-Charloe- Filha do Olimpo

* Collin Jack *

Minha vista estava embaçada, estava com frio, sentia um cheiro horrível, me levantei, e minha cabeça doeu. Parecia que alguém estava tentando a decepar com as próprias mãos, levei a mão na minha nuca, tinha um corte que levava até o início do meu cabelo, e estava aberto, ainda sangrava mas nem tanto. Rasguei um pedaço da minha blusa debaixo com muito custo, acabei pegando mais do que eu queria, o rasgo saiu do eixo e só tampava o meu sutiã, mas não me importava, passei o tecido pela nuca e o amarrei na frente, acho que estava chorando, não sabia, estava confusa. A dor aumentou por causa da pressão feita, pensei em prender o cabelo, mas cada movimento naquela parte causava uma dor impossível de aguentar.
Observei o lugar em que eu estava, era revestido de pedra, tinha grades, e uma janela pequena, impossível de alguém passar ali, parecia um cativeiro, observei o sol, não estava mais em cima, estava no leste, parece que 'dormi' muito, deviam ser umas seis horas. O frio não diminuiu nem um pouco, e logo percebi meu corte no braço também. Não estava grave, então ignorei. Logo na frente de onde estava tinha outra cela, com um garoto dentro. Não consegui ver quem era ao certo. Comecei a gritar, queria sair dali.
- EI!!! ME TIREM DAQUI! ALGUÉM!? ME AJUDEM! SOCORRO. EU PRECISO SAIR, POR FAVOR!!!
- Pare, eles não vão ouvir, vi você chegar ontem.
- Espera! ONTEM? Quem é você?
- Collin. Collin Jack. O que houve com você?
- Eu não me lembro. Eu estava em um restaurante, rota 72, tinha uma mulher, um balcão, eu bati minha cabeça. Onde eu estou? - Estava fraca e cai no chão de joelhos.
- Nem eu sei direito. Mas é meio que um cativeiro. Te colocam aqui, para te impedir.
- De que!?
- Eu não sei. Uma missão talvez? Qual é seu nome?
- Charloe Adams...
- A filha de Apolo!? E seus amigos? Foram pegos?
- Nã... Ei espera, como você sabe deles?
- Eu sou meio curioso.
- Mas como você sabe de mim!?
- Costumo ler. Aqui é bem entediante.
- Eu estou confusa. Estou com fome. Por que estou aqui!? E meus amigos, como eles estão? Por que você está aqui? Quem me pôs aqui!?.....
- Ei espera!!! São muitas perguntar pra mim responder. Uma de cada. Mas não agora, você deve estar com fome, foi o que me disse, antes da série de perguntas. Toma. - Ele lançou algo enrolado em um plastico. Comecei a abrir, era um bolo. UM BOLO! O devorei, era de cenoura, e tinha uma cobertura artificial em cima, o gosto era meio metálico mas estava ótimo, terminei encostando minhas costas na parede de pedra, estava gelada, senti um arrepio subir. Estava muito mal, minha cabeça estava prestes a explodir, meus olhos estavam inchados, minha boca seca, meu corpo doendo e a preocupação estava me corroendo, queria saber como estava o resto do grupo. A noite já caía e a escuridão tomava parte do lugar.
- Quando acendem a luz?
- Luz!? Que luz!? Não tem. Daqui a pouco não vai dar pra ver mais nada. Se prepare.
Deitei no chão e tentei me esquentar em um canto do lugar. Me virava pra lá e pra cá estava difícil pra conseguir dormir, fui até a pequena janela e espiei. O céu estava nublado, mas ainda dava pra ver algumas estrelas, estávamos rodeados por uma floresta, a lua estava coberta por algumas nuvens, e a luz que ela transmitia estava fraca, ouvia barulho de corujas e grilos, era assustador. Acabei escorregando, e fazendo barulho, DROGA!
- Você está acordada!?
- Perdi o sono. E você, eu te acordei?
- Ah... Eu perdi o sono a muito tempo!
- Você não está falando de hoje né!? - eu me sentei na ponta das grades.
- É... Não estou. - um silêncio cresceu. E eu acho que ficamos assim por alguns minutos, mas eu tinha uma pergunta.
- Jack! Você está aqui a quanto tempo?
- Ah..... Três anos.
- TR... Três anos?
- Humrum.
- Eu sinto muito.
- Não sinta, eu queria poder ter ajuda-la mas eles foram rápidos.
- Do que você está falando!?
- Minha irmã. Minha ex irmã na verdade. Ela era filha de Apolo, igual a você. Era a garota da profecia, só que aí... Eles a mataram. E você foi a substituta.
- E... Eu sinto muito!!! Então você é filho de Apolo?
- Não sinta. Eu aprendi a lidar. E não, não sou filho de Apolo, eu sou adotado. - Não tive palavras pra responder, só sei que iria nos tirar dali.
Deixei os pensamentos virem e logo os meus olhos pesaram.
Não demorou muito e comecei a sonhar, o sonho começou com uma forca no meio de uma floresta e... Eu. Sim, eu estava na forca. Cada vez mais roxa e sem ar. E de repente eu transformei um colar em uma faca e a cortei, cai no chão. Um lobo apareceu, o mesmo do primeiro sonho que eu tive quando ainda estava no acampamento, e ao invés de me atacar, ele estava ao meu lado, já era inverno, a floresta estava muito fria, e eu corria com dificuldade por causa da neve, e o lobo estava vindo logo atrás de mim. Eu estava com um arco-flecha na mão, nada parecido com o meu e com certeza não era o de Cronos, ele era mais bonito ainda, parecia que caçavamos algo. Quando chegamos na ponta floresta havia uma garota com um Pégaso, totalmente preto. Eu lancei uma flecha e ela desviou descendo e vindo até a mim. Mas... Ao invés de usarmos nossa armas, lutamos mão à mão. Era tão estranho, ela me soava familiar, tinha o cabelo negro, e seus olhos eram cinza, a garota me dava chutes, que logo se seguiam em socos, parece que eu não queria lutar, estava tentando dizer algo. Mesmo depois de brigaramos bastante, ponta pé pra cá e pra lá. Caímos em uma ladeira. E aí... Lá estava Cilo. Ela se ajoelhou e ele me pegou pelo pescoço. Estava sendo enforcada DE NOVO. Minha visão ficou embaçada e se via uma espécie de neblina saindo de mim. Parece que Cilo tirava algo de mim, estava ficando fraca, parece que estava perdendo a vida. Cada vez mais os segundos se transformavam em minutos. Parece que eu estava condenada a morte. Já é a segunda vez que eu sonhava com isso.
Eu acordei assustada, suava frio, procurei em minha volta, pra conferir onde estava, no mesmo lugar. O lugar ainda continuava frio, mas o sol adentrava o local com uma luz fraca, já dava pra ver a outra cela e Jack lá dentro. As celas não eram tão afastadas, o corredor que ficava entre as duas era bem pequeno, se eu estendesse meu braço e o Jack também, podíamos encostar um no outro facilmente. Ele ainda dormia, comecei a observa-lo, ele tinha dois piercings na boca e alargadores na orelha, não o imaginava assim.