Uma Breve historia de amor

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                Peter, Peter Longstone parou sua caminhonete na bela e abandonada vila que comprara havia dois anos. Adorava o local mas estava feliz por finalmente tê-la vendido. Sabia quando a comprou que era questão de poucos anos para ter seu capital de volta.

A pequena vila de seis casas tinha um terreno grande o suficiente para acomodar um prédio comercial. Seriam 18 andares, 32 salas por andar, ele teria 15% de todo o empreendimento. Se alugasse as salas teria o retorno em seis anos de tudo que pagou por aquelas belas e abandonadas casas, que comprou quando o outrora calmo bairro residencial começou a desvalorizar por conta da expansão comercial próxima, era aquele momento onde bairros vizinhos a grandes centros sofrem com engarrafamentos, estabelecimentos de vida noturna e pequenos assaltos.

Abriu o pesado e antiquado portão de ferro, estacionou o carro dentro da Vila, abriu o porta malas e retirou uma pesada mala de alumínio (como aquelas de instrumentos musicais) com dificuldade do carro, a depositou no chão, ergueu a alça telescópica, a inclinou e a puxou para a mais afastada das casas, as rodas da mala não deixavam sentir o quão pesado estava, pelo contrário, a puxava quase sem esforço. Abriu a casa, uma pena que aquilo tudo tivesse de ser destruído em breve, deveria ser uma boa vida morar ali tempos atrás, quando todo o bairro era apenas residencial, quando os pequenos bares cheios de pessoas saídas dos novos prédios comerciais não bebiam por ali tentando esquecer seus males, quando pequenos assaltantes não rondavam por ali, quando a vida era mais fácil para seus moradores.

Entrou na casa, não precisava ser rápido, queria curtir a sua visita, afinal, sabia que era uma das ultimas noites que passaria ali, tudo demolido, uma pena... Derrepente sentiu medo. Um medo irracional, procurou o interruptor e, quando o acendeu, uma bela morena, tão alta quanto ele, estava sentada na poltrona da sala de estar, ela riu. Peter procurou instintivamente o revolver que trazia no bolso do blazer, mas parou no caminho, a conhecia, conhecia aquela mulher.

_ Idda, o que faz aqui?

Ela sorriu, vestia um vestido longo, parecia pronta para um jantar de gala, para uma festa. Ela apenas disse:

_ Eu estava te esperando. Quero um jantar particular com você.

Ele riu, não havia percebido o quanto ela era louca. Sabia que ela flertava com ele, era um jogo, alguém querendo contratá-lo. Uma recrutadora ela havia dito... Isso deveria ser parte deste jogo. Mas o jogo havia ficado perigoso, Aquele local era seu refugio, seu templo, seu local secreto. Ela não devia estar ali.

_ Essa não é uma boa hora. E já recusei sua oferta. Sou feliz comprando e vendendo terrenos. Tenho mais que suficiente para viver.

_ Me diga, como soube que essa vilazinha pequena iria valer tanto?

_ O bairro ao lado crescia demais, ele não tinha mais lugar para expandir, tinha que crescer seguindo as rotas por onde as pessoas passam.

_ Você sempre percebe essas coisas antes de todos. Qual o acordo?

_ Como?

_ Com a construtora, qual o acordo?

_ 20%.

_ Está mentindo. Eu sei que foram 15%. Sei também que não foi um bom acordo. Você poderia ter conseguido mais salas, ninguém aqui tem um terreno tão bem localizado.

_ Só esse negôcio já vai me permitir me aposentar. Ainda vou rodar por ai e procurar boas compras, mas realmente nunca precisei de muito para viver. Não quero ser escravo de ninguem.

A Ordem NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora