de pouco a pouco, vagarosamente esta minha solidão

E que todas as noites 

Depois de uma hora de oração

Meu único desejo é contigo sonhar

E fico imaginando quando a morte clamar os pais dos adultos

Eu não poderei chorar de saudade 

Mas se eu fosse estes homens e estas mulheres eu sorriria neste dia

Pois eu te teria, e lembraria que na verdade

Estamos aqui para sonhar"

Ele sorriu, seu sorriso era limpo, ele havia gostado.

- Ele vai amar - disse enquanto se levantava e colocava a blusa novamente, eu assenti com a cabeça e voltamos para o chalé sem dizer nada deitamos e cada um virou para o seu lado.

-Boa noite.

-Boa noite.

-Charloe- Filha do OlimpoOnde histórias criam vida. Descubra agora