* O início *

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Era uma simples manhã de outono, o sol acabava de nascer, e sua luz adentrava meu quarto como se fosse o fim do mundo.

Estava paralisada em frente ao meu espelho, encarava uma realidade bruta e indiscreta, uma verdade que sempre esteve na minha cara mas eu nunca percebi. Meus olhos estavam caídos e inchados, escondendo de leve iris com heterocromia, desde pequena tinha olhos de cores diferentes, um verde e o outro azul e que mudavam de acordo com as estações, eles ficavam assim no outono, no inverno azuis, na primavera verdes e no verão, cinzas.

Ontem, não foi um dos melhores dias. Cheguei em casa mais cedo, por não ir depois da escola para o parque com Lia e Tayler, meus dois melhores amigos. Assim que cheguei em casa achei que algo estava errado.
Sempre quando chegava mais cedo ouvia a chaleira apitar, aquele barulho era irritante e o cheiro de pó de café sempre me deixava enjoada.

Minha mãe estava sentada na sala de estar, olhando fixamente para um ponto do cômodo, coloquei minha mochila em cima da bancada da cozinha com preocupação.

Minha mãe sempre foi o tipo de pessoa que só de olhar você animava. Ela se chamava Ariane, tinha 44 anos de idade, embora parecesse uns sete anos mais nova. Suas mechas eram ruivas iguais as minhas, eramos quase gêmeas, tanto na aparência quanto na forma de ser. Ficamos nos encarando, não me atrevi a dizer nada, era ela que me devia explicações.

- Preciso te explicar uma coisa.

Foi o que ela disse, me sentei ao seu lado.

- Antes que comece a dizer algo, por que eu sei que vai dizer, qero que me escute.

Assenti, não podia me atrever a ir contra ela naquele momento.

- Quando eu e o seu pai nos conhecemos e a tivemos, havia circunstâncias que nos atrapalhavam de ficar juntos, ele era grande, não digo de altura, bom... vamos dizer que ele ocupava um cargo muito grande para o mundo. Ele o coordenava junto com outros e outras igual a ele.Ele teve que partir, e ele ainda está vivo - deu uma pausa, e logo continuou, de repente se desesperou- você não está mais segura em casa e nem comigo, precisa ir!

- D...Do que você você está falando, mãe prometemos não deixar uma a outra. E como assim ele governa o mundo? Você não está bem, vai tomar um banho relaxar e vamos dormir! - falei isso levantando rapidamente, mas ela pegou a minha mão.

- Mãe, eu realmente não sei de onde você tirou esta ideia, papai morreu no dia em que eu nasci a caminho do hospital, para com isso, você não está bem, já falei que precisa de um banho?

Falei apontando para o banheiro, agora era eu que estava em desespero, odiava falar do meu pai, minha mãe também nunca me dizia mada sobre ele. Nunca vi foto, cartas, exatamente nada.

-Querida... - antes dela continuar a interrompi.

-Depois mamãe. - beijei a sua testa e subi para o quarto.

Sentei em minha cama tentando amenizar a angústia, respirava com dificuldade, sentia meu coração quase pular para fora.
Não costumava pensar em meu pai, e pensar que ele poderia estar vivo depois de 15 anos sem nunca saber nada dele? E como assim um Deus? Sempre fui com as crenças Católicas, e pra mim a mitologia grega era apenas ficção.

Batidas na porta. Minha mãe era teimosa, e nunca desistia.

- Entra. - foi a unica coisa que consegui dizer na hora.

- Deixa eu te explicar, eu sei que isso veio como uma bomba para você, então me deixe te dizer tudo, quando pequena você sempre me perguntaba por ele, só que eu não tinha nada para falar, mas agora tenho, hoje eu posso é o que eu devo fazer.

Continue a parada, me concentrando para não deixar que nenhuma lágrima descesse, principalmente por causa do desespero, apenas concordei.

- Eu sei que você é boa em mitologia, sempre te enchi e contei histórias desde pequena, para que fosse mais fácil quando isso acontecece. Eu sei que parece mentira, mas é verdade, juro para você. Em épocas passadas os deuses desciam do Olímpo para"se divertir", e foi quamdo eu conheci um. Eu não sabia que era um, era Apolo. Deus do sol, e foi um imprevisto eu te tive, no mesmo dia ele teve que ir. Nunca entendi o motivo, mas ele se foi e me deu isso. É um colar, nunca me atrevi a tirá-lo, porque segundo ele você é a garota da profecia.

Ela terminou de me contar, cada detalhe, cada dúvida,, e por fim precisei acreditar ou pelo menos fingir.



-Charloe- Filha do OlimpoOnde histórias criam vida. Descubra agora