1984, Janeiro

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Nadia recobrou a consciencia e tentou se levantar, sentiu que não podia mexer nem mão nem pés, tambem não via nada, estava amordaçada, e um pano cobria sua cabeça.

Tentou levantar mas bateu em algo metálico, aonde estaria ? talvez no porta malas de um carro, mas, se estivesse em um, ele estava parado.

Não conseguia se soltar, procurou por algo com suas mãos, mas nada que pudesse soltá-la estava ao seu alcance, logo, ouviu um barulho, e mãos fortes a carregaram, jogando-a sobre os ombros, sentia ser levada por um tempo, pelo barulho, soube que passaram por algumas portas, depois, foi jogada no chão, sua venda foi tirada.

A luz a incomodou, mas, a sua frente estava Gigio, um amigo de seu pai, um que trabalhava com ele. Estava cheio de hematomas por todo o corpo, estava nu, aparentemente nem conseguia se mexer, parecia nem conseguir falar.

Do lado dele, outros dois homens fortes estavam parados, e uma bela mulher, negra, alta, muito bem vestida. Ela Falou :

_ Traste imundo, essa menina é filha dele ?

Gigio não respondeu. Um dos homens tirou um pequeno punhal, enviou na coxa dele e girou.

_ É sim ! é ela ! Me perdoe Nadia, me perdoe, eu aguentei o que podia mas...

Não terminou de falar, teve a garganta cortada.

A mulher olhou para Nadia, impossível dizer, pelo seu olhar, que havia acabado de ver um assassinato, parecia que aquilo tudo era, para ela, só um aborrecimento.

_ Menina, Nadia não é ? Seu pai me roubou algo. Não posso deixar isso para lá. Preciso encontrá-lo, me diga aonde ele está, e deixo você ir.

Um dos homens tirou a mordaça dela.

_ Eu não sei senhora, por favor, meu pai nunca roubaria nada, isso é um engano, isso...

A mulher tapou-lhe a boca e disse :

_ Eu não tenho tempo para isso, quero respostas e vou tê-las. Seu amigo Gigio ali não quis me dar respostas, você quer passar o que ele passou ?

Tirou a mão da boca de Nadia, que estava aterrorizada, mas disse :

_ Senhora, por favor, meu pai não estava em casa quando eu cheguei.

_ E você não faz ideia de onde ele tenha ido ?

Nadia fazia sim, ele deveria estar escondido na casa de sua namorada, mas não quis dizer isso, teve medo pelo seu pai.

_ Não faço ideia senhora, ele... Talvez em um bar, mas, achava que ele estava com o Gigio.

_ Nenhuma namorada ?

_ Ele tinha uma, mas romperam a um tempo, ele agora passa as noites fora, não tem ninguém ao certo, sai com várias mulheres diferentes.

_ E você, convenientemente, não conhece nenhuma.

_ Ele fala que eu não devo conhecê-las, não devo ser como elas.

A mulher sorriu.

_ Tirem a verdade dela.

_ Por favor, é verdade, eu não sei, juro, ele deixou um bilhete mas eu não li. Esse homem colocou ele no bolso.

_ Isso é verdade ?

O homem entregou o envelope a ela. A mulher leu o bilhete, depois falou ao homem :

_ Havia algo mais dentro do envelope ?

O homem tirou algum dinheiro, bem mais do que o Pai de Nadia costumava deixar, e o deu a mulher.

_ Muito bem, garota. Nadia não é ? EU acredito em você. Eles vão levar você para casa.

Os homens soltaram Nadia, e iam a levando embora, mas ela viu o corpo de Gigio, derrepende, temeu pela vida de seu pai, e, num impulso se jogou aos pés da mulher e disse, chorando :

_ Por favor senhora, não faça nada com meu pai, eu lhe imploro, ele é meio inocente, não fez nada por mal, eu juro.

A mulher fez sinal para os homens não se mexerem, olhou para Nadia, segurou a cabeça dela e disse.

_ SInto muito por ele Nadia, ele me roubou e tem de pagar.

_ Eu trabalho para a senhora, faço o que a senhora quiser para pagar a divida.

_ Não é o valor Nadia, ele precisa servir de exemplo, precisa ser castigado.

_ Então me castigue no lugar dele !

A mulher ficou quieta por um tempo, depois se virou e, de costas disse.

_ Vá embora menina, não viu o que fizemos com o amigo de seu pai ?

_ Não ! Olhe para mim !

A mulher se virou, parecia furiosa.

_ Perdão senhora, perdão, mas, sem meu pai, não tenho vida, por favor, deixe ele em paz, e castigue a mim no lugar.

A mulher sorriu, mas, dessa vez, foi um sorriso triste.

_ Levem-na para Mirna. Ela vai ser uma Sonolenta. Adeus Nadia, hore por mim em suas preces.

Disse isso e foi andando.

_ E meu Pai ?

_ Ele está livre.

Nadia sorriu enquanto era levada embora, não foi amarrada, nem nada assim, foi no carro, sentada no banco de trás com os homens.

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