Bia acordou sem saber onde estava, as mãos estavam presas e ela as levantava com dificuldade, estavam acorrentadas uma a outra, com um espaço entre elas, as pernas também estavam acorrentadas, tentou mexe-las mas as correntes estavam muito pesadas, sentia uma parede de ferro nas suas costas, sentia também outras pessoas a seu lado, estava amordaçada, algo parecendo uma borracha cobria sua boca e avançava pelos seus dentes por dentro da boca, dava-lhe ânsia de vomito e a impedia de morder a língua.
Estava escuro, mas podia ouvir outras pessoas tentando se mexer. Alguns poucos minutos se passaram e uma porta se abriu, ela viu dois homens entrarem.
Com a luz que entrava através da porta, percebeu que estava em um contêiner de carga, com várias pessoas, não pode ver todas, mas eram de idades, raça e sexo variados, muitos eram jovens, a maioria, mas o grupo era variado.
Os homens que entraram foram rápidos, traziam um gancho, prenderam o gancho na corrente entre os pulsos de um dos garotos e fizeram um sinal para fora, logo, o gancho foi puxado por um cabo de aço e o garoto foi arrastado pela porta, sumindo da vista de Bia. Pode ver bem as pernas dele, cada uma acorrentada a um peso de academia. A cena era assustadora, o garoto tentava resistir, mas era inútil.
Os homens prenderam outra pessoa, e mais outra, depois saíram e demoraram uns dez minutos fora, deixando o contêiner fechado e na escuridão novamente. Logo, fizeram o mesmo, levaram quatro dessa vez. Bia ficou novamente no contêiner.
Na quarta vez que os homens entraram, ela foi a segunda a ter o gancho preso a corrente que prendia suas mãos, tentou lutar, mas foi arrastada pelo chão do contêiner para fora quando o cabo foi puxado.
Na porta do contêiner, já se sentiu ser içada do chão, os olhos demoraram a se acostumar a luz dali de fora, estava dentro da tenda, haviam várias pessoas andando de um lado para o outro, mas, ela via que o cabo a içava para cima, em uma especie de andaime com rodas, ela conhecia aquilo, uma "talha" elétrica. O pai de Cíntia (sua amiga desde o primário) trabalhava consertando tratores e escavadeiras, elas foram lá uma vez por causa de um trabalho de escola, Bia tinha ficado impressionada por que eles estavam içando um motor de quase uma tonelada, agora, ela é que estava sendo içada como uma peça.
Bia ficou pendurada, logo, dois rapazes vieram e esticaram suas pernas prendendo-as na estrutura, ela agora estava com as pernas em um "V" invertido, e as mãos erguidas acima de sua cabeça pelos pulsos, completamente esticada, era humilhante e bem desconfortável.
Podia ver que existiam vários outros andaimes como aquele, sendo empurrados, de um local ao outro, todo o chão embaixo da tenda estava coberto de plástico, pode notar isso muito bem. Nada do que fazia a permitia escapar, se debatia, tentava gritar, mas não conseguia se mexer, estava muito esticada.
As pessoas dentro das tendas pareciam ocupadas, arrastaram seu andaime a frente de dois homens, o primeiro cortou todas as suas roupas usando uma tesoura afiada mas sem ponta, o segundo a inspecionou completamente, toda a sua pele, parecia um exame médico, não falou nada para ela. Os dois agiram como se estivessem na frente de uma porta, uma parede, não a olhavam como homens olham uma mulher, pareciam nem olhar um ser humano, conversavam entre si naturalmente, amenidades, ela se sentia cada vez mais uma peça de motor.
As roupas de Bia, ou melhor, os trapos rasgados foram jogados numa pilha enorme, depois a arrastaram para frente de um grupo de cinco meninas, elas começaram a depilar Bia com cera quente, removendo todos os pelos de seu corpo, nunca Bia tinha passado por uma depilação assim, tão rápida, tão dolorosa, tão sem cuidados...
A coisa foi tão brutal que conseguiu ser mais humilhante do que dolorosa, somente não mexeram do pescoço para cima. Deram-lhe um banho com uma mangueira de alta pressão e uma esponja com o que parecia ser mais um desinfetante do que sabonete em si. Ao final, secaram-na bem e passaram um oleo pelo corpo, oleo que deixou sua pele brilhando.
Dali empurraram Bia para junto de outras pessoas presas a andaimes moveis, como ela, aos poucos, um a um a sua frente sumia pela porta da tenda, logo, voltavam com andaimes vazios, e, pelo barulho atrás de si podia imaginar que o processo continuava com outras pessoas, pois ouvia as vozes e os sons atrás de si. Viu também quando uma loira um pouquinho mais velha que ela chegou e a puseram atras dela, e, quando o rapaz a sua frente foi carregado pela porta, e não voltou, mas, o pior, é que, o que quer que acontecesse fora da tenda, aconteceria com ela em breve.
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A Ordem Negra
Mystery / ThrillerBeatriz e Nádia estão distantes no tempo e no espaço, mas suas vidas vão mudar ao entrar em contato com algumas das mais obscuras Organizações secretas que controlam o destino do nosso mundo. A história começa quando uma descobre que é herdeira de u...