2010, Setembro

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Era um muro alto, não se podia ver a casa através dele, Helena conferiu o endereço e dispensou o táxi, tocou a campainha mas ninguém a atendeu, esperou um pouco, deu a volta pela casa e percebeu que o portão da garagem estava entreaberto, se espremeu pela abertura e entrou por ela, "uma loucura" pensou, "deveria ter ligado antes", a sua bolsa ficou presa e a sua perna também, tirou a bolsa com cuidado mas arranhou a coxa num prego do portão, a meia calça rasgou e um filete de sangue escorreu. Doeu bastante.

_ Merda ! pra que eu vou fazer uma coisa dessas ? Só falta ter cachorro aqui.

Foi falar isso e perceber que, a sua frente, um enorme cachorro negro, de orelhas pontudas e corpo magro a olhava, estava quieto, parado. Helena soltou a bolsa, com calma e continuou olhando o cachorro, como ele não avançou nela, ela foi na direção dele, aos poucos, com muita coragem, acariciou a sua cabeça, sentado, ele passava de sua cintura mesmo ela usando os saltos que usava, e não sendo uma mulher pequena.

_ Você não vai me morder não é ? Você é legal.

O cachorro se levantou, e Ela continuou a acariciar-lhe a cabeça, ele num gesto rápido abocanhou a sua mão, mas com delicadeza, Helena quase teve um ataque, mas não se mexeu, ele a puxou com a boca pela mão, até que ela começou a andar o seguindo, depois de apanhar sua bolsa no chão.

O jardim era grande, bem cuidado, o cachorro a levou a porta da casa, os dois entraram, Helena ficou impressionada com o que via, um casarão de dois andares, uma gigantesca escada de mármore, a casa devia ter uns dez ou doze quarto, ela achou, na sala, uma infinidade de obras de arte, uma, em especial a chamou atenção, uma mulher de ar imponente, usando apenas uma aljava com flechas, segurava um enorme arco, quase de seu tamanho, na perna, uma faca numa bainha atada a coxa por uma tira de couro e a outra mão pousava sobre a cabeça de um enorme cão negro, muito parecido com o que a recebeu, Helena poderia dizer que eram da mesma raça, não era o mesmo cão pois o quadro datava de 1715, ambos, o cão e a mulher olhavam para a esquerda, como se fitassem uma caça ao longe. Mas o que realmente chamou a atenção dela foi como a mulher era parecida com sua mãe.

_ Gostou do quadro ?

Helena se virou, o cachorro havia sumido, mas havia uma mulher, era mais velha que ela, deveria ter mais de quarenta anos, não dava para saber a idade, não era muito alta, mas muito agradável, a voz era suave, o rosto quase brilhava.

_ Desculpe por ter entrado, eu toquei, ninguém atendeu, ai eu...

_ Resolveu invadir a minha casa ?

_ Não ! Na verdade, sim, mas, eu ia gritar por alguém da garagem, só que seu cachorro me trouxe aqui dentro, ai eu...

_ Um cachorro grande e negro ?

_ Esse.

_ Ele não é meu, se ele te trouxe você deve ser uma boa pessoa. Notei que gostou do quadro.

A mulher chegou perto, ao lado de Helena, mas fitou o quadro, Ela também se virou e ambas ficaram apreciando o quadro.

_ Adoro esse quadro também, é Artemis, ou Diana.

_ Eu havia percebido... Ela lembra muito minha mãe.

_ Sua mãe ?

_ O nome dela era Nadia, era muito bonita, parecia muito com essa mulher, fora as tatuagens, claro.

_ Sua mãe gostava de tatuagens ?

A Ordem NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora