1989, Março

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Um homem alto, de cabelos castanhos bem cortados, na casa de seus trinta anos se aproxima, ele veste um terno bem confortável, e, logo um jovem o recebe.

_ Sr.Rafael, muito prazer em conhecê-lo.

_ O prazer é meu Enio.

_ Por favor, venha comigo.

Rafael o segue, eles vão para a torre de pedra. Rafael não pode deixar de notar como o prédio ao lado está velho e sujo, parece que não recebe manutenção a muito tempo. 

Os dois entram na torre, Olhando para cima, Rafael vê as figura erguidas, imoveis, algumas estão lá a mais de vinte anos, o que será que eles pensam, como passam seu tempo ?

_ Impressionante não é? Venha por aqui !

Entraram por uma porta, uma sala grande, havia uma cama de casal, um banheiro, e quatro macas, todas com alguém amarrado em cima.

_ Veja o que eu preparei pro senhor !

Rafael se aproximou.

_ Nessa primeira maca, a 49, uma pele morena, deliciosa como a neve, deve ter seus vinte anos, uma delicia. Na segunda, a 26, uma ninfetinha de uns quatorze anos, linda, lhe garanto, nesta outra maca, o 78, um garotão, se quiser algo diferente... E, nessa ultima maca, a 53, ela ainda reclama quando é possuída, mesmo depois de todo esse tempo, a minha preferida.

_ Obrigado Enio.

_ Fique a vontade, estou no meu escritório.

Rafael se certifica que está sozinho, sem câmeras, vai até a 53, solta o saco com urina que está ao lado de sua maca e mergulha um pequeno bastão nele. Dois minutos depois, mergulha outro e aguarda. Satisfeito com o resultado, deita-se na cama sozinho, e dorme por algum tempo.

Algumas horas depois ele consulta seu relógio, abre a porta, vai até a sala de Enio, bate na porta, ele esta bebendo e assistindo televisão.

_ Entre, por favor ! Vamos beber comigo!

Rafael senta-se numa cadeira próxima a dele. Ele desliga a televisão, e dá um copo para Rafael, enche com um pouco de uísque, senta-se e diz :

_ E ai, gostou da despedida de solteiro ?

_ Me diverti muito, foi um dos melhores presentes que ganhei.

_ O Marcel me disse que você ia adorar. Vai se casar quando ?

_ Em quinze dias.

_ Meus parabéns, eu conheço sua futura esposa, com todo respeito, ela é linda.

Rafael riu, e bebeu um pouco.

_ Enio, eu gostaria de comprar uma de suas meninas.

_ Comprar ? Elas são prisioneiras, você sabe, não estão a venda, ninguém pode saber desse meu negocio paralelo.

_ Você sabe que isso aqui está no fim, a Mãe não quer mais esse tipo de castigo, por isso, quero comprar a 26.

_ Não ! Nunca te venderia a 26 ! Ela está aqui só tem uns dias, os pais dela são políticos conhecidos, se alguém vê o rosto dela, estou perdido !

_ Meu amigo, você sabe quem eu sou, não é ?

Enio assentiu com a cabeça.

_ Se não quiser vender a 26, que tal a outra, a 53 ?

_ Essa eu poderia vender, está aqui a tanto tempo... Mesmo assim é perigoso para mim, eu...

Rafael faz um sinal com a mão, e Enio fica quieto, Rafael escreve algo num papel e dá para ele.

_ Que tal ?

_ Não posso fazer isso, desculpe, não vou me arriscar por isso.

_ Sabe o numero 3 na frente?

_ O que tem ele?

_ Podemos trocá-lo por um cinco.

Enio dá um sorriso, bebe um pouco e diz :

_ Porque não coloca mais um zero em vez disso ?

_ Enio, sabe o que eu fazia antes de me aposentar ?

_ Todo mundo conhece sua fama.

_ Quer mesmo contrariar alguém que pode matá-lo com qualquer coisa dessa sala ?

Rafael falou isso sorrindo. Ouve um longo silencio.

_ Sr. Rafael, estamos só negociando... acha justo, alem de trocar o 3 pelo cinco, trocar o zero do lado dele por um oito ?

_ Troque o três por um seis e Coloque-a na minha mala.


Já era quase de manhã quando Rafael parou seu carro num belo vale, amanheceria em pouco tempo.

Ele abriu o pacote que Enio lhe deu, viu os documentos de Nadia, bem como suas roupas, nada lhe deu uma pista de quem ela era, nem porque estava ali.

Foi até o porta malas, o abriu, tirou Nadia de dentro dele e a colocou sentada no vale, ainda amarrada, retirou a mascara, a venda, e a mordaça, Nadia o olhava, mas não falava.

_ Seu nome é Nadia, lembra ? Deve ter alguns anos que ninguém te chama assim.

Foi até o carro, pegou um cantil e levou até ela, deu-lhe de beber, ela bebeu, mas ainda não falava.

_ Meu nome é Rafael, eu tirei você de lá, não vou levá-la de volta, não sei o que você fez para passar pelo que passou, mas, tudo acabou. Preciso de você por mais alguns dias, depois vou soltá-la, você vai decidir o que fazer.

Nadia ainda não falava, Rafael pode ver um sorriso em seu rosto a medida que o sol nascia, ele pegou seu óculos escuro e colocou no rosto dela, mas ainda não conseguiu nenhuma reação.

"Ela deve estar louca, Enio disse que ela reagia, mas, deviam ser reflexos involuntários, ninguém passa pelo que ela passou e fica sã."

_ Vou colocar você no carro, deitada no banco de trás, por favor, não grite, não quero ter de amordaçar você.

Quando ele vai pegá-la seu lábios se mexem, ela tenta falar, Rafael se aproxima e escuta, a fala dela é confusa mas ele entende mais ou menos o seguinte :

_ Que sonho lindo! Por favor Deus, não me deixe acordar dessa vez..


A Ordem NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora