1990, Dezembro

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Nadia estava sentada no escuro, a casa era grande, uma ampla sala, um loft sem paredes separando os ambientes, ela estava deitada num sofá de quatro lugares, e lutava contra o sono, aquele sofá era realmente confortável!

Os quartos ficavam na parte de cima, uma bela escada de marmore levava até lá, uma cozinha americana e uma mobilia moderna tornava aquela casa "um convite ao moderno e ao bom gosto".

Riu de si mesma, nunca esqueceu essa frase, que leu numa revista de decoração anos atrás, antes de se tornar uma sonolenta. Balançou a cabeça, não queria pensar nos anos perdidos, não agora.

"Uma pena ter de abandonar a minha casa" pensava Nadia, mas não podia arriscar, assim que matou Hudson, fugiu para outro país, muito arriscado voltar em casa, não sabia quem a estaria seguindo, se Rafael a achou, outros poderiam fazer o mesmo.

Tinha visto um filme em que um assassino tinha dito que para seguir nessa profissão, não poderia ter nada na vida que não pudesse abandonar. Nadia não tinha mais nada. Abandonou seu pai, sua mãe, sua filha...

Tudo havia ficado para tras, apesar de não se considerar profissional, ela realmente não se apegava a nada. Uma ideia fixa, capacidade de aprender e o dinheiro que pegou de Enio fizeram milagres no seu auto treinamento.

"Elas estão bem... Todos estão bem." A Ordem negra lhe pagava todas as contas, ganhava uma boa "pensão" que ia toda pra Ana e Helena, elas ficariam bem.

Se espreguiçou no sofá, como era bom fazer isso. sorriu para si mesma, olhando o belo teto creme, que ficava ainda mais bonito com as luzes apagadas.

Nadia se encolheu quando ouviu um barulho na porta, a maçaneta girou e um homem entrou, era quase careca, usava um óculos grosso e vestia um belo terno.

Assim que entrou, acendeu a luz da entrada, e a da cozinha, estava feliz, cantando um musica inventada na hora, algo a ver com o fim de semana, usando a melodia do trillher do mickel Jakson, enquanto dançava como um zumbi e ia jogando primeiro os sapatos, depois o paleto, a gravata e finalmente as calças pela casa.

Nadia segurou um sorrizo diante daquela cena, mas ele não percebeu ela por lá.

O homem encheu um prato com amendoins sem casca, pegou uma cerveja, ligou a tv e se sentou numa poltrona, ao lado do sofá onde Nadia estava, mas não a percebeu.

Ele estava passando os canais depressa, finalmente achou o jogo que queria, uma partida de futebol, o jogo já havia começado e ele começou a torcer, Nadia observava o quanto ele parecia ridículo assim, de cuecas, camisa social e de meias, gritando para a tv, sorriu consigo mesmo vendo como seria fácil ter essa tatuagem.

De um salto, se levantou e enfiou uma faca no peito dele, ele não teve reação, a surpresa daquela mulher se levantando de um sofá que ele achava estar vazio superou a surpresa de ser esfaqueado, caiu morto no sofá, Nadia puxou a faca, e a deixou ao lado dele.

Saiu pela porta da frente como se nada tivesse acontecido, com sua mochila nas costas, era uma pessoa comum, só um rosto na multidão.

Pegou um taxi até o proximo shoping, havia deixado seu carro ali, ia se tatuar primeiro, nesse mesmo shopping, depois iria de carro até o aeroporto, sua estada nesse país terminara.

 O proximo alvo seria uma mulher na belgica, essa sim era um desafio, ela havia se tornado esposa de um empresário, dono de um jornal e uma rede de TV, matá-la envolveria planejamento e muita observação.

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