REALIDADE

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...

Eu estava numa maca, em algum quarto de hospital. Minha mente ainda não estava funcionando, por isso não lembrava...

Abri meus olhos e vagamente, ia me lembrando...

- Eduarda... - era a voz dele, Vitor! - Meu amor, eu sinto muito...

- Vitor? O que está fazendo aqui? Por favor, sai daqui... - peço ainda grogue, por conta do medicamento.

- Duda, eu sou seu namorado, vou te apoiar... Vou ficar com você. - ele sorriu.

Desgraçado!

- Minha mãe morreu Vitor! Você não é meu namorado, sai daqui... Vá comer aquela vagabunda de antes, mas por favor... Sai! - foi quando vi enfermeiros e meu chefe entrando no quarto.

- Eduarda, o que foi? - pergunta Ricardo, encarando Vitor. Ele parece perceber algo.

- Tirem ele daqui. Pelo o amor de Deus! - disse com raiva.

- Acalme-se querida. Ele disse ser seu namorado, por isso permiti que entrasse. -  disse o enfermeiro, aproximando-se de mim.

- Ele não é meu namorado, senhor... É um traidor. - disse entre os dentes.

- Tirem-no daqui. - Ricardo ergueu a voz.

- Como assim? Você deu pra ele, não foi sua vadia? Puta! Piranha... - ele encara Ricardo. - Fique com ela, playboyzinho... Eu já comi.

Eu não acreditei no que acabei de ouvir... Não conseguia nem me levantar. Mas, Ricardo por sua vez me defendeu, dando um soco na cara de Vitor, que cambaleou para trás.

- Nunca mais se refira a ela assim, porra! Nunca mais, se quiser viver! Eu posso complicar a sua vida.

- O quê? O que vocês dois tem? Andam se pegando? Não perdeu tempo né, Eduarda!?

- Vocês não são mais namorados. Vamos nos casar, vou lhe enviar o convite, seu verme. Sai agora daqui! Eu já sabia que você andava a traindo, só precisava confirmar.

- O quê? Não acredito! Você me paga Eduarda! Me paga... - ele socou a parede e foi em direção a porta.

Vitor sai do quarto e bate a porta, me assustando. Não caiu a ficha de tudo o que houve...

Estou sem mãe, sem namorado, sozinha. Começo a soluçar, e sem querer uma lágrima escorre no meu rosto. Outras e outras vem para acompanhar...

Eu só queria o abraço e colo da minha mãe. O que vou fazer agora?

- Não... Por favor, Eduarda... - Ricardo senta ao meu lado e põe minha cabeça em seu ombro, beijando minha testa. - Irei cuidar de você. Eu estou aqui, aqui ao seu lado.

- Você já fez demais por mim, não se preocupe... - falo em meio ao soluço, que não me abandonou ainda. - Eu só quero sair daqui. Você poderia chamar o médico?

- Claro, e eu me preocupo sim. Volto logo. - então ele sai, me deixando só por algum momento, para pensar no que fazer daqui em diante.

Estou sozinha. Não quero voltar pra casa, e ver que a minha mãezinha não estará lá me esperando...

Preciso resolver isso, preciso me despedir da minha mãe...

Levanto da cama hospitalar e vou ao banheiro, jogar uma água no rosto. Volto e me sento na cama para esperar o médico.

************

Após conversar com o doutor Simons sobre o procedimento da minha mãe, fomos para uma sala gelada como uma geladeira, só que de defuntos.

Pedi para deixarem eu ver minha mãe, me despedir...

- Mãe... Eu não pûde me despedir enquanto você vivia, na verdade não aproveitei nossos momentos juntas... Não fui uma boa filha, mas quero que saiba que eu a amo, não vou arrancar você do meu coração. Não mudarei nada naquela casa, pois ela me lembra você, me lembra de quando eu era pequena, o papai e você gostavam de preparar surpresas para mim ali. Brincavam comigo no jardim, você preparava bolos e tortas ao final da tarde... Assistíamos TV juntas, e dormíamos no sofá... Éramos felizes. Não vou te esquecer. Você foi a melhor mãe que Deus poderia me dar... Eu te amo.

- Ah, eu conheci meu chefe. - continuo. - Ele é realmente lindo, como você disse. Descanse em paz... - passo a mão em sua pele gelada, e guardo a gaveta outra vez.

Ao caminhar até a porta, vejo Ricardo, me olhando profundamente, sem piscar.

- Oi... - eu tento dizer, mas sai como um sussurro no escuro.

- Olá querida. Preparada? Podemos ir?

- Claro, érr... Obrigada, Ricardo... Por tudo.

- Nem pense em me agradecer outra vez, Eduarda. - em um segundo, ele pega em uma das minhas mãos e me conduz ao seu carro no estacionamento.

- Vou te levar para a minha casa, você não vai ficar sozinha.

- Não Ricardo, isso seria demais. Eu não vou aceitar, não quero ir pra sua casa... Já dei trabalho demais pra você!

- Fique quieta... Você vai, até porque não estou pedindo, já está confirmado. Você vai ficar lá.

Endireitei-me no banco e cruzei os braços como uma criança mal criada.

- Você fica linda quando está com raiva. - diz ele beijando minha bochecha. - Vamos logo porque você precisa se alimentar, e tomar um banho.

- Eu estou fedendo? É isso? - digo me cheirando.

- Não querida, mas o meu cheiro favorito é o seu perfume doce, que não está em você. Você cheira a álcool e remédios.

- Minha mãe morreu doente, mas você eu posso matar!

- Calma aí, linda. Você iria ficar viúva antes de se casar.

Viúva?

Tinha me esquecido disso. Será que é por isso que ele está sendo gentil comigo?

Não pode ser... Filho da...

Arrgg...

Não estou feliz com a morte dela, mas já sabíamos que isso iria acontecer. Não de uma hora para a outra...ela por sua vez já se conformava.

Mas e eu? O que vai ser de mim?

E ai amores e amoras?? Gente eu passei por uns maus bocados esse tempinho longe ;( Chorei, sorri, chorei de novo mas estou aqui! Não pense que esqueço de vocês não viu!!?
Vou tentar criar uma rotina de publicação!

Beijos , cheirosas!

O ACORDO (LIVRO 1) FAMÍLIA GREENOnde histórias criam vida. Descubra agora