2 - Apenas um toque

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A aula passou rapidamente, e eu, como sempre muito teimosa, não tirei os olhos do novo professor, ele perdeu o desafio, claro, pois olhou para todos os lados durante a aula, menos para mim, parecia... intrigado com alguma coisa.

Ganhei.

Quando o sinal tocou, avisando-nos de que o primeiro dia de aula havia finalmente terminado, comecei a guardar meu material despreocupadamente. Juliana aparentava estar com pressa, mas não me importei.

— Vamos, Su!

— Pode ir na frente. — Disse-lhe, e fiz sinal com a mão para que ela fosse.

A garota saiu sorrindo, obviamente havia percebido meu "plano". Quando todos os alunos já haviam saído, caminhei nervosamente até a mesa de Luca, ele continuava fechando seus livros, como se realmente não tivesse notado que eu ainda estava na sala. Então, apoiei minhas mãos em sua mesa. Ele olhou para cima.

— O que você quer? — Indagou, seu olhar era estranhamente sério.

Por alguma razão, travei, não consegui pronunciar uma palavra sequer. Na verdade, eu estava me sentindo um pouco tonta.

— Eu...

— Você...? — Levantou-se.

Encarei-o.

— Gostaria que você tomasse uma providência com relação ao que aconteceu.

O quê?! Por que eu disse isso?

Luca contornou sua mesa e parou à minha frente.

— Provavelmente, seus pais também serão chamados no colégio.

— E daí? Aquele idiota tem que levar uma punição!

Ele sorriu de lado.

— Qual é o seu nome? Na lista de chamada só há os números de vocês, creio que o sabem quando verificam suas salas antes das aulas começarem... — Comentou, como que para não dar tanta ênfase à sua pergunta.

— Você vai tomar alguma atitude? — Quis saber, mas contive meu tom de voz.

— Não sei, depende.

— De quê?

— Qual é o seu nome?

Revirei os olhos com impaciência.

— Droga! Não interessa, eu só estou pedindo que faça seu trabalho como deve!

Luca me olhou com descrença e aproximou-se, parando bem perto de mim, exalando um perfume maravilhoso... Pareceu-me muito ser hortelã. Percebi que ele era bem mais alto do que, o que me frustrou um pouco, mas mesmo assim, sustentei seu olhar, que era de completo desdém.

— Quem você pensa que é para me dizer como devo fazer meu trabalho?

Droga!

Saí da sala de aula apressadamente e dei de cara com Juliana algum tempo depois. Ela me encarou e sorriu.

— E aí? O que descobriu?

— Descobri que ele é um palhaço.

— Por quê?

— Não importa...

No portão de saída, ignorei todas as perguntas dela com relação a ele, e me despedi de forma rápida. Eu não conseguia tirar da minha mente o modo como Luca me olhara, e nem o que havia dito. O pior é que ele estava certo, eu não era ninguém, nem mesmo conseguia entender o motivo pelo qual fui falar com ele, e ainda exigir alguma coisa, eu devia ter parecido uma completa idiota. No caminho para minha casa, tentei me lembrar dos dias em que eu tinha aula de Literatura, e não tinha na terça.

Abra os olhos, Anjo (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora