Proposta :0

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Uma proposta para você...

- Bom, eu trabalho para você a menos de dois dias e você já tem uma proposta pra mim? - abro um sorriso. - Um aumento? Ficaria agradecida.

- Eduarda... É uma história bastante complicada. Eu preciso que você escute tudo sem fazer perguntas. E sem gracinhas.

- Estou escutando Ricar... Digo... Senhor Green.

- Bom, esta empresa que você trabalha era comandada pelo meu pai e o irmão dele. Depois que meu pai faleceu em um suposto acidente de carro, o meu tio Adriano passou a dirigir a empresa, mas... Ele não soube dar conta, e estávamos perdendo muito dinheiro e negócios. Então resolvi eu mesmo tomar a direção de tudo.

- Ah, que legal Ricardo. Agora você pode ir direto ao ponto? - estava prestes a gritar.

- Pode esperar, e não interromper? - ele diz. Estava bem irritado.

- Ahrg... - fiquei em silêncio
Onde será que isso vai dar? O que ele quer?

- Continuando, eu descobri recentemente que não poderei ficar na direção da empresa Green, a não ser que...

- A não ser que, o quê? O que eu tenho haver com essas coisas? Eu sou apenas uma funcionária! Não sou? - o que ele estaria tramando?

- O meu tio tem um filho, que não quer nada da vida. Gosta de sair e curtir sem nenhuma preocupação, ou seja, se a direção for tomada pelo Adriano, a empresa vai a falência e isso tudo vai piorar quando Henrique for o novo diretor.

- E o quê pretende fazer? - de curiosa eu passei a ficar preocupada. Incrivelmente não só com a empresa, mas com o meu chefe.

- Preciso de um filho, é a única salvação.

- O que? E daí!? Como assim? E porquê eu estou aqui? Você quer que eu seja sua barriga de aluguel? Você tá de brincadeira... Hoje se pode adotar crianças, ainda mais você que é rico.

- Mesmo para adotar eu precisaria estar casado... Por isso você vai me ajudar. Você foi a melhor escolha, eu estudei sua vida, Eduarda. Você não vai se arrepender.

Ele fala numa tranquilidade... Mas o quê está havendo aqui? Cadê as câmeras? Ele estudou minha vida? Hum... Acho que isso é crime!

- O quê!? Você só pode estar ficando louco, para... O que faz você achar que eu iria aceitar isso?

- Dinheiro, primeiramente. Eu sei que a sua mãe está doente, que ela trabalha duro e você quer pagar uma faculdade. Segundo, eu sou lindo, um bom partido não é? - ele sorriu para mim.

- Mas, como você ficou sabendo disso tudo? Eu não sou uma vadia!

- Não importa, não quero te ofender. Em outras palavras você me ajuda e eu ajudo você. Veja só... Eu preciso de ajuda, ninguém melhor que você, sendo jovem, esperta, bonita, inteligente... Não irá chamar atenção. Só um filho, Eduarda! Ele terá do bom e do melhor, e você também. Eu sei que foi rápido e estranho, mas é por uma boa causa.

- Eduarda... - continua ele. - Não conte isso a ninguém! MINHA VIDA ESTÁ EM PERIGO. EU NÃO POSSO BOBEAR... E SE ALGO ME ACONTECER, TODOS VÃO SABER QUE HÁ UM HERDEIRO, E VOCÊ ESTARÁ LÁ! - podia ver o desespero em seu rosto. Apesar da voz grossa, ele não estava gritando.

- Perigo? Se eu aceitar isso também estarei correndo perigo, e eu tenho apenas 20 anos! Eu não posso ter um filho de um completo estranho, louco.

- Você acha que eu estou preparado para isso? Eu tenho 28 anos... Eduarda você foi contratada para isso, não necessitamos de nenhuma nova recepcionista. - não sei o porque, mas aquilo doeu. - Eu deveria esperar mais um tempo, talvez conquistar você, não sei...mas acontece que eu não tenho tanto tempo. Por favor, você estará segura comigo.

- Meu Deus... Cadê a sua mãe, ela não ficaria no seu lugar? Não que você vá morrer... Sei que não... - eu já estou pensando na morte dele. Meu Deus.

- Minha mãe adoeceu, após a morte do meu pai. Acho que está depressiva, ela não sai de casa e não vai a empresa desde então. Ela ficaria feliz com a idéia de um neto.

- Preciso pensar! É muita coisa pra minha mente... Eu não estou preparada. Eu namoro...

- Pense... Aqui está o meu número, entre em contato comigo. Eduarda por favor, não torne tudo mais difícil. Não temos escolha. 

- Tudo bem, preciso ir... Me leve de volta, por favor... - segurando seu cartão, pego minha bolsa e ele segura minha mão e me leva até o carro. Me sento segura com ele. Nunca senti isso com o Vitor.

Na volta foi um silêncio. E eu não queria chegar junto com ele, seria motivo de comentários, então pedi para me deixar um pouco mais distante da empresa.

- Por favor Eduarda, pense. E se aceitar vamos acertar algumas coisas, não será tão... Difícil. Não deixarei que nada lhe aconteça.

- Me dê um tempo, eu tenho que pensar, tenho mesmo...tchau.

- Tchau... - disse um pouco triste.

***

Nossa, eu não entendo... Por que eu?

Tantas mulheres no mundo.

O dia passou tão devagar, eu não me concentrei nas coisas que tinha pra fazer.

No final do dia estava tudo normal. Resolvi passar na casa da tia do Vitor e pedir desculpas pelo mal comportamento.

É isso... Aconchego do meu namorado. Preciso disso! Peguei meu carro e fui até lá.

Sandra praticamente criou Vitor, pois seus pais foram para o Brasil. Eles tem uma pequena empresa lá.

A porta principal encontrava-se aberta, encostada melhor dizendo. Eu sempre ia na casa dela mesmo sem ele estar presente. Sandra era uma mulher boa, sempre muito gentil.

Caminhei pelo corredor e quando estava entrando na sala, eu o vi...
Meu Deus! Meu Deus! Por quê? Por quê!?

Vitor estava quase tirando a roupa de uma branquela azeda. Meus olhos enchem d'água.

- VITOR! EU NÃO ACREDITO! - gritei.

- Eduarda... Meu amor, não é o que você esta pensando! - ele queria se justificar.

- Cala a boca seu desgraçado... O que seria então? Como pôde!? Você vai estudar anatomia no corpo dela? - eu segurava o choro, mas por quanto tempo?

Ele vinha se aproximando de mim, então eu me afastei. Eu estava chorando, que ódio!

Ai que nojo, meu Deus!

- Vítor... Você disse que não tinha namorada! - diz a braquela. Ela não tem culpa como ele tem. Mas ainda assim, haviam quadros nossos na casa,  na sala...

- É querida, ele não tem... Não tem namorada, não mais. Faça bom proveito. - disse, saindo correndo para o meu carro.

Cheguei em casa muito rápido.
Enxuguei minhas lágrimas e respirei fundo antes de entrar em casa.

- Mãe, cheguei! - gritei, só para aliviar.

- Eduarda... - ela veio até a mim preocupada. Eu não precisei contar nada a ela saber que havia acontecido uma coisa terrível.

Corri e a abracei, como se fosse a primeira ou última vez.

- Eu estou aqui, meu amor. Chore, mas por favor seja forte querida... - ela dizia com amor.

Ah mamãe.... Dói tanto. Achei que iria me casar com ele. Pensei em dizer...

Eu estava acabada.

Logo ele? A pessoa que eu dei o meu melhor...

Ele não merece minhas lágrimas.

Mas Deus, ele sabe o que faz. 

Livrai-me do mal, lembra-se?

Me ajude Deus.

- Sinto muito, querida.

Quem sente sou eu, mamãe. Sou eu. Meu pensamento voa até Ricardo. A proposta indecente dele.

O ACORDO (LIVRO 1) FAMÍLIA GREENOnde histórias criam vida. Descubra agora